John Locke

John Locke é conhecido como pai do liberalismo político e da teoria da tábula rasa. Entenda a filosofia de John Locke!

John Locke foi um filósofo inglês. Seu pensamento serviu de influência para muitos outros filósofos e configurações políticas. Sua grande contribuição foi a defesa do liberalismo político e da propriedade privada. Conheça suas principais ideias.

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Biografia

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John Locke (Wrington, 1632 – Harlow, 1704) foi um filósofo inglês conhecido como o pai do liberalismo político e do empirismo britânico, foi também um dos grandes filósofos do contrato social. Locke foi defensor da liberdade religiosa e suas principais áreas de estudo foram na política, epistemologia e na ontologia.

Ele estudou filosofia, ciências naturais e medicina em Oxford. Em 1683, foi acusado de traição junto com lorde Shaftesbury, seu mentor político e foram obrigados a se refugiar. Seu mentor era líder da oposição ao rei Carlos II no parlamento. Locke voltou à Inglaterra somente no reinado de Guilherme de Orange em 1688.

Suas principais obras são: Carta Sobre a Tolerância (1689), Ensaio Sobre o Entendimento Humano (1689/90), Dois Tratados Sobre o Governo (1689) e Pensamentos sobre a educação (1693). Foi crítico das ideias de Platão e Descartes, sobretudo o inatismo. Locke baseou sua teoria política a partir da necessidade de defender o Estado como base do contrato social e contrariou Hobbes quanto à ideia da natureza humana. Para Hobbes, o homem é bárbaro, já para Locke, existiria um reconhecimento de igualdade e liberdade que rebateria a barbárie. Por isso, suas ideias foram importantes para derrubar a monarquia absolutista inglesa.

Principais ideias de John Locke

Locke foi um filósofo importante por defender diversas ideias, dentre as quais:

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  • Crítica ao inatismo: O filósofo é conhecido pela teoria da “tábula rasa”. Em seu Ensaio Sobre o Entendimento Humano, Locke defende que a mente humana é uma “folha em branco” que vai sendo preenchida ao longo da vida. Para ele, os homens são capazes de aprender a partir da experiência, que é a fonte do conhecimento. Ou seja, só depois de ter a experiência é que a razão pode desenvolver o conhecimento racional.
  • Defesa do Estado: Como um dos filósofos contratualistas, Locke defendeu a necessidade do Estado para ser a base do contrato social. O Estado deve defender os direitos dos homens e suas propriedades. O contrato social é a relação do povo com seu governante; é uma forma de garantir que as instituições cumpram seus deveres para preservar os direitos dos homens e, em contrapartida, também uma forma dos indivíduos cumprirem seus papeis.
  • Tripartição dos poderes: O filósofo foi o primeiro a apresentar o princípio da tripartição poderes, ou seja, a subdivisão do poder estatal em três instituições, o Poder Legislativo – que é o soberano – (ou Parlamento), o Poder Judiciário (ou Tribunal) e o Poder Executivo (ou Governo).
  • Direitos naturais: Para Locke, o homem, em seu estado natural, é livre. Foi, portanto, um grande defensor da liberdade e, por isso, contrário aos sistemas absolutistas. No entanto, Locke foi um dos últimos a justificar a escravidão, sobretudo a escravidão negra. Para Locke, a escravidão ocasionada pela guerra era justificável, assim como o tráfico negreiro.
  • Defesa da tolerância: Por defender a liberdade e ser precursor da democracia liberal, Locke defendeu a liberdade e tolerância religiosas. Seus principais argumentos foram: primeiro, não é possível avaliar as afirmações de verdade a partir de pontos de vista religiosos diferentes, segundo, ainda que fosse possível estabelecer uma única religião verdadeira, o efeito de tal ato não seria o desejado, porque seria imposto por violência e a crença não deve ser subjugada pela violência e, por fim, coagir para que exista uma única religião provocaria muito mais distúrbios sociais do que se fosse permitida a variedade religiosa.
  • Defesa da propriedade: Por defender o liberalismo político, Locke também defenderá o direito à propriedade. O filósofo considera que nossa primeira propriedade é nosso corpo. O Estado deve garantir a proteção à propriedade privada.

Embora Locke tenha sido um grande defensor da liberdade e da tolerância e seu pensamento tenha sido precursor das democracias liberais e das revoluções liberais, o filósofo, além de justificar a escravidão africana, acabou servindo de base ideológica para a prática de extermínio das populações indígenas por perseguição religiosa, pois – segundo ele – o homem dito primitivo era considerado uma besta de caça, por não ter a mesma relação que os homens “civilizados” têm com o dinheiro e com a sociedade em geral.

7 frases de John Locke

Veja algumas frases de Locke que expressam seu pensamento:

  1. O homem vive livre e em paz no seu estado de natureza.
  2. Não existe nada na mente já não tenha passado pelos sentidos.
  3. Onde não há lei, não há liberdade.
  4. O homem nasce como se fosse uma folha em branco.
  5. A liberdade de um indivíduo na sociedade não deve estar subordinada a qualquer poder legislativo que não aquele estabelecido pelo consentimento na comunidade nem sob o domínio de qualquer vontade ou restrição de qualquer lei, a não ser aquele promulgado por tal legislativo conforme o crédito que lhe foi confiado.
  6. Ser livre é ter a liberdade de ditar suas ações e dispor de seus bens, e de todas as suas propriedades, de acordo com as leis regentes. Dessa forma, não ser sujeito à vontade arbitrária de outros, podendo seguir livremente a sua própria vontade.
  7. Os pais têm uma espécie de jurisdição, mesmo que temporária, sobre seus filhos após o nascimento e durante algum tempo. À medida que crescem são libertados lentamente pela idade e razão até que alcancem, sua própria liberdade sozinhos.

Nessas frases, é possível ver como Locke expressa seu pensamento, sobretudo, acerca da liberdade, seu grande tema. Pode-se ver também sua compreensão do papel do governo no contrato social.

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Esmiuçando as teorias de John Locke

Nestes vídeos, você poderá se aprofundar nas teorias de Locke, sobretudo no conceito de liberalismo e liberdade. Veja:

Para se aprofundar: Locke e seu liberalismo

Nesse vídeo, o professor Mateus Salvadori explica detalhadamente sobre a vida e a filosofia de Locke. No vídeo, o tema do liberalismo é muito bem explicado, citando a defesa contra o direito divino e a defesa do contrato social.

Sobre a Teoria do Conhecimento em Locke

No vídeo do canal Doxa e Episteme, é feito uma síntese do pensamento de Locke. O vídeo foca sobre o Ensaio sobre o Entendimento Humano, explicando de modo geral os assuntos abordados no livro e os filósofos que serão influenciados por Locke.

O contratualismo: Locke, Hobbes, Rousseau

O vídeo do canal Conceito Ilustrado mostra a concepção do contrato social para os três filósofos: Locke, Hobbes e Rousseau de forma animada e sintética.

Os vídeos complementam o conteúdo da matéria, na medida em que explicam com detalhes as principais ideias de Locke citadas na matéria. Assista com atenção!

Gostou do tema? Confira um filósofo diretamente influenciado por Locke: Immanuel Kant.

Referências

ARANHA, M. L. A., MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 4ª ed. São Paulo: Moderna, 2009.
CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ed. Ática, 2000.
LOCKE, J. Ensaio sobre o Entendimento Humano. São Paulo: Nova Cultural, 1999.

Marilia Duka
Por Marilia Duka

Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual de Maringá em 2016. Graduada em Letras Português/Francês na Universidade Estadual de Maringá em 2022.

Como referenciar este conteúdo

Duka, Marilia. John Locke. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/filosofia/john-locke. Acesso em: 16 de April de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [UNICAMP SP/2015]

Sem leis e sem Estado, você poderia fazer o que quisesse. Os outros também poderiam fazer com você o que quisessem. Esse é o “estado de natureza” descrito por Thomas Hobbes, que, vivendo durante as guerras civis britânicas (1640-60), aprendeu em primeira mão como esse cenário poderia ser assustador. Sem uma autoridade soberana não pode haver nenhuma segurança, nenhuma paz.

Fonte: LAW, Stephen. Guia Ilustrado Zahar: Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

Considere as afirmações:

I. A argumentação hobbesiana em favor de uma autoridade soberana, instituída por um pacto, representa inequivocamente a defesa de um regime político monarquista.

II. Dois dos grandes teóricos sobre o “estado de natureza”, Hobbes e Rousseau, partilham a convicção de que o afeto predominante nesse “estado” é o medo.

1. A maneira pela qual adquirimos qualquer conhecimento constitui suficiente prova de que não é inato.

(John Locke, Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Nova Cultural, 1988, p.13.)

O empirismo, corrente filosófica da qual Locke fazia parte,

a) afirma que o conhecimento não é inato, pois sua aquisição deriva da experiência.

b) é uma forma de ceticismo, pois nega que os conhecimentos possam ser obtidos.

c) aproxima-se do modelo científico cartesiano, ao negar a existência de ideias inatas.

d) defende que as ideias estão presentes na razão desde o nascimento.

A alternativa é A.
Locke, como crítico ao inatismo, afirma que nosso conhecimento vem da experiência.

2. [Mackenzie SP/2006]

2. John Locke (1632-1704) é um dos fundadores do empirismo. Atualmente, é pouco lido. Muito ganharíamos, entretanto, se nos ocupássemos novamente dos tratados sobre o governo civil, com a carta sobre a tolerância e, particularmente, com o ensaio sobre o entendimento humano.

Assinale a alternativa que apresenta um fragmento do seu pensamento.

a) O direito de propriedade é a base da liberdade humana porque todo homem tem uma propriedade que é sua própria pessoa. O governo existe para proteger esse direito.

b) Há uma busca de equilíbrio entre a autoridade do poder e a liberdade do cidadão. Para que ninguém possa abusar da autoridade, é preciso que, pela disposição das coisas, o poder detenha o poder. Daí a separação entre poderes legislativo, executivo e judiciário.

c) A organização do mundo e sua finalidade interna só se explicam pela existência de um Criador inteligente: Este mundo me espanta e não posso imaginar / Que este relógio exista e não tenha relojoeiro.

A alternativa é A.
O direito de propriedade é a base da liberdade humana porque todo homem tem uma propriedade que é sua própria pessoa. O governo existe para proteger esse direito.

3. [UEG GO/2009]

Um dos aspectos mais importantes da filosofia política de John Locke é sua defesa do direito à propriedade, que ele considerava ser algo inerente à natureza humana, uma vez que o corpo é nossa primeira propriedade. De acordo com esta perspectiva, o Estado deve

a) permitir aos seus cidadãos ter propriedade ou propriedades.

b) garantir que todos os seus cidadãos, sem exceção, tenham alguma propriedade.

c) garantir aos cidadãos a posse vitalícia de bens.

d) fazer com que a propriedade seja comum a todos os cidadãos.

A resposta correta é alternativa A.
O Estado deve permitir que seus cidadãos tenham propriedades. Não deve garantir, pois, para Locke, é o indivíduo que deve ser capaz de ter uma propriedade, cabe ao Estado o papel de garantir a proteção à propriedade.

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