O idealismo é uma corrente filosófica que está presente na filosofia desde a Antiguidade Clássica. De acordo com essas teorias metafísicas, o mundo é fundado a partir de elementos mentais, metafísicos. Desse modo, a realidade, tal como a conhecemos, é assentada na imaterialidade. Conheça as características e os principais filósofos idealistas.
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Idealismo filosófico
Primeiramente deve-se entender que o idealismo não nega a existência do mundo material. A grande questão, para esses filósofos, é a existência de um mundo imaterial, plenamente desenvolvido e perfeito. Além disso, ao pensar a formação do mundo, os pensadores idealistas consideram que o momento ideal, ou seja, o elemento imaterial, a ideia, o espírito ou uma deidade, é responsável por criar o mundo e tudo o que nele existe.
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No limite, existe a primazia da estrutura mental (consciência) em detrimento do mundo material. Esse princípio se estende para a epistemologia (o estudo do conhecimento). No idealismo, é impossível conhecer, de fato, qualquer coisa que esteja fora da mente. Apenas o conhecimento racional e lógico é realmente possível. As coisas do mundo, os fenômenos e a experiência não são instrumentos suficientemente bons para se chegar à verdade, pois são dúbios.
Características
O idealismo é uma corrente filosófica que perpassa os séculos e, ao longo da história, é possível perceber algumas características que relacionam esses teóricos.
- Existência de um mundo imaterial;
- A ideia precede o mundo material;
- A ideia ou o exercício racional como únicas formas de se conhecer a realidade;
- Entendimento de que os fenômenos da realidade não se apresentam tal como são em-si;
- Em termos éticos, compreender que as normas e a ação humana devem ser fundamentados em princípios racionais;
- Em casos de idealismo extremo: negação da existência dos objetos exteriores à subjetividade humana.
Cada filósofo idealista fundará sua teoria sobre alguns conceitos específicos, no entanto, o denominador comum é a separação do mundo em dois planos: o material e o imaterial, sendo que esse último é superior ao primeiro.
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Idealismo platônico
Platão, discípulo de Sócrates e um dos filósofos mais importantes da Antiguidade Clássica era um pensador idealista. Para ele, o mundo era dividido em duas naturezas: o mundo sensível e o mundo ideal. De acordo com Platão, o mundo sensível, também conhecido por mundo das sombras, é uma cópia imperfeita do mundo das ideias.
A única forma de se obter conhecimento verdadeiro é, para Platão, no mundo das ideias, em que o conhecimento é concebido intelectualmente. Ou seja, conhecer as ideias e as formas é o único jeito válido de se chegar à verdade. Quanto aos sentidos, Platão enuncia que eles não são confiáveis e, portanto, qualquer percepção que provenha dos sentidos é, na verdade, a cópia de uma ideia.
Idealismo alemão
O idealismo alemão foi um movimento iniciado por Immanuel Kant (1724-1804) que retomou as bases idealistas na filosofia alemã. O movimento durou do século XVIII até a metade do século XIX. Os quatro filósofos que compuseram o idealismo alemão foram: Kant, Fichte, Schelling e Hegel
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Em um primeiro momento do idealismo alemão com Kant, o postulado era de que a “coisa-em-si” era incognoscível, ou seja, não era passível de conhecimento. O que se podia conhecer eram as representações da coisa-em-si no mundo. A partir do século XIX, os pós-kantianos deixam de trabalhar o conceito de coisa-em-si e se concentram no conceito de razão e racionalidade.
- Immanuel Kant (1724-1804): ele tenta unir o racionalismo e o empirismo. Para Kant, o mundo subjetivo é o mundo das formas a priori e o mundo objetivo é o da coisa-em-si, que não pode ser conhecida em sua essência. O conhecimento não é neutro;
- Johann Gottlieb Ficthe (1762-1814): de acordo com esse filósofo, o mundo só existe pela vontade do Eu ou, ainda, pela ação do sujeito. O mundo objetivo, portanto, deriva do mundo subjetivo;
- Friedrich Wilhelm Joseph Schelling (1775-1854): para ele, o princípio fundamental do mundo é exterior ao sujeito, mas tanto o sujeito quanto a natureza compartilham o mesmo espírito;
- Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831): em Hegel, o desenvolvimento da História acontece pela própria razão ou pela realização plena do Espírito Absoluto.
Hegel
Hegel foi o mais expressivo filósofo do idealismo alemão. Para o idealismo hegeliano, a única realidade plena é aquela da natureza do Espírito Absoluto. De forma que a realidade material é, em sua concepção, um estágio que deve ser superado, rumo ao desenvolvimento do intelecto da subjetividade do homem.
A ideia de Hegel, ao desenvolver seu idealismo, é conceber a máxima potencialidade do Espírito em seu desenvolvimento pleno, estágio no qual seria possível atingir o conhecimento e a verdade, fato impossível no mundo material.
Existem outros tipos de idealismo, além do platônico e o alemão, como: idealismo dogmático (defendido por Berkeley), idealismo pluralista (defendido por Leibniz)
Qual a diferença entre idealismo e materialismo
A principal diferença entre o idealismo e o materialismo é a natureza do elemento primeiro. Ambas as correntes entendem que existe um princípio que origina o mundo. À exceção do maniqueísmo, que considera o bem e o mal como elementos constitutivos do universo, quase todas as correntes filosóficas refutam a tese de que o nada pode gerar alguma coisa, portanto, é consenso que existe um princípio que formou o universo.
A divergência entre os idealistas e os materialistas consiste em definir qual é a natureza desse princípio incausado. Para os materialistas, a matéria é o elemento eterno, que sempre existiu e deu origem ao mundo. Para os idealistas, a ideia, o espírito ou uma deidade que é o princípio incausado. É, portanto, da ideia que surge o mundo e a materialidade do real.
Em suma, os materialistas defendem que a matéria antecede a ideia; ao passo que os idealistas defendem que a ideia antecede a matéria.
Fique por dentro do idealismo
Nestes vídeos, você pode conhecer melhor a teoria de Hegel, Fichte e entender de forma mais aprofundada a diferença entre idealismo e materialismo. O idealismo vai permear as discussões, visto que todos esses filósofos tem como base primeira o elemento imaterial.
Eu puro em Fichte
No vídeo do canal do professor Mateus Salvadori, você poderá entender os conceitos da filosofia de Fichte, a partir das ideias do Eu Puro e como esse conceito se relaciona com o idealismo fichteano. Além disso, mostra a diferença do sujeito em Fichte e em Kant.
O idealismo de Hegel
No vídeo do professor Anderson, ele explica os conceitos de sujeito, ser, realidade e como a ideia de História está relacionada ao Espírito Absoluto.
Idealismo ou materialismo?
Nesse vídeo do canal Idealismo & Senso Comum, são explicadas as principais diferenças entre idealismo e materialismo. O vídeo parte da famosa questão sobre a origem das coisas. Para, a seguir, explicar as visões filosóficas.
Nessa matéria, vimos que o idealismo é a corrente filosófica que considera a primazia da ideia e tem, como principal representante, o filósofo alemão, Hegel. Gostou do tema? Conheça outra corrente filosófica, a Fenomenologia.
Referências
ARANHA, M. L. A., MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 4ª ed. São Paulo: Moderna, 2009.
CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ed. Ática, 2000.
PAPINEAU, D. Filosofia: grandes pensadores, principais fundamentos e escolas filosóficas. São Paulo: Publifolha, 2009.
Por Marilia Duka
Graduada em Filosofia pela Universidade Estadual de Maringá em 2016. Graduada em Letras Português/Francês na Universidade Estadual de Maringá em 2022.
Duka, Marilia. Idealismo. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/filosofia/idealismo. Acesso em: 13 de November de 2024.
1. [Uncisal (2011)]
No século XVIII, o filósofo Emanuel Kant formulou as hipóteses de seu idealismo transcendental. Segundo Kant, todo conhecimento logicamente válido inicia-se pela experiência, mas é construído internamente por meio das formas a priori da sensibilidade (espaço e tempo) e pelas categorias lógicas do entendimento. Dessa maneira, para Kant, não é o objeto que possui uma verdade a ser conhecida pelo sujeito cognoscente, mas sim o sujeito que, ao conhecer o objeto, nele inscreve suas próprias coordenadas sensíveis e intelectuais.
De acordo com a filosofia kantiana, pode-se afirmar que:
a) A mente humana é como uma “tabula rasa”, uma folha em branco que recebe todos os seus conteúdos da experiência.
b) Os conhecimentos são revelados por Deus para os homens.
c) Todos os conhecimentos são inatos, não dependendo da experiência.
d) Kant foi um filósofo da antiguidade.
e) Para Kant, o centro do processo de conhecimento é o sujeito, não o objeto.
A alternativa E é a correta.
De acordo com o idealismo transcendental kantiano, é o sujeito o elemento cognoscente, ou seja, aquele de onde parte o conhecimento, e não o objeto.
2.
A principal diferença entre o a filosofia idealista e a materialista é:
a) O idealismo filosófico entende que a base de criação do mundo está na ideia, ao passo que o materialismo considera a primazia dos sentimentos.
b) O idealismo científico considera a base de fundamentação do mundo como um elemento imaterial, já o materialismo considera a ideia.
c) O materialismo compreende que a matéria é o fundamento do mundo, enquanto o idealismo filosófico considera a primazia da ideia, ou do elemento imaterial.
d) O materialismo entende a realidade em sua concretude, ao passo que o idealismo científico considera os sentimentos subjetivos.
A alternativa correta é a C.
O materialismo preza pela primazia da matéria. O idealismo entende que a ideia é o fundamento de tudo.