Artigo de opinião

O artigo de opinião é um gênero textual amplamente disseminado na comunidade jornalística.

O artigo de opinião é um gênero discursivo/textual ligado à exposição de opiniões, geralmente veiculado em jornais. A seguir, você poderá estudar as características e a estrutura desse gênero, além de ver exemplos prontos e um passo a passo para planejar sua redação. Acompanhe!

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Características

O artigo de opinião é o gênero textual que mais circula socialmente e, geralmente, é o mais cobrado pelos vestibulares de várias universidades do Brasil. Conhecido pelo seu caráter argumentativo, possui uma linguagem formal de acordo com as normas gramaticais brasileiras, aborda temas variados e de extrema relevância social. As principais características desse gênero são:

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Texto Dissertativo
Texto no qual o autor opina sobre um tema, defendendo um ponto de vista próprio, utilizando argumentos lógicos e coerentes.
Como usar a vírgula na redação
Como usar a vírgula na redação? Uma dúvida para ser sanada de vez.
Texto descritivo
O texto descritivo consiste em, justamente, descrever um objeto, pessoa, lugar, momento ou situação.
  • Título criativo e chamativo;
  • Linguagem formal;
  • Uso da 3ª pessoa (objetividade) ou 1ª pessoa (subjetividade);
  • Verbos conjugados no presente do indicativo;
  • Relação de causa e efeito;
  • Ausência de marcas da oralidade;
  • Linguagem assertiva para convencer o leitor;
  • Contra-argumento que reforce o argumento;
  • Ligação dos fatos com o passado;
  • Contato com o leitor.

São várias as características que diferenciam o artigo de opinião de outros textos argumentativos, mas não se preocupe! Veremos cada uma das etapas detalhadamente a seguir.

Estrutura

O artigo de opinião se estrutura em três partes: introdução, desenvolvimento e conclusão. Cada uma dessas partes contém características importantes, como veremos em seguida a partir do texto Combate à cyberpedofilia, de Jean Ubiratan.

  • Título: o gênero possui título obrigatório e, como dito no tópico anterior, ele dever ser criativo e chamativo para incentivar a leitura do texto.
  • Combate à cyberpedofilia (Reproduzido de: Folha de Londrina)

  • Assinatura: identificação do autor do texto. Pode constar no início ou ao final do artigo.
  • Jean Ubiratan (Reproduzido de: Folha de Londrina)

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  • Introdução: refere-se à contextualização e apresentação do tema que será discutido. O autor do artigo pode optar por apresentar um contexto histórico, citar alguma música ou ditado popular e até mesmo uma notícia de jornal recente. Em seguida, é preciso expor o tema abordado e a tese, isto é, o posicionamento a ser defendido.
  • O crescente aumento da mídia sobre o combate à pedofilia via internet e a recente apresentação do deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) à embaixada americana de um documento que indica o Brasil no topo da lista de cyberpedófilos, fazem refletirmos sobre o assunto. Os dados apresentados nesse estudo são assustadores: mais de mil sites mensais são relacionados a este tipo de crime e 76% dos pedófilos do mundo estão no País. Isso demonstra, cada vez mais, que há uma necessidade iminente em divulgar meios de alertar os responsáveis sobre como impedir que algo do gênero possa acontecer simplesmente por omissão. (Reproduzido de: Folha de Londrina)

  • Desenvolvimento: após contextualizar sobre o tema e expor o ponto de vista (tese), é necessário apresentar argumentos que sustentem o posicionamento defendido. O ideal é apresentar de dois a três argumentos, cabendo até um contra-argumento que deve reforçar o último. A argumentação deve ser desenvolvida por meio de análise crítica que apresente o argumento e exemplos que o justifique e o comprove. Vale lembrar que o melhor argumento deve ser utilizado por último, a fim de convencer o leitor.
  • (ARGUMENTO 1) Uma das maiores vantagens dos atuais crimes virtuais é o anonimato. Para leigos no assunto é praticamente impossível identificar quem está do outro lado flertando com o seu filho. Isso faz com que a denúncia de casos referentes a este tema também sejam muito mais difíceis, muito em razão de não localizar quem o está fazendo. Algumas dicas e cuidados ao navegar na internet garantem uma diversão segura e mais tranqüila. Como primeira medida recomendada é o velho e bom “puxão-de-orelha”, ou seja, assumir a responsabilidade com as crianças ou os jovens, que ainda não a conhecem. (ARGUMENTO 2) Outro fator importante é quanto a disposição física do computador, pois uma localização mais pública na casa ajuda, em muito, o controle. Locais públicos responsáveis por prover acesso às pessoas como, por exemplo, em escolas ou uma lan house, é essencial que nesses lugares existam regras para o bom uso da internet. (ARGUMENTO 3) Os pais também necessitam estar informados sobre as novas ferramentas de tecnologia que possibilitam auxiliar no controle de acesso à rede. Além dos já conhecidos antivírus, existem diversos outros sistemas que mantêm o controle do que está ocorrendo no computador enquanto estão acessando a web. Saber por onde andam, com quem falam, os locais freqüentados, o que fazem, são as perguntas costumeiras realizadas pelos pais, porém esses mesmos questionamentos devem 7 ser aplicados na “vida digital” dos filhos. (Reproduzido de: Folha de Londrina)

  • Conclusão: ao finalizar, deve-se retomar a tese, posicionamento inicial assumido. Na sequência, se o autor assim desejar, apresentar uma proposta de solução.
  • Esses cuidados, com certeza, aumentam a percepção de segurança em relação aos filhos. Infelizmente, a realidade é forte e se não houver cuidados com os filhos, enquanto navegam na internet, alguém acabará os vigiando via esse meio. A dúvida é saber se as intenções dessa pessoa desconhecida são tão boas quanto as dos pais. (Reproduzido de: Folha de Londrina)

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Observações: para argumentar, é válido utilizar figuras de linguagem, como metáfora, comparação e até perguntas retóricas. O autor pode se valer de frases curtas e de efeito.

Como fazer um artigo de opinião passo a passo

Como começar um artigo de opinião?

Antes de começar a redigir o texto em si, é preciso fazer o planejamento, definindo qual é o tema a ser abordado, escolhendo o posicionamento a ser defendido (tese), enumerando os possíveis argumentos a serem utilizados e pensando em uma possível proposta de solução (o que não é obrigatório). Veja como no exemplo a seguir.

Exemplo de planejamento de um artigo de opinião

  • Tema: A intolerância religiosa no Brasil.
  • Tese: O conhecimento como forma de combate ao desrespeito às religiões.
  • Argumento 1: A multiplicidade cultural do país.
  • Argumento 2: A hegemonia cristã no país.
  • Argumento 3: A marginalidade de religiões de matriz africana.
  • Conclusão: Retomar a tese e propor, se possível, o ensino religioso que abarque todas as religiões presentes no território brasileiro nas escolas desde o Ensino Fundamental II.

Após o planejamento

Depois de fazer o planejamento, pontuando as questões a serem abordadas, faz-se necessário partir para a escrita do texto. Uma pergunta que frequentemente é feita: quantos parágrafos deve ter um artigo de opinião? O artigo pode ter de três a quatro parágrafos: um destinado à introdução e à tese; de um a dois para a argumentação e um para a conclusão. Lembre-se, porém, que o texto se situa em contexto de vestibular.

Ao escrever o primeiro rascunho, preocupe-se em pesquisar dados e informações que possam sustentar a introdução ao apresentar o tema, além de reforçar a argumentação para poder convencer o leitor. Lembre-se que, em geral, o melhor argumento deve ser apresentado por último. Ademais, revise o texto e o reescreva a fim de que a linguagem esteja de acordo com a norma culta.

Exemplos de artigos de opinião

Para aprender a fazer um bom artigo de opinião, é preciso ler exemplos, se familiarizar com estilos de escrita e verificar como são escritos. Nos textos abaixo, é possível verificar as diversas características apresentadas até agora. Note, principalmente, o uso da linguagem criativa.

“A natureza já não se defende. Vinga-se!”, por Jacir Venturi

Um dos maiores paradoxos atuais da humanidade é zelarmos tanto pela saúde e bem-estar de nossos filhos e pouco nos importamos com a qualidade de vida daqui a 30 ou 50 anos. “A terra não nos pertence. Ela foi emprestada de nossos filhos”, advertia um cacique indígena americano, há mais de um século. Ademais, torna-se insensato e irônico: nós, humanos, que nos proclamamos inteligentes, somos os únicos – os únicos – a promover o desequilíbrio natural.

Existe uma relação direta entre as agressões ao ambiente e aos cataclismos provocados pela natureza injuriada. Conforme estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU), o aquecimento global tem provocado, a cada ano, 150 mil mortes e prejuízos de 70 bilhões de dólares. Em relação a 2005, a ONU também catalogou 360 desastres ambientais, dos quais 259 foram creditados à elevação da temperatura na Terra. O agravamento foi de 20% sobre o ano anterior.

A Mãe Natureza é, a um só tempo, primitiva e nobre ao agir. É agradecida com quem a trata bem, além de ser espontaneamente dadivosa, bela e vivificante. Porém, pedagógica, ou sabe ser vingativa aos 6.5 bilhões de terráqueos: se alterarem o equilíbrio natural, eu os arruíno” – diria ela. “A sobrevivência de toda humanidade está em perigo. É o momento de sermos lúcidos. De reconhecer que chegamos ao limite do irreversível, do irreparável”, adverte o Comunicado de Paris, assinado por representantes de 40 países, reunidos em fevereiro deste ano.

Não há mais o benefício da dúvida. O ser humano é o principal indutor do efeito estufa, de furacões, tufões, secas, inundações, incêndios. De fato, a Terra lança gritos agônicos por meio dos quais clama por uma atitude não apenas compassiva, mas também pró-ativa. Não basta que haja uma consciência ambiental. Não basta condoer-se com a morte dos ursos polares. A bem da verdade, o planeta será salvo não apenas pelos governos ou ONGs nem pela nossa compaixão, mas pelas ações concretas de cada ser humano. É preciso agir. Mesmo fazendo pouco, como o fabulativo beija-flor: “era verão e o fogo crepitava feroz na floresta. Sobressaltados, os animais se dividiram. Alguns fugiram para o grande rio que permeava a floresta; outros se puseram a debelar o incêndio. Um beija-flor, nas suas idas e vindas, apanhava uma minúscula porção de água e arremessava sobre as chamas. O obeso elefante, mergulhado no rio para proteger-se do fogo, perguntou ao beija-flor:

− Meu pequeno pássaro, o que fazes? Não vês que de nada serve a tua ajuda?

− Sim, respondeu o beija-flor, mas o importante para mim é que estou fazendo a minha parte!”.

Fonte: Folha de Londrina.

“Educação: Reprovada”, por Lya Luft

Há quem diga que sou otimista demais. Há quem diga que sou pessimista. Talvez eu tente apenas ser uma pessoa observadora habitante deste planeta, deste país. Uma colunista com temas repetidos, ah, sim, os que me impactam mais, os que me preocupam mais, às vezes os que me encantam particularmente. Uma das grandes preocupações de qualquer ser pensante por aqui é a educação. Fala-se muito, grita-se muito, escreve-se, haja teorias e reclamações. Ação? Muito pouca, que eu perceba. Os males foram-se acumulando de tal jeito que é difícil reorganizar o caos.

Há coisa de trinta anos, eu ainda professora universitária, recebíamos as primeiras levas de alunos saídos de escolas enfraquecidas pelas providências negativas: tiraram um ano de estudo da meninada, tiraram latim, tiraram francês, foram tirando a seriedade, o trabalho: era a moda do “aprender brincando”. Nada de esforço, punição nem pensar, portanto recompensas perderam o sentido. Contaram-me recentemente que em muitas escolas não se deve mais falar em “reprovação, reprovado”, pois isso pode traumatizar o aluno, marcá-lo desfavoravelmente. Então, por que estudar, por que lutar, por que tentar?

De todos os modos facilitamos a vida dos estudantes, deixando-os cada vez mais despreparados para a vida e o mercado de trabalho. Empresas reclamam da dificuldade de encontrar mão de obra qualificada, médicos e advogados quase não sabem escrever, alunos de universidades têm problemas para articular o pensamento, para argumentar, para escrever o que pensam. São, de certa forma, analfabetos. Aliás, o analfabetismo devasta este país. Não é alfabetizado quem sabe assinar o nome, mas quem o sabe assinar embaixo de um texto que leu e entendeu. Portanto, a porcentagem de alfabetizados é incrivelmente baixa.

Agora sai na imprensa um relatório alarmante. Metade das crianças brasileiras na terceira série do elementar não sabe ler nem escrever. Não entende para o que serve a pontuação num texto. Não sabe ler horas e minutos num relógio, não sabe que centímetro é uma medida de comprimento. Quase a metade dos mais adiantados escreve mal, lê mal, quase 60% têm dificuldades graves com números. Grande contingente de jovens chega às universidades sem saber redigir um texto simples, pois não sabem pensar, muito menos expressar-se por escrito. Parafraseando um especialista, estamos produzindo estudantes analfabetos.

Naturalmente, a boa ou razoável escolarização é muito maior em escolas particulares: professores menos mal pagos, instalações melhores, algum livro na biblioteca, crianças mais bem alimentadas e saudáveis – pois o estado não cumpre o seu papel de garantir a todo cidadão (especialmente a criança) a necessária condição de saúde, moradia e alimentação.

Faxinar a miséria, louvável desejo da nossa presidenta, é essencial para nossa dignidade. Faxinar a ignorância – que é uma outra forma de miséria – exigiria que nos orçamentos da União e dos estados a educação, como a saúde, tivesse uma posição privilegiada. Não há dinheiro, dizem. Mas políticos aumentam seus salários de maneira vergonhosa, a coisa pública gasta nem se sabe direito onde, enquanto preparamos gerações de ignorantes, criados sem limites, nada lhes é exigido, devem aprender brincando. Não lhes impuseram a mais elementar disciplina, como se não soubéssemos que escola, família, a vida sobretudo, se constroem em parte de erro e acerto, e esforço. Mas, se não podemos reprovar os alunos, se não temos mesas e cadeiras confortáveis e teto sólido sobre nossa cabeça nas salas de aula, como exigir aplicação, esforço, disciplina e limites, para o natural crescimento de cada um?

Cansei de falas grandiloquentes sobre educação, enquanto não se faz quase nada. Falar já gastou, já cansou, já desiludiu, já perdeu a graça. Precisamos de atos e fatos, orçamentos em que educação e saúde (para poder ir a escola, prestar atenção, estudar, render e crescer) tenham um peso considerável: fora isso, não haverá solução. A educação brasileira continuará, como agora, escandalosamente reprovada.

Fonte: Veja.

Videoaulas para aprender mais sobre o artigo de opinião

Após ler sobre as várias características do artigo de opinião e conferir vários deles, vamos sedimentar o conhecimento com alguns vídeos? Abaixo, você poderá ver três videoaulas que o auxiliarão ainda mais a aprender sobre o gênero textual estudado.

Qual é a diferença entre o artigo de opinião e um editorial?

O artigo de opinião e o editorial podem causar dúvidas em relação às suas características. Veja esse vídeo e verifique quais são as diferenças e as semelhanças entre estes dois gêneros textuais.

Como fazer um artigo de opinião?

Nessa aula, você poderá ver cada passo necessário para elaborar um ótimo artigo de opinião e se dar bem nos vestibulares que solicitam o gênero.

Análise da estrutura de um artigo de opinião

Além da análise de uma artigo de opinião já feita aqui no texto, você pode conferir mais uma e sedimentar ainda mais as características desse tipo de texto.

O artigo de opinião é, portanto, um gênero textual argumentativo e amplamente disseminado na comunidade jornalística, principalmente pela sua robustez estilística. Não deixe de conferir também os tipos de redação solicitados no vestibular para arrasar nas provas!

Referências

Artigo de opinião: do ponto de vista à argumentação (2017) – Marilurdes Zanini

Leonardo Ferrari
Por Leonardo Ferrari

Graduado em Letras pela Universidade Estadual de Maringá. É professor assistente em colégio de ensino médio. Nas horas livres, dedica-se à família, aos amigos, à sétima arte e à leitura.

Como referenciar este conteúdo

Ferrari, Leonardo. Artigo de opinião. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/portugues/artigo-de-opiniao. Acesso em: 19 de April de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [UEM]

Textos de apoio disponíveis aqui.

Contexto de produção
Você é psicólogo(a), especialista em comportamento humano, e sua atual pesquisa trata da empatia. Convidado(a) a escrever para um jornal de grande circulação, você tem que defender uma necessidade urgente em nossa sociedade: a de o ser humano desenvolver a capacidade de se colocar no lugar do outro, como forma de tentar compreender seus sentimentos ou seu ponto de vista. Isso para melhorar a própria vida e transformar o mundo.

Comando de produção
A partir do contexto de produção acima apresentado, redija um ARTIGO DE OPINIÃO sobre a importância de as pessoas serem empáticas como forma de melhorar suas vidas e de transformar o mundo colocando-se no lugar do outro. Sustente sua tese apoiando-se em, pelo menos, dois argumentos. Você deverá assinar o artigo como “Colaborador” ou “Colaboradora”. Seu texto deverá ter o mínimo de 10 e o máximo de 15 linhas.

Resposta pessoal.

2. [UEM]

Textos de apoio disponíveis aqui.

Contexto de Produção
Você é estudante de graduação e, ao participar de um concurso de redação, promovido por um jornal, aberto a todos os alunos de primeiro ano da Universidade, escolhe tratar do assunto “amizade”, motivado pela leitura que fez dos textos “Amizade que termina por causa de política era amizade mesmo?” (Texto 1) e “Amigo” (Texto 2).

Comando de Produção
Considerando o contexto de produção acima apresentado, escreva um ARTIGO DE OPINIÃO sobre a manutenção (ou não) da amizade quando antigos/as amigos/as, que tomaram diferentes rumos na vida, assumem gestos políticos opostos diante de questões da sociedade. Seu ponto de vista deve ser sustentado por, no mínimo, dois argumentos. Seu artigo deve ter o mínimo de 10 e o máximo de 15 linhas. Caso haja necessidade, identifique-se APENAS como “Universitário” ou “Universitária”.

Resposta pessoal.

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