Joaquim Manuel de Macedo

Joaquim Manuel de Macedo é um dos principais autores do Romantismo no Brasil, autor de "A moreninha".

Joaquim Manuel de Macedo é um dos principais autores do Romantismo no Brasil. É muito conhecido especificamente pela produção de romances de costumes ou urbanos, como também são chamados, os quais caíram no gosto da burguesia.

Publicidade

Biografia

Retrato de Joaquim Manuel de Macedo em 1866. Fonte: Wikimedia.

Joaquim de Manuel de Macedo (1820-1882) foi médico de formação, mas não atuou na área. Dedicou-se à literatura e ao ensino. Deu aulas de História do Brasil no Colégio Pedro II, inclusive aos filhos da Princesa Isabel. Além disso, dedicou-se ao jornalismo e fundou a Revista Guanabara, com Gonçalves Dias e Manuel de Araújo Porto-Alegre.

Relacionadas

Arcadismo no Brasil
O movimento valorizava o campo, a simplicidade e resgatou elementos da cultura clássica. No Brasil, foi representado por diversos autores.
Escolas Literárias
Escolas Literárias são formas de dividir a literatura, bem como os autores, em diferentes categorias segundo suas características em comum.
Neoclassicismo
O Neoclassicismo foi um período que influenciou significativamente as manifestações artísticas, resgatando a formalidade e as formas clássicas.

Também se dedicou à militância política, sobretudo no Partido Liberal, sendo debutado provincial e geral. Como escritor, publicou cerca de 20 romances. Dentre os de maior destaque estão: A moreninha (1844), O moço loiro (1845) e A luneta mágica (1869). Escreveu ainda poemas e peças de teatro.

Características

Macedo conquistou um público leitor bastante fiel graças às suas narrativas marcadas pela comicidade ou pelo caráter sentimental. Seus romances documentaram a sociedade brasileira de sua época.

  • O autor retratou em seus romances a elite brasileira, bem como códigos de conduta por meio de suas tramas. Nesse sentido, tais obras agradaram ao gosto burguês, o que era bastante comum nos romances românticos.
  • Seus personagens eram construídos de modo caricatural, havendo um exagero na caracterização, às vezes levando à inverossimilhança. Eram estudantes, moças namoradeiras, criadas intrometidas, senhora fofoqueira, avó carinhosa etc., geralmente em um ambiente urbano, o Rio de Janeiro.
  • Além do mais, tais personagens mostravam a sociedade da época em funcionamento, seja em saraus, passeios, encontros familiares, conversas sobre política, diálogos na alcova, questões domésticas, namoros ou em situações de convenções sociais que regiam a vida de todos.
  • Desse modo, a obra de Macedo mostra-se próximo a um documento de uma época que nos permite não só compreender o passado, mas também o nosso presente tal como é. O autor era um excelente observador, capaz de produzir em tramas ficcionais uma época da história brasileira.
  • Vale ressaltar, ainda, que Joaquim Manuel de Macedo tinha como componente de suas obras o humor, levando os textos a um estado de comicidade. Além de uma dose de suspense, possibilitando o leitor experienciar emoções imprevistas que depois levaram ao clássico final feliz. O escritor mostrou-se mestre em folhetins (no Romantismo, os romances eram publicados dessa maneira), inserindo vários fios narrativos no romance que, capítulo a capítulo, finaliza com um “gancho” para dar continuidade à narrativa.

O primeiro romance de Macedo, A moreninha já denota seu profissionalismo enquanto escritor: uma narrativa ágil, de fácil entendimento, que provoca expectativa pelos próximos capítulos e representa a elite brasileira que ansiava por se ver reconhecida nas tramas. Falemos mais das obras do autor a seguir.

Principais obras

Se você ainda não leu as obras literárias de Macedo, não vai sair daqui sem conhecê-las:

Publicidade

A Moreninha

É considerado o primeiro romance romântico urbano, lançado em 1844. Sendo assim, abriu o caminho para a produção de folhetins que fizeram sucesso com a elite brasileira. O livro apresenta a história de dois jovens, Augusto e Carolina que se conhecem em uma praia durante a infância e juram amor eterno. Como prova, trocam breves (escapulários): um branco (simboliza a candura da menina) e um verde (a esperança do coração do menino).

Anos depois, Augusto já era estudante de Medicina no Rio de Janeiro e fez uma aposta com amigos: caso se apaixonasse por uma moça e esse sentimento durasse um mês, ele escreveria um romance.

Certo dia, ao visitar a avó de um colega, apaixona-se pela irmã do rapaz, Carolina, também chamada de “Moreninha”. É a mesma garota de sua infância, mas ele não a reconhece. Muitas situações complexas interferem na união dos dois, criando uma expectativa e envolvendo quem lê.

Publicidade

Por fim, Carolina mostra o breve a Augusto a fim de ajudá-lo a encontrar a menina a que jurou amor eterno e liberá-lo de sua promessa. Ao reconhecer Carolina como a menina da praia, o caminho para o final feliz está logo ali.

Adaptação cinematográfica do romance “A moreninha” (1970), dirigido por Glauco Mirko Laurelli e estrelado por Sônia Braga e David Cardoso. Fonte: IMDB.

Nesse sentido, A moreninha, um romance com pano de fundo amoroso, demonstra uma série de cenas comuns na sociedade carioca do século XIX, sobretudo no que diz respeito aos costumes e valores.

A luneta mágica

Assim como em A moreninha, nesse romance de 1869, Joaquim Manuel de Macedo faz um retrato da sociedade carioca, mais especificamente do Rio de Janeiro. Contudo, a obra literária foge do tom piegas, apresentando uma conotação de fábula com lição de moral.

Nesse romance, o bem e o mal são colocados como constituintes da humanidade, ao contar a história de Simplício. Ele tem uma grave miopia e o desejo de enxergar. Um dia, é levado a Reis, homem que produz lentes, no entanto, de nada servem.

Diante disso, o jovem vai até um homem misterioso chamado de mágico, vindo da Armênia. As lentes produzidas por tal sujeito são poderosas, ele avisa: se olhasse uma pessoa ou objeto por mais de três minutos, seria possível ver o mal.

Simplício aceita a luneta mágica, sem dar muita atenção ao que disse o homem. E ao ver o mal nas pessoas, o jovem acaba se tornando muito sozinho e visto como louco. Recupera-se a não usar mais a tal objeto. No entanto, tempos depois, o mesmo mágico lhe apresenta uma segunda luneta, que trará a visão do bem após três minutos.

Ao ver só a bondade das pessoas, acaba sendo vítima de trapaceiros e aproveitadores. Simplício acaba tendo desavenças com a família e sai de casa. Vaga sem rumo, até que se torna vítima novamente de sua visão do bem e toma uma decisão radical, contrária a tudo que se esperava.

Outras obras de Joaquim Manuel de Macedo

  • O Moço Louro (1845)
  • O Forasteiro (1855)
  • Memórias da Rua do Ouvidor (1878)

Agora que você aprendeu sobre algumas obras de Macedo, que tal assistir alguns vídeos a respeito do autor e sua produção romântica?

Vídeos sobre romance urbano e produção literária de Macedo

A seguir, assista aos vídeos para aprofundar seus conhecimentos acerca do romance urbano, a literatura produzida por Joaquim Manuel de Macedo e os folhetins no Romantismo.

Romance Urbano no Romantismo

Conheça melhor a prosa romântica no Brasil, sobretudo o romance urbano, aquele escrito por Joaquim Manuel de Macedo.

A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo

Confira uma análise de A moreninha, romance urbano de Macedo.

Folhetins no Romantismo

Se você ainda não sabe o que são os folhetins e como os romances eram publicados no Romantismo, não perca este vídeo

.

Esperamos ter ajudado na compreensão da produção literária de Joaquim Manuel de Macedo no Romantismo brasileiro. Para saber mais sobre esse período da literatura, acesse também a matéria acerca do Romantismo no Brasil.

Referências

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura Brasileira: tempos, leitores e leituras. São Paulo: Moderna, 2005.
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 2006.
MACEDO, Joaquim Manuel de. A moreninha. São Paulo: Ática, 1982.
______. A luneta mágica. São Paulo: Ática, 1990.

Estela Santos
Por Estela Santos

Doutoranda em Letras - Estudos Literários (UEM), professora, redatora e mediadora do #LeiaMulheres - Maringá.

Como referenciar este conteúdo

Santos, Estela Pereira dos. Joaquim Manuel de Macedo. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/literatura/joaquim-manuel-de-macedo. Acesso em: 13 de December de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [UFP]

Em linhas gerais, o romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, é:
a) o relato de uma história de fidelidade ao amor de infância, na sociedade brasileira do século XIX.
b) a crônica de um caso amoroso ocorrido em fins do século XVII nas imediações do Rio de Janeiro.
c) uma história baseada no problema da escravidão, na sociedade brasileira do Segundo Império.
d) a história dramática de uma heroína às voltas com um amor impossível.
e) uma história que mostra a oposição Roça/Corte no século passado, através de um episódio amoroso.

Resposta correta: A

O romance A Moreninha se passa no Brasil, no século XIX. Trata-se de uma história de amor que nasceu na infância. Em meio a tudo isso, mostra-se condutas ideais desse período da história brasileira, nas quais a classe média em ascensão deveria se pautar.

2. [UFPI]

Sobre o romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, leia o trecho reproduzido e responda à questão seguinte.

“Entre os rapazes, porém, há um que não está absolutamente satisfeito: é Augusto. Será porque no tal jogo da palhinha tem por vezes ficado viúvo?… não! ele esperava isso como castigo da sua inconstância. A causa é outra: a alma da ilha de … não está na sala! Augusto vê o jogo ir seguindo o seu caminho muito em ordem; não se rasgou ainda nenhum lenço, Filipe ainda não gritou com a dor de nenhum beliscão, tudo se faz em regra e muito direito; a travessa, a inquieta, a buliçosa, a tentaçãozinha não está aí: D. Carolina está ausente!…
Com efeito, Augusto, sem amar D. Carolina, (ele assim o pensa) já faz dela ideia absolutamente diversa da que fazia ainda há poucas horas. Agora, segundo ele, a interessante Moreninha é, na verdade, travessa, mas a cada travessura ajunta tanta graça, que tudo se lhe perdoa. D. Carolina é o prazer em ebulição; se é inquieta e buliçosa, está em sê-lo a sua maior graça; aquele rosto moreno, vivo e delicado, aquele corpinho, ligeiro como abelha, perderia metade do que vale, se não estivesse em contínua agitação. O beija-flor nunca se mostra tão belo como quando se pendura na mais tênue flor e voeja nos ares; D. Carolina é um beija-flor completo”.
MACEDO, Joaquim Manuel de. A Moreninha. L&PM: Porto Alegre, 2001.p. 123-124.

A única alternativa incorreta sobre a obra e o trecho lidos é:
a. O cotidiano burguês do século XIX é apresentado em diversos capítulos, detalhando os hábitos e costumes da época.
b. A comparação de D. Carolina a um beija-flor é um recurso estilístico próprio do Romantismo, e serve para enfatizar o caráter idealizador sobre a figura feminina.
c. A inquietação de Augusto é causada pela ausência de D. Carolina, e não pelo fato de o jogo estar monótono.
d. Augusto começa a enxergar a jovem D. Carolina como uma mulher sedutora e extravagante, após alguns dias devidamente instalado na ilha de…
e. A obra sugere, em seu final, que o romance é resultado da derrota de Augusto na aposta realizada com seu amigo Filipe.

Resposta correta: D

Após estar alguns dias na Ilha, Augusto não passa a olhar Carolina como uma mulher sedutora e até mesmo extravagante. Enxerga-a como travessa e graciosa, interessando-se por ela.

Compartilhe

TOPO