Linguagem coloquial

Neste tópico, você aprenderá o que é linguagem coloquial e poderá estudar suas características e alguns exemplos de uso dessa variante.

Tão importante quanto saber usar a linguagem culta/padrão é conhecer e saber que é possível usar a linguagem coloquial em diferentes contextos. Se você é daquelas pessoas que costuma “corrigir” os amigos que falam gírias, por exemplo, confira este tópico para entender o que é a linguagem coloquial!

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O que é a linguagem coloquial

De acordo com o dicionário Michaelis (on-line), em termos de linguagem, “coloquial” significa a “variante da linguagem oral afeita às situações de trato diário, em que se exige pouca (ou se dispensa) formalidade”. Para se ter ideia de como a informalidade está diretamente ligada à origem desse vocábulo, veja que a etimologia de “coloquial” é “colóquio”, que nada mais é que uma conversa entre duas ou mais pessoas.

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Variações linguísticas
As variações linguísticas são identificadas como alterações na língua falada que podem ocorrer em decorrência da localidade do falante ou grupo social a que pertence, por exemplo.
Acentuação gráfica
A acentuação gráfica serve para orientar os falantes de língua portuguesa sobre o lugar em que está a sílaba tônica de dada palavra.
Classes de palavras
As classes de palavras foram criadas para agrupar cada tipo segundo sua característica principal.

Assim, entende-se que a linguagem coloquial é aquela usada no dia a dia das pessoas, em conversas informais, com a família, os amigos e colegas de trabalho. Importa destacar: quando você usa esse tipo de linguagem, você não está falando “errado”, está apenas se adequando a um determinado contexto de comunicação no qual não é exigida uma linguagem formal.

Segundo estudiosos da língua, esse tipo de linguagem é fruto do uso do idioma em sua forma espontânea, de modo que não há um compromisso com as normas gramaticais. Quando essa linguagem é usada, o texto pode apresentar gírias, figuras de linguagem, construções incompletas e com falhas gramaticais.

6 características da linguagem coloquial

Também conhecida como “popular”, a linguagem coloquial é uma variante informal da língua com pouco prestígio social se comparada à linguagem culta/padrão. No entanto, em termos de uso, a primeira é mais utilizada do que a segunda. Por isso, é importantíssimo conhecer bem as suas principais características.

  • Essa linguagem é marcada pela espontaneidade e é naturalmente usada pelos falantes da língua em seu cotidiano;
  • Ao reproduzi-la, não é preciso ter compromisso com a gramática normativa, ou seja, respeitar as regras gramaticais;
  • O objetivo de usá-la é estabelecer uma comunicação eficaz;
  • Sua expressão é subjetiva, por essa razão, ela se adéqua perfeitamente a diferentes contextos, a diversos grupos sociais e às suas particularidades;
  • Abreviações, elisões, aglutinação de palavras, estrangeirismos, neologismos e gírias são recursos da linguagem coloquial;
  • Como expressão viva da língua, esse tipo de linguagem abarca também os regionalismos.

Agora que você já conhece essas 6 importantes características da linguagem coloquial, veja alguns exemplos de uso!

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Exemplos

Confira alguns exemplos da linguagem coloquial em situações de uso e atente-se às explicações.

  • “Cê é loco?”

  • Com a abreviação do pronome de tratamento “você” para “cê” e a elisão da vogal “u” de “louco”, esse é um exemplo clássico de uso da linguagem coloquial.

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  • “Tá um baita calor aqui hoje! Bah!”

  • Com as expressões regionais típicas do Rio Grande do Sul “baita” e “bah” e o uso da forma aferética do verbo “está” –tá, esse é um exemplo do uso desse tipo de linguagem em contexto regional.

  • “Eu sou irmão dos meus truta de batalha / Eu era a carne, agora sou a própria navalha / Tin-tin, um brinde pra mim / Sou exemplo de vitórias, trajetos e glórias”

  • Esse trecho da letra de “Negro drama”, do grupo de rap Racionais MC’s, é um exemplo perfeito de uso da linguagem de forma coloquial, pois traz a gíria “truta”, que pode ser lida como “amigo” ou “companheiro de prisão”. Além disso, apresenta a abreviação da preposição “para” como “pra”.

  • “Manoel, qual é a deadline do briefing da empresa de engenharia?”

  • O uso de termos como “deadline” e “briefing” no contexto de equipes de trabalho é um exemplo clássico do uso de estrangeirismo enquanto parte da linguagem coloquial no ambiente corporativo.

  • “Hoje é festa lá no meu apê / Pode aparecer / Vai rolar bundalelê / Hoje é festa lá no meu apê / Tem birita até amanhecer”

  • Na música “Festa no apê”, do cantor Latino, os usos de “bundalelê” – gíria para rebolar –, “apê” – redução de apartamento – e “birita” – gíria usada para se referir à bebidas alcoólicas – evidenciam a adoção da linguagem coloquial na canção pop sucesso do início dos anos 2000.

Nessa seção, você conferiu diferentes situações de uso da linguagem coloquial. Agora, entenda um pouco melhor a diferença entre a essa variedade da língua e a linguagem culta na próxima seção.

Linguagem coloquial X culta

Como você já sabe, a linguagem coloquial é ideal para situações informais, as conversas do dia a dia com amigos e colegas, por exemplo. Entretanto, em situações formais, como uma entrevista de emprego ou uma reunião de negócios, o ideal é que você se adéque ao contexto utilizando a linguagem culta, uma vez que ela respeita as normas gramaticais e é socialmente mais prestigiosa, o que a torna indispensável para obter o sucesso em diversas situações que requerem alto nível de formalidade. Veja a seguir dois exemplos em que o conteúdo é igual; mas a forma de comunicá-lo é diferente, ou seja, em um caso usa a linguagem coloquial e, no outro, a linguagem culta.

  • “Pô, mas que demora, brother!”

  • O uso da interjeição “pô”, que demonstra aborrecimento, bem como de “brother”, estrangeirismo que significa “irmão”, em português, comumente usado por grupos de amigos, demonstra de forma precisa o uso da linguagem coloquial em um contexto informal, entre amigos.

  • “Senhora Maria, o doutor João precisou adequar os horários das consultas da tarde devido a um atraso no último paciente da manhã. A senhora pode aguardar um pouco mais? “

  • Nesse caso, por outro lado, a linguagem usada é a culta, dado o contexto de circulação da mensagem, um ambiente de trabalho, em que o profissional dirige-se à paciente/cliente para comunicar um atraso nos horários das consultas.

Como você viu, os diferentes usos da língua são possíveis e adequados, basta que você fique atento (a) ao contexto em que eles devem ocorrer. Em situações formais, o ideal é utilizar a norma culta, que se preocupa com as normas gramaticais e tem maior prestígio social; já em situações informais do cotidiano, você pode usar a linguagem coloquial sem medo!

Agora, confira um pouco mais sobre este tema nos vídeos separados para você! Bons estudos!

Vídeos sobre essa forma de linguagem

Os vídeos a seguir foram especialmente selecionados para que você se aprofunde nos estudos acerca desse tópico. Assista agora mesmo!

A principais diferenças entre a linguagem coloquial e linguagem culta

Entenda as diferenças entre a linguagem coloquial e a linguagem culta. Na primeira parte da aula, a professora Fernanda Pessoa explica se há certo e errado na língua portuguesa e a questão da adequação aos contextos. Além disso, trata dos diferentes tipos de variação linguística, os contextos de comunicação, as diferenças entre o registro formal e o informal da língua e, por fim, a questão do preconceito linguístico. Tudo isso por meio da apresentação de diversas questões retiradas de diferentes concursos que envolvem esta questão. Imperdível!

Variação linguística em prática: o uso da linguagem coloquial

O professor Noslen explica o que é variação linguística e seus diferentes tipos dando alguns exemplos. Assista até o final para saber em qual tipo de variação encontra-se a linguagem coloquial.

Exercícios sobre linguagem coloquial e linguagem culta com a Professora Alda

Neste vídeo, a professora Alda trata das diferenças entre as duas linguagens, apresentando as suas definições e características. A professora ainda apresenta exemplos/exercícios para melhorar a sua compreensão a respeito do tema. Assista já!

Após assistir a essas aulas sobre linguagem coloquial, confira o tópico sobre os Vícios de Linguagem!

Referências

Nova gramática do português contemporâneo (2017) – Celso Ferreira da Cunha e Luis Filipe Lindley Cintra.
Transposição do uso da linguagem coloquial para a norma-padrão: o desafio do revisor de textos (2019) – Maria Alves Vieira.

Beatriz Yoshida Protazio
Por Beatriz Yoshida Protazio

O bom e velho Guimarães Rosa definiu bem: “Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita”. Doutoranda em Letras (PLE/UEM).

Como referenciar este conteúdo

Yoshida Protazio, Beatriz. Linguagem coloquial. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/portugues/linguagem-coloquial. Acesso em: 29 de March de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [ENEM, 2013]

“Até quando?
Não adianta olhar pro céu
Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!”

GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo).
Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento).

As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto

a) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet.

b) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas.

c) tom de diálogo, pela recorrência de gírias.

d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.

e) originalidade, pela concisão da linguagem.

A alternativa correta é a letra d), pois as escolhas linguísticas do autor da letra da canção apontam a espontaneidade característica da linguagem coloquial, utilizada frequentemente no gênero musical “rap”, no qual se enquadra essa canção.

2. [ENEM, 2001 ]

Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga com a carta de Pero Vaz de Caminha:

“A terra é mui graciosa,
Tão fértil eu nunca vi.
A gente vai passear,
No chão espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.
Tem goiabas, melancias,
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos muito
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais
Diamantes tem à vontade
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca,
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encanareis,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora daqui”.

(MENDES, Murilo. Murilo Mendes – poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.)

Arcaísmos e termos coloquiais misturam-se nesse poema, criando um efeito de contraste, como ocorre em:

a) A terra é mui graciosa / Tem macaco até demais

b) Salvo o devido respeito / Reforçai, Senhor, a arca

c) A gente vai passear / Ficarei muito saudoso

d) De plumagens mui vistosas / Bengala de castão de oiro

e) No chão espeta um caniço / Diamantes tem à vontade

Na oração “Tem macaco até demais”, observamos o emprego do verbo “ter” no lugar de “haver”, bem como o uso da locução adverbial “até demais”, considerados recursos da linguagem coloquial.
Em relação ao arcaísmo, temos a apócope de “muito”: “mui”. Portanto, a alternativa que deve ser assinalada é a letra a.

3. [PUC-SP, 2005 [adaptada]]

Nas orações a seguir, as expressões coloquiais em negrito podem ser substituídas por sinônimas.

I.“… e beijava tudo que era mulher que passasse dando sopa

II.“… que o Papa de araque…”

III.“… numa homenagem também aos salgueirenses que, no Carnaval de 1967, entraram pelo cano.”

Indique que opção equivale, do ponto de vista do sentido, a essas expressões:

a) descuidando, falso, deram-se mal.

b) reclamando, falso, obstruíram-se.

c) descuidando, esperto, saíram-se vitoriosos.

d) reclamando, falso, deram-se mal.

e) descuidando, esperto, obstruíram-se.

A alternativa correta, que apresenta termos sinônimos – com o mesmo sentido – as expressões coloquiais, é a letra a).

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