Vícios de Linguagem

Vícios de linguagem são pequenos “erros” de afronta às normas cultas da língua portuguesa do ponto de vista gramatica.

Vícios de Linguagem diferem-se das Figuras de Linguagem. Elas, comumente, não obedecem à norma culta padrão da língua portuguesa. Muito pelo contrário, estes vícios são, em sua maioria, repetições ou ainda pequenos erros na oralidade e escrita. A comunicação, desta forma, sofre um sutil ruído, ocasionado por um pequeno erro. Os vícios de linguagem são, portanto, pequenas alterações (erros) na norma culta do idioma. São provocadas, geralmente, por falta de oportunidade de estudo, ignorância, descuido ou ainda descaso com o contexto do locutor.

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Sendo uma vertente das figuras de linguagem, os vícios de linguagem são divididos em alguns tipos. São eles assim divididos como ambigüidade, arcaísmo, barbarismo, cacófato, eco, neologismo, pleonasmo e neologismo. Dessa maneira, cada uma terá uma específica função. O descuido ou descaso na fala em muitos casos é passado despercebidamente pelo interlocutor. Assim, a fala/escrita segue seu caminho ordenado de função: passar a mensagem adiante.

vícios de linguagem
(Imagem: Reprodução)

Os tipos de vícios de linguagem

Abrangendo diferentes tipos, os vícios de linguagem independerão do contexto, uma vez que são defeitos na norma culta. Por conseguinte, estes vícios serão, independentemente do uso, um desvio/erro/descuido por parte do falante. Afinal, os casos não serão completamente isolados, pois poderão, inclusive, reforçar uma mensagem. Assim, cada vício representará uma determinada situação.

Barbarismo

O barbarismo abrange os vícios de linguagem com desvio a norma culta padrão na:

  • Grafia: viagem/viajem;
  • Pronúncia: incomodar/encomodar;
  • Morfologia: cidadões/cidadãos;
  • Semântica: Ele comprimentou a rainha. (cumprimento, do verbo cumprimentar);
  • Substituição de palavras locais por estrangeirismos: Vamos curtir, pois é Friday!

Arcaísmo

Quando há o emprego de designações antiguadas (ou de vanguarda) na linguagem contemporânea. Vício de linguagem oriundo do arcaico.

Exemplo: Vossa Mercê está se agradando do baile?

Neologismo

Quando há o emprego de palavras ou designações populares e contemporâneas que ainda não foram empregadas no idioma oficialmente.

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Exemplo: Deleta este rapaz da sua vida. (Deletar no sentido de apagar)

Solecismo

Podem ser erros de sintaxe apresentados na:

  • Concordância: Sobrou muitas pessoas para escolher. (sobraram)
  • Regência: Hoje iremos no cinema. (ao cinema)
  • Colocação: Me chama para o futebol? (chama-me)

Ambiguidade

Quando há duplo sentido na interpretação de uma frase, provocando confusão no interlocutor.

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Exemplo: Marcos beijou Clarice dentro de sua casa. (Da casa de Marcos ou de Clarice?)

Eco

Quando há semelhança entre o fim de locuções.

Exemplo: O peito do pé do Pedro é preto.

Pleonasmo

Quando há redundância desnecessária inserida na frase. Pode ser também chamado de pleonasmo vicioso.

Exemplo: Subir para cima/Descer para baixo.

Cacófato

Quando há união de duas ou mais palavras próximas que causam ruído na informação.

Exemplo: Meu coração por ti gela.

Referências

Novíssima Gramática da Língua Portuguesa – Domingos Paschoal Cegalla

Mateus Bunde
Por Mateus Bunde

Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Especialista em Linguagens pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul) e Mestrando em Comunicação pela Universidade do Porto, de Portugal (UP/PT).

Como referenciar este conteúdo

Bunde, Mateus. Vícios de Linguagem. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/portugues/vicios-de-linguagem. Acesso em: 16 de April de 2024.

Teste seu conhecimento

01. [ENEM] 

No ano passado, o governo promoveu uma campanha a fim de reduzir os índices de violência. Noticiando o fato, um jornal publicou a seguinte manchete:

CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA DO GOVERNO DO ESTADO ENTRA EM NOVA FASE 

A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o entendimento. Considerando o objetivo da notícia, esse problema poderia ter sido evitado com a seguinte redação:

a) Campanha contra o governo do Estado e a violência entram em nova fase.

b) A violência do governo do Estado entra em nova fase de Campanha.

c) Campanha contra o governo do Estado entra em nova fase de violência.

d) A violência da campanha do governo do Estado entra em nova fase.

e) Campanha do governo do Estado contra a violência entra em nova fase.

 

02. [FEI] Identifique a alternativa em que ocorre um pleonasmo vicioso:

a) Ouvi com meus próprios ouvidos.
b) A casa, já não há quem a limpe.
c) Para abrir a embalagem, levante a alavanca para cima.
d) Bondade excessiva, não a tenho.
e) N.D.A

 

03. [ENEM]

Carnavália

Repique tocou

O surdo escutou

E o meu corasamborim

Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim?

[…]

ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 (fragmento).

No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e à situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão.

Essa palavra corresponde a um:

a)  estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas.

b) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza.

c) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla.

d) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográfica.

e) termo técnico, dado que designa elemento de área e de atividade.

01. [E]

02. [C]

03. [B]

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