Paulo Leminski

Paulo Leminski foi um poeta paranaense que teve influências que vão desde a geração mimeógrafo até o concretismo.

Paulo Leminski foi um poeta brasileiro, professor, letrista e tradutor curitibano. Em função de seus posicionamentos e de sua escrita, foi associado à contracultura, ao tropicalismo, ao concretismo e à poesia marginal. A seguir, acompanhe sobre sua vida e sua obra:

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Índice do conteúdo:

Biografia

Dico Kremer / El País

O curitibano Paulo Leminski (1944-1989), embora muito conhecido por ser poeta, também foi professor, biógrafo, tradutor, músico e letrista. Não é à toa que percorre o país uma exposição denominada “Múltiplo Leminski”.

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Poesia concreta
A Poesia Concreta no Brasil representou uma grande quebra de paradigmas. Seus idealizadores foram Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari.
Arte Moderna
A Arte Moderna significou uma grande mudança nos padrões artísticos, primeiro na Europa do século XX e depois no mundo afora.

Filho de pai polonês e de mãe de ascendência africana, sua formação foi bastante ampla. Obteve conhecimentos acerca de latim, da literatura clássica, da filosofia e da cultura asiática – sobretudo o que diz respeito ao haikai. De modo geral, todos esses saberes dialogam com sua produção poética.

Leminski foi um artista independente. Por isso, foi associado a diversos movimentos artísticos e culturais, tais como a contracultura, o concretismo, a poesia marginal e o tropicalismo. Por fim, toda essa multiplicidade serviu para que sua produção poética fosse bastante vasta e repleta de influências.

Características da poesia do autor

Os poemas de Paulo Leminski apresentam uma linguagem coloquial, todavia a estrutura apresenta um rigor formal, ou seja, é perceptível um trabalho dedicado à forma dos poemas. Além disso, o fato de ter sido músico e letrista também influenciou o poeta na musicalidade dos versos: retomou a rima, embora seja um elemento pouco comum entre autores modernos e contemporâneos.

O escritor também trabalhou como diretor de criação na área de Publicidade, assim, essa experiência parece também esbarrar na sua literatura quando ele apresenta recursos visuais. Principalmente, na disposição das palavras e dos versos nas páginas.

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Um dos elementos importantes na poesia de Leminski e também uma chave de leitura é o humor, que é usado para ler o mundo e transportá-lo para o poema. Outra questão, ainda, é a concisão, que provavelmente vem do interesse do autor pelo universo do haikai.

Por fim, é preciso mencionar que frequentemente nos deparamos com jogos de palavras, neologismos e até trocadilhos nas produções do poeta. Quanto às temáticas, sua poesia fala de temas universais, como amor e relações humanas. A seguir, conheça algumas obras do autor.

Obra de Paulo Leminski

Agora, apresentaremos a você as obras literárias mais relevantes de Paulo Leminski, focando na poesia. Vale ressaltar que o escritor produziu inúmeras traduções, partituras musicais, ensaios e biografias, como as de Cruz e Souza, Bashô, Trótski e Jesus.

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  • Quarenta clics em Curitiba (1976);
  • Curitiba, Etecetera (1976);
  • Polonaises (1980);
  • Não fosse isso e era menos/ não fosse tanto e era quase (1980);
  • Tripas (1980);
  • Caprichos e relaxos (1983);
  • Um milhão de coisas (1985);
  • Distraídos venceremos (1987);
  • La vie en close (1987).

Para quem tem interesse em conhecer melhor a poética de Leminski, vale buscar a obra Toda Poesia (2013), publicada pela Companhia das Letras, edição que reúne as produções poéticas do autor. Muitos livros foram publicados pelo autor, mas eram edições feitas por ele mesmo. Assim, são obras de difícil acesso.

5 poemas de Leminski

Confira, agora, cinco poemas de Paulo Leminski nos quais ele fez jogos poéticos e bem-humorados ao falar sobre o cotidiano, o amor, o destino e as suas possibilidades. Com certeza, eles vão te fazer querer ler esse poeta tão múltiplo que, até hoje, influencia poetas das novas gerações.

quem é vivo
aparece sempre
no momento errado
para dizer presente
onde não foi chamado

Domingo
Canto dos passarinhos
Doce que dá para pôr no café

Não discuto
com o destino
o que pintar
eu assino

isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além

Amar você é coisa de minutos
A morte é menos que teu beijo
Tão bom ser teu que sou
Eu a teus pés derramado
Pouco resta do que fui
De ti depende ser bom ou ruim
Serei o que achares conveniente
Serei para ti mais que um cão
Uma sombra que te aquece
Um deus que não esquece
Um servo que não diz não
Morto teu pai serei teu irmão
Direi os versos que quiseres
Esquecerei todas as mulheres
Serei tanto e tudo e todos
Vais ter nojo de eu ser isso
E estarei a teu serviço
Enquanto durar meu corpo
Enquanto me correr nas veias
O rio vermelho que se inflama
Ao ver teu rosto feito tocha
Serei teu rei teu pão tua coisa tua rocha
Sim, eu estarei aqui

Vídeos sobre Paulo Leminski

A partir dos vídeos abaixo, você vai aprender um pouco mais sobre Leminski – principalmente acerca de Toda poesia, coletânea já cobrada nos vestibulares da UEL, UEPG, UFU, entre outros.

Leminski e a utilidade da poesia

Nesse vídeo, complemente seus conhecimentos sobre a vida de Leminski e a obra toda Poesia. Além disso, saiba mais sobre a utilidade da poesia.

Leminksi e suas influências

Aqui, nesse vídeo, é explorada a relação de Leminski com a geração mimeógrafo, o concretismo e o haikai. Confira!

A história de Paulo Leminski e sua obra Toda Poesia

Nessa aula, você saberá um pouco mais sobre como Leminski via a poesia: uma forma de lutar contra o sistema capitalista, em que tudo é utilitário. Além disso, o livro Toda poesia também é abordado.

Agora que você já conhece Paulo Leminski e ainda viu alguns de seus poemas, que tal ler sobre poesia marginal, movimento também ligado a esse poeta paranaense?

Referências

Tendências contemporâneas – Rodrigo Marques Oliveira (sem ano)
Toda Poesia – Paulo Leminski (2013)

Estela Santos
Por Estela Santos

Doutoranda em Letras - Estudos Literários (UEM), professora, redatora e mediadora do #LeiaMulheres - Maringá.

Como referenciar este conteúdo

Santos, Estela Pereira dos. Paulo Leminski. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/literatura/paulo-leminski. Acesso em: 19 de April de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [Mackenzie]

O assassino era o escriba

Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida,
regular como um paradigma da 1ª conjunção.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido na sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agentes da passiva o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.
(Paulo Leminski)

Sobre o texto de Paulo Leminski todas as alternativas estão corretas, EXCETO

a) a terminologia sintática e morfológica, que em um primeiro momento é motivo de estranhamento, concede o efeito de humor ao poema.
b) o eu lírico demonstra por meio da composição de texto pessoal e confessional o seu desconhecimento gramatical.
c) nos primeiros sete versos o eu-lírico apresenta seu professor, que, por meio de suas ações e funções, é caracterizado como um torturador.
d) entre os versos 8 e 16 o leitor toma consciência de todos os fracassos que compuseram a vida do professor.
e) o texto é estruturado em forma de narrativa policial, mas em função de sua organização gráfica, métrica e rítmica é considerado um poema.

Resposta correta: B

O eu lírico não demonstra, no poema, não ter conhecimento acerca da gramática; ele apenas comenta, de forma bem humorada, a insistência de seu professor em ensinar gramática, o que gerava desconforto.

2. [UFU]

Em relação ao poema abaixo transcrito, de La vie en close, assinale a alternativa cuja leitura NÃO corresponde à concepção do fazer poético nele expressa por Paulo Leminski.

“um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto”

a) A referência à eternidade (no penúltimo verso) nos diz que a morte é, invariavelmente, a razão de ser de toda poesia – sobretudo para um poeta que a sabia próxima.
b) Para Leminski, um bom poema resulta das experiências do dia a dia que, repetidas vezes, levam ao amadurecimento de um indivíduo; esta vivência tem valor para a expressão poética.
c) Neste poema, Leminski concebe o poeta como um homem comum, cuja vida segue a normalidade dos fatos corriqueiros; o diferencial está na percepção da emoção vivida, que se expressa em versos.
d) O encontro com o próximo – lembrado no verso “caminhando junto” – aponta um momento de plena realização do sujeito, que a emoção poética sublima e eterniza, dando sentido à existência.

Resposta correta: A

A concepção poética expressa no poema não está ligada à morte, mas sim ao fato de que há poesia no dia a dia, pois a vivência do sujeito é fonte de expressão poética e dá sentido à existência.

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