Marie Curie

Marie Curie realizou grandes descobertas na física e na química, conquistando premiações importantes e títulos memoráveis.

Em uma época em que a ciência era um campo ocupado principalmente por homens, Marie Curie foi uma mulher revolucionária, vencedora de diversos prêmios e realizadora de grandes descobertas – importantes até os dias de hoje – no ramo da radioatividade e sobre novos elementos químicos.

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Biografia

Fonte: Revista Galileu

Marie Curie – nascida Maria Salomea Sklodowska – nasceu em Varsóvia, Polônia, no dia 7 de Novembro de 1867. Tinha quatro irmãos, sendo a filha caçula de um casal de professores. Quando tinha apenas 10 anos, ela perdeu sua mãe, vítima de tuberculose. Seu pai era professor de matemática e física e sempre foi o maior motivador de Marie.

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Regra do Octeto
A regra do octeto estabelece a ligação entre átomos que devem possuir oito elétrons na camada de valência, a fim de atingirem estabilidade.
Camada de valência
Camada de valência é a ultima camada a receber o elétron em um átomo.
Propriedades da matéria
“Matéria” é tudo que ocupa espaço e possui massa. Dessa forma, existem características que auxiliam na identificação de substâncias: as propriedades da matéria.

Formação

Seguindo os passos do pai, Marie resolveu seguir carreira acadêmica assim que terminasse o que era equivalente ao colegial dos dias de hoje. Mas, na época, a educação formal de mulheres na Polônia era proibida, e ela não pôde se matricular na universidade de Varsóvia simplesmente pelo fato de ser mulher. Sendo assim, ela deu continuidade em sua educação na chamada Universidade Volante, uma espécie de grupo de estudos informal que se reunia em segredo.

Para que Marie atingisse seus objetivos, em 1891, seu pai lhe ajudou a se mudar para Paris, onde ela pôde se matricular no curso de Física da Universidade de Paris, a mais tradicional universidade francesa. Terminou o curso em 1893 e, no ano seguinte, conseguiu seu diploma em Matemática pela mesma universidade.

Pierre e Marie Curie

Pierre Curie (1859-1906) era professor na Escola de Física e Química Industriais da Cidade de Paris. Seu interesse em comum com Marie pela ciência foi o que os aproximou, até que uma paixão começou a surgir. No início eles trabalhavam em projetos separados, mas formavam uma dupla brilhante e se juntaram nas pesquisas e descobertas.

Pierre chegou a pedir a mão de Marie em casamento, mas ela recusou, pois ainda pretendia voltar à sua terra natal e exercer a profissão lá. Pierre, então, convenceu-a a permanecer em Paris para que continuasse os estudos no seu doutorado. Os dois conquistaram o título e, em julho de 1895, se casaram. Tiveram duas filhas, Irène em 1897 e Ève em 1904.

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Prêmios

Marie foi laureada com dois Prêmios Nobel – o primeiro de Física, em 1903, pela descoberta da Radioatividade, juntamente de seu marido e de Henri Becquerel. De início, o comitê da Academia de Ciências da Realeza Sueca pretendia somente homenagear Pierre e Henri, mas um membro avisou Pierre. Depois de sua queixa, o nome de Marie foi incluído na nominação, fazendo com que fosse a primeira mulher a ser agraciada com um prêmio Nobel.

Em 1911, recebeu seu segundo Nobel, desta vez de Química, quando ela foi reconhecida “por seus serviços que proporcionaram o avanço da área com a descoberta do Rádio e do Polônio, pelo isolamento do Rádio e o estudo da natureza dos compostos desse elemento notável”. Com esse prêmio, ela foi a primeira pessoa e única mulher a ser laureada duas vezes em áreas distintas.

Com a morte de seu marido, ela assumiu sua cadeira de Física Geral na Sorbonne, sendo a primeira mulher a assumir um cargo de professora na universidade.

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Morte

Marie morreu no dia 4 de julho de 1934, vítima de uma leucemia, possivelmente causada por conta da prolongada exposição à radiação. Os danos causados pela radiação ionizante – que era emitido pelos elementos com que Marie trabalhava – não eram muito bem conhecidos na época, portanto tudo era tratado sem a proteção necessária. Inclusive, Marie era conhecida por carregar as amostras de urânio em seus bolsos e as guardar em sua gaveta, por conta do leve brilho esverdeado que emitiam.

A grande descoberta de Curie

No ano de 1896, o físico e engenheiro francês Henri Bacquerel incentivou Marie Curie a estudar a radiação emitida pelos minerais de urânio que ele havia descoberto. Ele percebeu que essa radiação emitida era semelhante ao poder penetrante dos raios-x, mas que, diferente da fosforescência, não dependia de uma fonte externa de energia para que o urânio emitisse tal radiação. Marie viu nisso uma oportunidade e decidiu investigar a fundo o elemento e a radiação emitida por ele.

Ela descobriu, por uma série de experimentos, que os raios emitidos pelo urânio eram constantes, independente da forma na qual o elemento se encontrava, pois eles vinham da estrutura atômica do elemento – ideia que deu início ao ramo da física atomística. Seguindo essa descoberta, Marie e Pierre continuaram a pesquisa do mineral e descobriram, em 1898, um novo elemento radioativo, que nomearam de Polônio. Ainda nesse mineral, descobriram a presença de outro elemento radioativo, que chamaram de Rádio.

Por meio da cristalização fracionada, desenvolvida por eles, conseguiram isolar um decigrama do elemento puro e Marie mesma nomeou o fenômeno como “radioatividade”, termo usado até hoje para caracterizar a energia liberada espontaneamente por esse novo elemento. Além disso, durante a Primeira Guerra Mundial (1914), Marie se empenhou em ajudar como podia e desenvolveu um equipamento portátil para a realização de radiografias, o qual foi utilizado em campo.

Seu legado na ciência e na educação

Ainda hoje, Marie Curie é lembrada como liderança na ciência e modelo inspirador para mulheres em diversas áreas, por conta de sua contribuição à comunidade científica e sua persistência. Recebeu inúmeras homenagens póstumas, tendo seu nome em diversos institutos de ensino e pesquisa e centros médicos, como o Instituto Curie e a Universidade Pierre e Marie Curie (UPMC). Além disso, sempre é citada em eventos científicos ao redor do mundo.

Durante seus estudos, escreveu o livro “Radioactivité”, que foi publicado após sua morte e é considerado um dos documentos fundadores dos estudos relacionados à radioatividade clássica. Marie ficou conhecida por sua honestidade e estilo de vida simples. Ela se recusou a patentear o processo de isolamento do Rádio, para que a comunidade científica pudesse continuar com as pesquisas das propriedades do elemento.

5 curiosidades sobre Marie Curie

Veja essa lista de fatos curiosos e muito interessantes sobre essa cientista incrível que foi Marie Curie:

  1. Por conta dos níveis elevados de contaminação radioativa, seus artigos da década de 1890 (e até seu livro de receitas) são considerados perigosos para o manuseio. Os artigos são mantidos em um cofre de chumbo – metal capaz de barrar a radiação -, e aqueles que pretendem consultá-los deve usar uma vestimenta de proteção.
  2. Em 1995, seus restos mortais foram transferidos, juntamente com os de seu marido, para o Panteão de Paris, tornando-se a primeira mulher a ser sepultada lá, onde estão as pessoas mais notórias da França.
  3. O elemento químico de número atômico 96 da tabela periódica, o Cúrio (Cm), descoberto em 1994, foi batizado assim em homenagem ao casal Curie.
  4. Seu rosto está estampado nas notas de 20000 zloty, moeda da Polônia, desde os anos 90.
  5. Sua filha Irène seguiu os passos da mãe e, juntamente com o marido Frédéric Joliot, estudou a estrutura atômica e a física nuclear. Eles demonstraram a estrutura do nêutron e descobriram a radioatividade artificial – fato que rendeu a ela um Prêmio Nobel de Química em 1935, um ano após a morte de Marie.

Marie Curie certamente marcou seu espaço na história da ciência, não é mesmo?

Vídeos que contam um pouco mais da história de Marie e seu legado

Agora que conhecemos a primeira mulher a receber um Prêmio Nobel, veremos alguns vídeos que complementam a história de vida da cientista.

Quem foi Marie Curie?

Nesse vídeo, você acompanha uma historia resumida da vida de Marie Curie

A vida de Marie Curie

Já aqui, o vídeo proporciona um passeio pelos lugares onde Marie fez história.

Marie Curie realmente foi revolucionária na Ciência, deixando seu legado vivo até hoje e sendo lembrada todos os anos em diversas solenidades. Seu trabalho e persistência em tempos difíceis são admiráveis! Para continuar estudando, veja também nosso conteúdo sobre radiação.

Referências

Marie Curie – Biographical. NobelPrize.org. Nobel Media AB 2020. Disponível em: https://www.nobelprize.org/prizes/physics/1903/marie-curie/biographical/.

Marie Curie Biography, abril de 2014. Disponível em: https://www.biography.com/scientist/marie-curie.

Obsessive Genius: The Inner world of Marie Curie – Barbara Goldsmith.

Lucas Makoto Tanaka dos Santos
Por Lucas Makoto Tanaka dos Santos

Bacharel em Química pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), mestrando em Química Analítica, com ênfase em desenvolvimento de métodos analíticos, metabolômica e espectrometria de massas no Laboratório de Biomoléculas e Espectrometria de Massas (LaBioMass), na mesma universidade.

Como referenciar este conteúdo

Tanaka dos Santos, Lucas Makoto. Marie Curie. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/quimica/marie-curie. Acesso em: 29 de March de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [UFSC 2012 (adaptada)]

Em abril de 1898, Marie Sklodowska Curie (1867-1934) e Pierre Curie (1859-1906), ao processar a Pechblenda, obtiveram duas frações radioativas. Uma delas apresentou uma radioatividade 400 vezes maior que a do Urânio. O casal Curie associou essa radioatividade a um novo elemento químico, o qual foi denominado Polônio, em homenagem à Polônia, terra natal de Marie Curie. O polônio foi o terceiro elemento radioativo identificado, depois do Urânio e do Tório, o que levou Marie Curie a receber o Prêmio Nobel de Química de 1911.
Na natureza há sete isótopos naturais do polônio, representados por: 210Po, 211Po, 212Po, 214Po, 215Po, 216Po, 218Po. Todos os isótopos desse elemento desintegram-se por emissão de partículas alfa, produzindo isótopos de chumbo. A elevada energia das partículas alfa emitidas pelo polônio permite a identificação de diminutas quantidades desse elemento em uma amostra. O polônio se dissolve em ácidos diluídos produzindo soluções contendo íons Po2+.

Considere as informações acima e identifique a(s) proposição(ções) CORRETA(S):

I – O isótopo 210Po possui número de neutrons igual a 126.
II – Ao receber dois elétrons, o átomo de polônio adquire a configuração eletrônica do gás nobre radônio.
III – O cátion Po2+ apresenta 86 elétrons.
IV – Chumbo, polônio, urânio e tório ocupam o sexto período da tabela periódica.

A(s) afirmativa(s) correta(s) são:
a)I e II.
b)I, III e IV.
c)II e IV.
d)II e III e IV.
e)III e IV.

I – Polônio – massa atômica: 210
Número atômico: 84
Isotopo: mesmo número de prótons. Afirmativa correta.

II – O polônio se encontra na família 6A da tabela periódica, portanto tem 6 elétrons na sua ultima camada eletrônica. Quando recebe outros dois elétrons, passa a ter 8, assim como os gases nobres, mais especificamente o Radônio (Rn). Afirmativa correta.

III – O cátion Po2+ indica a perda de dois elétrons da ultima camada eletrônica do Polônio, portanto ele apresenta 82 elétrons. Afirmativa errada.

IV – Chumbo e Polônio estão no sexto período da tabela, mas o Tório e o Urânio estão no sétimo período. Afirmativa errada.

Dessa forma, a resposta do exercício é a letra a) I e II.

2. [UESB]

A radioatividade emitida por determinadas amostras de substâncias provém
a) da energia térmica liberada em sua combustão.
b) de alterações em núcleos de átomos que as formam.
c) de rupturas de ligações químicas entre os átomos que as formam.
d) do escape de elétrons das eletrosferas de átomos que as formam.
e) da reorganização de átomos que ocorre em sua decomposição.

Alternativa correta: b) de alterações em núcleos de átomos que as formam.
Uma reação nuclear promove transformações no núcleo do átomo, emitindo radioatividade.
Já as reações químicas estão relacionadas à eletrosfera, onde os átomos são rearranjados por uniões, ruptura ou formação de ligações químicas, que envolvem os elétrons.
Combustão e decomposição são exemplos de reações químicas, e a energia liberada nessas transformações é muito inferior a uma reação nuclear.

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