Olavo Bilac

Olavo Bilac é o principal poeta do Parnasianismo brasileiro e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Um dos poemas mais famosos do autor é "Ouvir estrelas".

Olavo Bilac é considerado o principal escritor do Parnasianismo brasileiro. A figura do poeta está associada à sua forma de trabalhar as palavras, criando versos repletos de rima e musicalidade.

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Biografia

Folha de S. Paulo / Reprodução

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (1835-1918) nasceu no Rio de Janeiro (RJ). Foi jornalista, poeta e inspetor de ensino. É o mais importante nome do Parnasianismo brasileiro. Sua primeira publicação foi aos 18 anos, quando revelou alguns sonetos na Gazeta Acadêmica, publicação da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Pouco tempo depois, abandonou a Medicina e foi cursar Direito.

Além disso, fundou com Machado de Assis o Grêmio de Letras e Artes. Anos mais tarde, essa organização tornou-se a famosa Academia Brasileira de Letras. Aliás, o autor ocupou a cadeira de número 15, que tem como patrono Gonçalves Dias, também escritor.

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Parnasianismo
O Parnasianismo foi um movimento focado na elaboração de uma “arte pela arte” e na impessoalidade em termos temáticos. Durou cerca de quarenta anos no Brasil.
Pré-Modernismo
Nas duas primeiras décadas do século XX, a literatura brasileira passou por um processo de transição chamado Pré-Modernismo, que possuiu diversos autores e englobou uma vasta gama de características.
Gonçalves Dias
Principal nome da poesia na primeira geração do Romantismo no Brasil, Gonçalves Dias apresentou uma obra focada na natureza, no indígena e no lirismo amoroso.

Declaradamente patriota e nacionalista, compôs o Hino à Bandeira, característica presente também em O caçador de esmeraldas. É autor de sonetos lidos até hoje, portanto tinha imensa capacidade de trabalhar com a forma e o ritmo na poesia. Tal característica é bastante visível em suas publicações, e falaremos disso detalhadamente na sequência. Confira!

Características literárias

Olavo Bilac é um poeta parnasiano e, como tal, foi bastante fiel a essa estética literária no que diz respeito à forma, mas não em relação à temática. Saiba mais a seguir:

  • Perfeição formal: Bilac cultuava a forma clássica na escrita de seus textos, não é à toa que boa parte de seus textos poéticos são sonetos, que têm como características gerais ter 14 versos, dois quartetos e dois tercetos, bem como versos decassílabos.
  • Pureza da língua: o poeta prezava pela norma padrão da língua, sem uso de termos típicos da oralidade ou qualquer estrangeirismo.
  • Retomada de temas da cultura greco-romana: assim como a grande maioria dos parnasianos, o escritor apresentava temas caros ao Classicismo, como o ideal de beleza e o universalismo. No entanto, vale ressaltar, muitos dos sonetos de Olavo Bilac apresentavam temáticas lírico-amorosas, típicas do Romantismo.
  • Gosto pela descrição: o poeta recorre a descrições eventualmente, não necessariamente de modo objetivo, mas subjetivo, sobretudo quando se trata de algo relacionado à natureza.
  • Erotismo: o amor erótico também é um tema presente nos sonetos de Olavo Bilac, em versos que abordam a sensualidade feminina.

Essas características sintetizam a produção poética de Bilac que são apresentadas nos livros e poemas que veremos em seguida. Continue aprofundando os seus conhecimentos.

Três poemas de Olavo Bilac

A seguir, leia três poemas do autor parnasiano. No primeiro, por meio do eu lírico, vemos o apreço de Bilac pela Língua Portuguesa. Já no segundo, mais romântico, denota a importância de expressar sentimentos e ouvir as estrelas. Por fim, no terceiro, temos a vertente mais erótica do poeta.

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Língua Portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…

Amote assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

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Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

Ouvir estrelas
Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
“Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.

Satânia
Nua, de pé, solto o cabelo às costas,
Sorri. Na alcova perfumada e quente,
Pela janela, como um rio enorme
De áureas ondas tranquilas e impalpáveis,

Profusamente a luz do meio-dia
Entra e se espalha palpitante e viva.
Entra, parte-se em feixes rutilantes,
Aviva as cores das tapeçarias,

Doura os espelhos e os cristais inflama.
Depois, tremendo, como a arfar, desliza
Pelo chão, desenrola-se, e, mais leve,

Como uma vaga preguiçosa e lenta,
Vem lhe beijar a pequenina ponta
Do pequenino pé macio e branco.
[…]

Caso queira ler mais poemas de Olavo Bilac, é interessante que busque suas obras publicadas. Por isso, a seguir, listamos os livros do autor. Confira!

Obras de Olavo Bilac

Conforme mencionamos, Olavo Bilac publicou seus sonetos pela primeira vez na Gazeta Acadêmica. Depois disso, o autor divulgou seus versos em outros veículos de comunicação, mas também publicou livros, a partir dos quais podemos conhecer melhor a sua literatura. São eles:

  • Poesias (1888), dividido em Panóplias, Via Láctea, Sarças de fogo, Alma inquieta, As viagens e O caçador de esmeraldas;
  • Tarde (1919).

Olavo Bilac dividiu-se entre o rigor parnasianista e o romantismo erotizado. Assim, usou dos artifícios formais da estética do Parnasianismo, sem deixar de lado as imagens e a sensibilidade para tratar de temas amorosos, com elementos líricos e eróticos. Para aprender um pouco mais sobre esse mestre da poesia brasileira, assista aos vídeos a seguir:

Vídeos sobre Olavo Bilac e suas publicações

Selecionamos dois vídeos para que você possa aprofundar os assuntos abordados nesta matéria. Assista-os para ter conhecimento acerca de particularidades da vida de Bilac e seus poemas.

Vida e obra do autor parnasianista

A partir desse vídeo, você terá acesso a mais informações sobre a vida e obra de Bilac, principal autor do Parnasianismo no Brasil. Conheça também algumas curiosidades e situações inusitadas que envolvem o poeta.

Livro Tarde, de Olavo Bilac

Nesse vídeo, você confere uma resenha contextualizada de Tarde, de Olavo Bilac. Aqui você conhece um pouca da história de Bilac e alguns de seus poemas do livro mencionado, dentre eles está “Língua Portuguesa”.

Agora que você sabe tudo sobre Olavo Bilac e seus poemas, que tal dar uma retomada no conteúdo sobre Parnasianismo, escola literária a qual pertence o autor?

Referências

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura Brasileira: tempos, leitores e leituras. São Paulo: Moderna, 2005.

BILAC, Olavo. Obra reunida. Org. e introd. Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 138-139. (Biblioteca luso-brasileira. Série brasileira)

SÁ, Pellegri. Parnasianismo, Simbolismo e Pré-modernismo. São Paulo: Saraiva/Ético, s. a.

Estela Santos
Por Estela Santos

Doutoranda em Letras - Estudos Literários (UEM), professora, redatora e mediadora do #LeiaMulheres - Maringá.

Como referenciar este conteúdo

Santos, Estela Pereira dos. Olavo Bilac. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/literatura/olavo-bilac. Acesso em: 18 de April de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [UNIFESP, 2006]

Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:
Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
Olavo Bilac
Os versos de Olavo Bilac pertencem ao período conhecido como Parnasianismo e denunciam
a) vocabulário simples e pouca preocupação com as qualidades técnicas do poema, já que as sugestões sonoras não estão neles presentes.
b) emoção expressa racionalmente, embora seja bastante evidente o caráter subjetivo na construção das imagens.
c) a busca da perfeição na expressão, visando ao universalismo, como exemplificam os termos Beleza e Verdade, grafados com maiúsculas.
d) o afastamento da realidade social, decorrente de uma visão idealizada do mundo, descrito por metáforas pouco objetivas.
e) a forma de expressão pouco idealizada, resultante de uma concepção de mundo marcada pela complexidade que, nos versos, se manifesta em vocabulário seleto.

Resposta correta: C

Nos versos, o eu lírico criado por Olavo Bilac expressa as principais características do Parnasianismo, a busca pela perfeição, sobretudo quanto à forma, e o caráter universal dos temas abordados, como a idealização da beleza e da verdade.

2. [CETEF - PR]

E sobre mim, silenciosa e triste,
A Via-Láctea se desenrola
Como um jarro de lágrimas ardentes.
(Olavo Bilac)
Sobre o fragmento poético não é correto afirmar:
a) A “Via-Láctea” sofre um processo de personificação.
b) A cena é descrita de modo objetivo, sem interferência da subjetividade do eu poético.
c) A opção pelos sintagmas “desenrola” e “jarro de lágrimas ardente” visa a presentificar o movimento dos astros.
d) Há predomínio da linguagem figurada e descritiva.
e) A visão de mundo melancólica do emissor da mensagem se projeta sobre o objeto poetizado.

Resposta correta: B

Por mais que muitos poetas parnasianos buscassem a objetividade, Bilac nesses versos descreve a Vila Láctea de maneira subjetiva, e não objetiva e descritiva. Traço bastante comum em sua produção poética.

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