O fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) ocorre em dezembro de 1991. Essa data é um marco na trajetória histórica da União Soviética, e traz impactos políticos e econômicos que modificam as dinâmicas geopolíticas no mundo todo. Além de marcar o encerramento da Guerra Fria, esse acontecimento instaura um novo cenário mundial. Confira mais sobre o fim da união soviética.
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O que foi o fim da união soviética
O fim da União Soviética foi um processo de desintegração política, econômica, social e étnica que ocorreu dentro da URSS entre dos anos de 1988 e 1991, quando houve seu final definitivo. Seu marco inicial foi a declaração de soberania da Estônia e o processo se encerrou com a renúncia de Gorbatchev, em 1991.
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Principais causas do fim soviético
O fim declarado da União Soviética, em 1991, é considerado um marco na história contemporânea. Esse processo não ocorre repentinamente, muitos acontecimentos contribuíram para o rompimento final. Dentre eles, mudanças nos aspectos políticos, econômicos e, sobretudo, ideológicos.
- Extrema centralização política;
- Crise no campo econômico devido ao desestímulo à produtividade nacional, tanto no campo agrícola como na indústria bélica;
- Crise política em decorrência das reformas mal conduzidas por Mikhael Gorbatchev na tentativa de reestruturar a economia soviética;
- Fim do monopólio de poder do Partido Comunista;
- Surgimento do multipartidarismo e a instauração das eleições diretas para 1994;
- Crescente número dos movimentos nacionalistas em busca de independência;
- Impopularidade de Gorbatchev diante dos separatismos nacionalistas no interior das fronteiras do território soviético.
É diante de tais políticas inauguradas pelo governo de Brejnev (1964) e continuada por outros líderes, no campo interno e externo do território soviético, que a crise que levou a URSS ao fim encontra solo fértil.
Resumo: como foi o fim de uma das maiores potências mundiais
Com a queda do regime Stalinista, em 1953, iniciou-se na URSS uma série de transformações que puseram fim à política centralizadora e burocrática de Stalin. Esse processo teve início com o governo de Nikita Khrushchev, que denunciou dezenas de práticas políticas consideradas criminosas e autoritárias, mostrando o quão fechada era a União Soviética em sua política de Estado, ao usar diversas práticas que contradiziam a utopia socialista.
Contudo, em 1964, o governo de Khrushchev cai e há uma retomada gradual ao centralismo estatal pela União Soviética com a ascensão de Leonid Brejnev ao poder. O líder retornou com uma política interna altamente burocrática e centralista, e com o uso de mecanismos de força para impor o monolitismo do bloco comunista, como prisões arbitrárias e com o uso da força coercitiva e de trabalhos forçados contra grupos oposicionista
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Em 1976, muitos partidos comunistas da Europa ocidental manifestavam-se contrariamente do dirigismo soviético e à hegemonia ideológica. Isso porque, tornava-se claro as contradições do regime que, na prática, traia os seus ideais e privilegiava uma classe política que vivia das riquezas e benesses do Estado. Esse grupo ficou conhecido como nomenklatura.
Após a morte de Brejnev, em 1982, sucederam curtos governos, dentre eles: o de Iúri Andropov (1982-1984) e Kontantin Tchernenko (1984-1985). Mesmo diante de novos governos, a deterioração e desgaste político e econômico se acentuava significativamente. Algumas medidas foram tomadas para tentar reverter esse quadro. Elas foram inauguradas por Mikhail Gorbatchev, em 1985.
Governo Gorbatchev: perestroika e glasnost
O governo Gorbatchev foi responsável por implantar profundas mudanças na política soviética, tendo como ponto de partida o afastamento dos velhos líderes burocratas do partido. O estadista Gorbachev, por meio de suas reformas, implantou, ainda em 1985, duas medidas: a perestroika (reestruturação) e a glasnost (transparência).
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As medidas tinham por objetivos realizar mudanças econômicas, sociais e no próprio sistema socialista. A perestroika visada diminuir a intervenção do Estado na economia; já a glasnost pretendia diminuir a presença do governo nas decisões e questões civis. Nas palavras de Gorbatchev, “[…] o socialismo da perestroika é uma maneira de construir uma sociedade com economia eficaz, ciência, tecnologia e cultura avançadas, estruturas sociais humanizadas e democratizadas. Uma sociedade que crie as premissas para a existência criativa das pessoas”.
Gorbachev justificava suas intenções reformistas afirmando que as políticas postas em práticas preparavam a sociedade soviética para um futuro distante das amarras dos governos anteriores.
Em 1990, o governo Gorbatchev reformula o papel dos órgãos militares, culminando no enfraquecimento das forças do Pacto de Varsóvia, em 1991. Somado a isso, a democratização produzida pela glasnost pôs fim ao monolitismo comunista e abriu espaço para o multipartidarismo, dando surgimento aos movimentos nacionalistas que buscavam independência e colocavam em risco a existência da União Soviética.
Foi no cenário de luta por autonomia política dos países do Leste Europeu que, em 1989, ocorreu a queda do muro de Berlim por parte da população alemã, pondo fim a separação política e simbólica entre os dois lados da cidade. Lentamente, os países pertencentes à União Soviética foram se redemocratizando e exigindo mudanças.
Os golpes contra Gorbatchev
Uma série de protestos foram eclodindo em diversas regiões soviéticas durante a década de 80. Os movimentos nacionalistas ganhavam voz e vez. Dentre esses movimentos, se destacaram as manifestações separatistas oriundas da Lituânia, Estônia, Letônia, Geórgia, Azerbaijão, Moldávia e Ucrânia.
Em agosto de 1991, membros da burocracia conservadora soviética tiraram o Gorbatchev do poder, por meio de um golpe político, visando reverter a situação social da União Soviética marcada pela desorganização político-econômica.
Bóris Yeltsin, presidente da principal república soviética, a Rússia, convocou uma greve geral, contando com o apoio de milhares de civis e militares que, com muito esforço, derrotaram os golpistas. Com essa investida, Yeltsin foi muito prestigiado, ganhando lugar de destaque.
Com a retomada de Gorbatchev ao poder, o Partido Comunista da União Soviética (PCUS) é dissolvido, e sua liderança se torna o presidente da União. Em setembro de 1991, Gorbatchev reconhece a independência e soberania das repúblicas bálticas (Estônia, Lituânia e Letônia). Além disso, nesse mesmo mês, a Rússia, a Ucrânia e Bielorussia assinaram o acordo de Minsk, declarando o fim da União Soviética, criando no lugar desta a Comunidade de Estados Independentes (CEI).
Dias depois, em 25 de dezembro de 1991, Gorbatchev renuncia o cargo de presidente de um país que já estava desintegrado.
Consequências do fim da URSS e de seu passado glorioso
Mas, afinal, quais foram as consequências decorrentes da dissolução soviética? Foram muitas, e você pode conferir as principais consequências abaixo.
- Fim do socialismo: com o fim da União Soviética, houve uma adesão dos ex-países socialistas ao capitalismo e ao liberalismo político. Para esquecer as políticas totalitárias da antiga União Soviética, até os símbolos dos principais líderes comunistas foram derrubados e destruídos;
- Surgimento de uma Nova Ordem Econômica Internacional: o fim da União Soviética inaugurou uma nova ordem internacional no cenário mundial, tendo o capitalismo como fundamento maior;
- Crescente manifestação dos movimentos separatistas: a Federação Russa, nome adotado pela Rússia, sofreu profundas crises políticas, econômicas e territoriais diante dos movimentos separatistas que ainda emergiam, no caso da Chechênia. A ênfase na diversidade étnica da Rússia, como um dos fatores que instabilizaram socialmente e politicamente o Estado Russo.
- O posicionamento russo no cenário econômico mundial: após a derrocada da URSS, a Rússia se posicionou no cenário econômico mundial como a maior detentora e exportadora de gás e petróleo, chegando a fornecer cerca de 25% do gás consumido na União Europeia em 2006, por exemplo.
- A contínua crise política-territorial: a crise política soviética não finda com a queda da URSS, visto que mesmo depois de seu fim, a Rússia, cercada por dezenas de dificuldades sociais, viu subir ao poder um dos líderes nacionalistas mais carismáticos, Vladimir Putin. Com a promessa de tirar a Rússia da crise e de resgatar a glória do passado soviético, Putin busca manter a influência e domínio ideológico-político sobre os países que pertenciam outrora à União Soviética, como a Ucrânia.
Mapa mental
Como forma de tornar mais fácil a compreensão do tema estudando, confira abaixo o mapa mental construído em torno do assunto!
Gostou desse esquema visual bem resumido? Abaixo, assista a alguns vídeos que separamos para contribuir ainda mais no seu entendimento em torno do tema.
Mais do que restrito ao passado, o fim da União Soviética revela que suas consequências estão mais vivas e presente no nosso tempo do que se costuma pensar.
Por dentro do fim da união soviética
Com essa seleção de vídeos, você compreenderá melhor o contexto histórico da derrocada da URSS e aprenderá mais sobre as suas principais causas e desdobramentos.
Quais foram os principais responsáveis pelo fim?
No vídeo acima, o professor João explica brevemente o colapso da União Soviética, os principais responsáveis pela cadeia de eventos que culminou no fim da URSS.
As raízes do fim da União Soviética
No vídeo acima, você poderá conferir um mini documentário sobre quais foram as causas que contribuíram para o fim de uma das maiores potências mundiais.
Quais foram os impactos do fim da URSS no mundo?
Neste vídeo, você poderá conferir os principais impactos que o fim da União Soviética trouxe para o cenário mundial, especialmente para as repúblicas que antes estavam anexadas a ela.
O exercício de voltar os olhos para o passado a fim de compreender as raízes das crises políticas e sociais da atualidade é essencial. Gostou da matéria? Para saber mais dos desdobramentos do assunto no mundo contemporâneo, conheça uma das principais figuras responsáveis pelas disputas geopolíticas que envolvem a Rússia, Vladimir Putin.
Referências
Camaradas: uma história do comunismo mundial (2015) – Robert Service
O novo século: entrevista a Antonio Polito (2000) – Eric Hobsbawm
Por que o liberalismo fracassou? (2020) – Patrick J. Deneen
Por Thiago Abercio
Historiador e mentor educacional formado pela Universidade Federal de Pernambuco. Professor de História e de Repertório cultural e Ideias, redator e analista de conteúdo. Atualmente realiza pesquisas na área de História da arte e das mentalidades.
Abercio, Thiago. Fim da União Soviética. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/fim-da-uniao-sovietica. Acesso em: 05 de October de 2024.
1. [FGV]
“… com a subida de Gorbatchov ao poder, em 1985, a União Soviética iniciou a renovação de seus quadros dirigentes e pôs em prática a reformulação da legislação eleitoral, da administração popular e da economia…”
Das reformas a que o texto se refere surgiu a Glasnost:
a) um ousado plano de reestruturação da política e da economia que reduziu a participação soviética em conflitos fora da Europa.
b) uma doutrina da “soberania limitada” que previa a existência de governos coniventes com o monopólio de Moscou.
c) uma política de abertura, traduzida na campanha contra a corrupção e ineficácia administrativa, maior liberdade política, econômica e cultural.
d) uma forma mais liberal de comunismo que incluía a ampliação das liberdades sindicais e individuais na Rússia e excluía das mudanças os Estados satélites.
e) um plano quinquenal que priorizou a reforma agrária, a formação de cooperativas camponesas e adotou a educação obrigatória para todo o povo.
c) uma política de abertura, traduzida na campanha contra a corrupção e ineficácia administrativa, maior liberdade política, econômica e cultural.
O governo Gorbatchev inaugura um novo fazer político na União Soviética marcada pela reestruturação política e econômica e pela transparência no fazer político como um todo.
2. [UFMG]
A Perestroika é entendida como um processo de transformação global do sistema socialista da antiga URSS. Considerando-se esse processo de transformação, é CORRETO afirmar que:
a) a opção pela interdependência entre o aparelho do Estado e o aparelho partidário foi importante para o fim do autoritarismo vigente na esfera das instituições sociais e políticas.
b) o incremento da indústria de armamentos, em razão da posição hegemônica da URSS na Guerra Fria, gerou recursos importantes para a implementação de novas estratégias econômicas.
c) a Glasnost, como abertura democrática, abriu caminho para a reforma do Estado e para discussões ideológicas e assegurou transformações básicas na economia soviética.
d) o crescimento da economia soviética nos anos 80 deste século, a taxas bastante elevadas, impulsionou o processo de transformação do sistema socialista na URSS.
c) a Glasnost, como abertura democrática, abriu caminho para a reforma do Estado e para discussões ideológicas e assegurou transformações básicas na economia soviética.
Com a intenção de implementar um “socialismo humanizado”, Gorbatchev implantou políticas reformistas, de modo a reformar todo o sistema administrativo e burocrático. Mas apesar de sua intenção, ambas as políticas falharam e contribuiu para o surgimento de uma instabilidade na sociedade soviética.
3. [PUC-SP]
Sob a liderança de Mikhail Gorbachev, a “perestroika” buscou criar nova economia na URSS e a “Glasnost” buscou abertura política. Desapareceu a URSS e foi criada a CEI (Comunidade de Estados Independentes). Na política externa, o resultado mais importante das reformas no Leste Europeu foi:
a) o aumento do poderio bélico americano com a “Guerra nas Estrelas”.
b) a militarização do Japão em função das ameaças da Coreia do Norte.
c) o enfraquecimento da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
d) o fim da Guerra Fria.
e) a reestruturação do Pacto de Varsóvia.
d) o fim da Guerra Fria.
A dissolução da União Soviética desintegrou gradualmente as disputas e rivalidades existentes sintetizadas na Guerra Fria.