Ginástica Rítmica

Disputada exclusivamente por mulheres, essa modalidade reúne grupos corporais, passos de dança, manejo de aparelhos e acompanhamento musical de forma orgânica, harmoniosa e técnica.

Conhecida pela beleza, plasticidade, elegância e criatividade gestual, a Ginástica Rítmica é uma modalidade que combina técnica e expressão corporal em coreografias, apresentadas pelas ginastas individualmente ou em conjunto de cinco atletas. Nesta matéria, você verá elementos que caracterizam essa modalidade esportiva, seus aparelhos e suas principais regras, além de como se constituiu essa modalidade. Confira!

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Origem e história da Ginástica Rítmica

A Ginástica Rítmica resulta de relações entre as artes (dança, música e artes cênicas) e a pedagogia, estabelecidas no interior da Educação Física, no início do século XX. Assim surge essa prática, que apresenta, entre seus objetivos, a valorização da mulher, possibilitando a elas a realização de atividades gímnicas e esportivas predominantemente masculinas até então.

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Dessa relação, portanto, surge uma prática voltada à execução de movimentos rítmicos, dinâmicos e, principalmente, orgânicos, ou seja, envolvendo a totalidade do corpo da ginasta de maneira fluida. Essa modalidade era inicialmente realizada com foco na disciplina, no condicionamento e na estética do corpo, sendo referida como “Ginástica Moderna”.

Praticada exclusivamente por mulheres, a Ginástica Moderna começou a ser sistematizada em 1948, quando foi realizada a primeira competição da modalidade, na antiga União Soviética. Posteriormente, em 1951, foi fundada a Liga Internacional de Ginástica Moderna (LIGIM), em Viena. A fundação da LIGIM contribuiu para a difusão global da modalidade, bem como sua participação no Campeonato Mundial de Ginástica Artística de Praga, em 1962.

Nesse evento, as apresentações de Ginástica Moderna chamaram a atenção da Federação Internacional de Ginástica (FIG), que passou a reconhecê-la como modalidade independente. Com isso, em 1970, a FIG criou um código de pontuação, estabelecendo regras para essa modalidade. Nesse movimento de constituição, algumas nomenclaturas foram atribuídas, como “Ginástica Rítmica Moderna” e “Ginástica Rítmica Desportiva”, até que, em 1997, passou a ser oficialmente nomeada Ginástica Rítmica.

A Ginástica Rítmica no Brasil

No Brasil, a difusão da Ginástica Rítmica se iniciou em meados da década de 1950, por cursos ministrados pela professora Margareth Frõhlivh. Tais cursos foram promovidos pelo Departamento de Esportes do Estado de São Paulo, conjuntamente com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Entretanto, foi com os cursos e as demonstrações da professora húngara Ilona Peuker que essa modalidade passou a ser desenvolvida e difundida no país.

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Atuando como treinadora de jovens ginastas universitárias, Ilona Peuker liderou o primeiro grupo brasileiro de Ginástica Rítmica (Grupo Unido de Ginastas–GUG), criado em 1956. Em 1968, o GUG participou do primeiro campeonato nacional de Ginástica Rítmica. Assim, com a criação da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), em 1978, o Brasil passou a disputar a modalidade nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984.

Características da Ginástica Rítmica

Na Ginástica Rítmica, o júri estabelece uma pontuação para as séries (coreografias) apresentadas pelas ginastas, individualmente ou em conjunto de cinco atletas. A série é obrigatoriamente realizada com aparelhos (veja no próximo tópico). Entretanto, suas principais características referem-se a três elementos: os grupos corporais, os passos de dança e o manejo de aparelhos.

Os grupos corporais são a base para os movimentos coreográficos, sendo organizados em saltos, equilíbrios e rotações. Já os passos de dança podem ser derivados de qualquer estilo de dança, devendo complementar, com harmonia, o acompanhamento musical. Quanto ao manejo de aparelhos, é característica a movimentação circular e “em oito”, permitindo fluência e continuidade ao gesto. Sendo assim, conheça a seguir os aparelhos da modalidade.

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Aparelhos

A Ginástica Rítmica é composta por cinco aparelhos: corda, arco, bola, fita e massas. No entanto, em competições internacionais, a corda não é disputada, pois, com o tempo, tornou-se um aparelho obrigatório apenas nas categorias de base (início da formação esportiva). Dito isso, conheça as características desses aparelhos:

Corda

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A corda da Ginástica Rítmica deve ser leve e flexível e, preferivelmente, adequada ao tamanho da atleta. Além disso, não deve haver empunhadura em suas extremidades, apenas um nó, onde é segurada para o manuseio e para evitar que escape facilmente das mãos. Alguns dos movimentos possíveis nesse aparelho são: rotações, passagens por dentro, escapada e espirais.

Arco

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Popularmente chamado de bambolê, o arco da modalidade possui tamanho variado, adequando-se à altura da ginasta. Entretanto, oficialmente, deve possuir diâmetro entre 80 cm e 90 cm, feito a partir de plástico PVC. Assim, esse aparelho permite uma variedade de movimentações, dentre as quais: rotações e rotações em torno do eixo corporal, passagens por dentro e por cima, rolamentos e grandes lançamentos.

Bola

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A bola utilizada na modalidade é confeccionada com borracha, com diâmetro oficial entre 18 cm e 20 cm e peso de 400 g. Durante as movimentações, a bola não deve ser pressionada com os dedos ou contra o punho, apenas sustentada sobre a mão. Alguns movimentos desse aparelho são: rolamentos, trabalhos com a bola, quicadas, rotações, equilíbrios instáveis e grandes lançamentos.

Maças

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As maças são dois bastões com tamanhos específicos e comprimento de 40 cm a 50 cm. Esse é o único aparelho da modalidade usado em par. Elas são feitas de plástico e pesam 150 g. Devem ser seguradas pela bolinha (“cabeça”) localizada em uma de das duas extremidades (a outra extremidade é chamada “corpo”). Compõem os movimentos desse aparelho: pequenos círculos, molinetes, movimentos assimétricos, deslizamentos e pequenos lançamentos.

Fita

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A fita é o aparelho mais característico da Ginástica Rítmica, com movimentações marcantes e possibilidade de formação de diversas figuras coreográficas. Ela é composta por um estilete de madeira ou fibra de vidro, medindo de 50 cm a 60 cm, com 1 cm de diâmetro. No estilete, é fixada uma fita de cetim com extensão de 6 m. São movimentos típicos desse aparelho: passagem por dentro da figura, escapadas, espirais e serpentinas.

Esses são os aparelhos da Ginástica Rítmica, bem como suas possibilidades de movimentos. Ainda, ao fim da matéria, você encontra um vídeo complementar, apresentando-os e demonstrando as movimentações mencionadas. É importante ressaltar que os aparelhos utilizados nas séries são considerados extensões do corpo da ginasta, ou seja, devem ser manuseados com organicidade, demonstrando continuidade e naturalidade nos movimentos apresentados.

Regras e pontos

Todo Estudo

O organograma acima ilustra, em termos gerais, como se organiza a modalidade, ressaltando seus aspectos principais, conforme apresentados ao longo desta matéria. Desse modo, para compreender melhor a organização da Ginástica Rítmica, é importante conhecer também suas regras e seu sistema de pontuação. Desse modo, são apresentadas, a seguir, as principais normativas estabelecidas para essa modalidade gímnica. Acompanhe:

Sistema de pontuação

Ao atentar para o sistema/código de pontuação da Ginástica Rítmica, é importante entender que os pontos atribuídos às séries das ginastas decorrem de dois elementos: dificuldade e execução. O elemento dificuldade refere-se a saltos, equilíbrios e rotações. Cada um desses movimentos executados pela ginasta recebe uma nota das árbitras. Nesse elemento, não há uma pontuação máxima.

Já o elemento execução refere-se ao nível de execução técnica das dificuldades. Para esse elemento, a ginasta inicia a série com 10.00 pontos, dos quais as árbitras descontam pontos por cada erro observado durante a série. Assim, tanto para atribuir quanto para retirar pontos, as árbitras baseiam-se nas descrições e orientações apresentadas no código de pontuação.

Desse modo, as árbitras avaliam esses dois elementos em relação aos grupos corporais, aos passos de dança, ao acompanhamento musical e ao manejo dos aparelhos. Na avaliação, observam se esses elementos são apresentados pela ginasta de forma dinâmica, criativa, lúdica, limpa e com características próprias, ou seja, com perfeição técnica. Assim, ao fim da série, as pontuações são calculadas pelo árbitro de mesa, que apresenta a nota final.

Regras básicas

Conhecida a organização da modalidade, bem como seu sistema de pontuação, veja agora suas regras básicas:

  • As apresentações individuais possuem duração de 1’ a 1’15’’.
  • As apresentações em conjunto são feitas com cinco ginastas, com tempo entre 2’15’’ a 2’30’’.
  • A categoria conjunto é dividida em dois momentos. No primeiro, as ginastas apresentam uma série com cinco aparelhos iguais, por exemplo, maças. No segundo, apresentam uma série com aparelhos mistos, por exemplo, dois arcos e três fitas.
  • A área oficial destinada à apresentação da modalidade consiste em um tablado, cuja medida é de 13 m X 13 m.
  • Os passos de dança apresentados na série devem durar, no mínimo, 08 segundos, sem um limite máximo. Entretanto, é obrigatório o deslocamento durante esses exercícios.
  • O uniforme da modalidade é um collant, feito com tecido flexível, deixando livres as articulações da ginasta. Ele pode ser de mangas curtas ou longas. Também podem ser usados macacões, apesar de ter caído em desuso pelas ginastas.
  • As categorias de idade para as competições da modalidade são: Pré-Infantil (09 e 10 anos), Infantil (11 e 12 anos), Juvenil (13 e a 15 anos) e Adulta (a partir de 16 anos).

Essas são as principais regras da Ginástica Rítmica, referentes a aspectos fundamentais da modalidade, conforme regulamentos da CBG. É importante conhecê-las para entender a organização geral dessa prática. As demais normativas estabelecidas para a modalidade dizem respeito aos elementos avaliados nas séries, conforme apresentados anteriormente. Nelas, são descritas as qualidades dos movimentos, além de estabelecido o sistema de pontuação, bem como outras diretrizes técnicas.

Curiosidades sobre a Ginástica Rítmica

Agora que você já se familiarizou com alguns aspectos da modalidade, como sua história, seus aparelhos e suas normativas, confira abaixo algumas curiosidades sobre a Ginástica Rítmica:

  • Apesar de atletas masculinos praticarem a modalidade, oficialmente, apenas ginastas femininas participam de competições.
  • As ginastas não podem usar collants transparentes, exceto se vestirem corpete por baixo.
  • Se um aparelho cair fora da demarcação do tablado, a ginasta pode utilizar um aparelho reserva. Entretanto, ela não pode reiniciar ou repetir a apresentação.
  • Para cabelos longos, o “coque bailarina” ou o “rabo de cavalo” são obrigatórios. Adornos grandes, como penas, laços, flores e fitas são proibidos. Entretanto, algumas ginastas buscam inovar no penteado, utilizando, por exemplo, tranças embutidas.
  • É proibida a realização de aquecimentos no espaço de competição, sujeito a penalização.
  • As ginastas de maior notoriedade na modalidade são as búlgaras Maria Gigova e Maria Petrova, as russas Anna Bessonova e Yevgeniya Kanayeva e a canadense Lori Fung.
  • Entre as ginastas rítmicas brasileiras, destacam-se Natália Gaudio, do Espírito Santo, e Bárbara Domingos e Angélica Kvieczynski, ambas do Paraná.

Essas são algumas curiosidades referentes à modalidade. Para saber mais sobre ela, confira os vídeos a seguir.

Vídeos e apresentações

A seguir, você encontra vídeos complementares ao conteúdo apresentado nesta matéria, para aprender mais sobre a Ginástica Rítmica. Não deixe de conferir!

Regras da modalidade

Esse vídeo ilustra regras básicas da modalidade, além de seus aparelhos, conforme apresentado nesta matéria. Veja!

Manejo dos aparelhos

Nesse vídeo, são explicadas as movimentações possíveis para os aparelhos oficiais da Ginástica Rítmica mencionados na matéria, conforme seus formatos e características físicas. Veja!

Série individual

Esse vídeo apresenta a série da ginasta brasileira Bárbara Domingos, na final dos Jogos Pan-Americanos Lima 2019. Confira e veja como é uma série individual da modalidade com o aparelho fita.

Série em conjunto

Ja aqui, você confere a apresentação do conjunto espanhol nas Olimpíadas Rio 2016, realizada com manejo de maças e arcos.

Nesta matéria, você conheceu a história, aparelhos, regras e curiosidades da Ginástica rítmica, uma modalidade gímnica disputada por mulheres em todo o mundo. Continue estudando sobre essas manifestações aprendendo também sobre a Ginástica Artística.

Referências

Ginástica Escolar (2016) – Antonio Carlos Monteiro de Miranda e Fernanda Soares Nakashima

João Paulo Marques
Por João Paulo Marques

Professor de Educação Física graduado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Mestrando em Práticas Sociais em Educação Física (PEF-UEM/UEL). Pesquisador integrante do Grupo de Pesquisa Corpo, Cultura e Ludicidade (GPCCL/UEM/CNPq) e do Grupo de Estudos Foucaultianos (GEF/ UEM/CNPq).

Como referenciar este conteúdo

Marques, João Paulo. Ginástica Rítmica. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/educacao-fisica/ginastica-ritmica. Acesso em: 29 de March de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [UFPR-2011]

A respeito da Ginástica Rítmica, identifique as afirmativas a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F):

( ) A Ginástica Rítmica é uma modalidade esportiva totalmente baseada nos exercícios de solo.

( ) Na Ginástica Rítmica, os movimentos são realizados em harmonia com a música e coordenados com o manejo de aparelhos ou aparatos próprios da modalidade, que são a fita, a bola, o arco, o bastão e as maças.

( ) Como é uma modalidade exclusivamente feminina e com alto grau de especificidade, o desenvolvimento da Ginástica Rítmica na escola é desaconselhado, a fim de preservar os princípios de coeducação e participação.

( ) Nas competições oficiais de Ginástica Rítmica, as atletas podem competir individualmente ou em grupos ou conjuntos com 3 a 5 integrantes.

( ) Terminar a apresentação fora da área demarcada ou sair dela durante a série constitui infração que resulta na aplicação de penalidade.

Assinale alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
a) F – F – V – F – V
b) V – F – V – F – V
c) V – V – F – V – F
d) V – F – F – F – V
e) F – V – F – V – F

A reposta correta é: d) V – F – F – F – V.

2. [UEM-2018]

Sobre gênero, mulheres e práticas corporais e esportivas, assinale o que for correto.

01) As incursões das mulheres no mundo esportivo questionaram e romperam mitos, como os de fragilidade e de perda da feminilidade, os quais indicavam que o esporte não era um espaço para mulheres.

02) As primeiras inserções das mulheres brasileiras no mundo dos esportes passaram a acontecer a partir da metade do século XX.

04) Na atualidade, verifica-se um movimento de empoderamento das mulheres por intermédio de sua inserção em práticas esportivas consideradas masculinas.

08) As relações de poder entre homens e mulheres no campo esportivo têm se configurado de forma equilibrada, em posições e acessos para ambos os gêneros.

16) A ginástica rítmica surge e consolida a presença da mulher no universo gímnico competitivo, mas para isso assume princípios de feminilidade socialmente aceitos. Nessa modalidade competitiva, os movimentos fluentes e a dinâmica dos movimentos rítmicos sobrepõem os movimentos de força considerados masculinos.

A reposta correta é: 23 (01-02-04-16)

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