Ginástica de trampolim

Ginástica de trampolim é uma modalidade esportiva que consiste na realização de saltos acrobáticos a partir de impulsos realizados em camas elásticas.

A ginástica de trampolim também é chamada apenas de trampolim ou de GT. É uma modalidade gímnica esportiva em que o atleta realiza saltos e acrobacias no ar, pulando em uma cama elástica, chamada de trampolim, para desenvolver movimentações específicas. Nesse sentido, preparamos esta matéria para você conhecer algumas características dessa modalidade, como história, provas, movimentos e regras. Acompanhe.

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História da ginástica de trampolim

A história da ginástica de trampolim, embora sem uma data precisa para tratar de seu surgimento, é marcada pelos acrobatas de circo da Idade Média. Isso porque, eles utilizavam tábuas flexíveis para a realização de performances acrobáticas, assim como os trapezistas, que usavam redes elásticas para impulsionar a si mesmos em saltos e, assim, realizar performances acrobáticas em trapézios. Portanto, eles são considerados os precursores da modalidade.

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Contudo, a esportivização da ginástica de trampolim ocorreu por intermédio do professor de educação física estadunidense George Nissen, na década de 1930. Nissen foi responsável por adaptar as redes dos trapezistas de circo, de modo a potencializar as impulsões para os saltos. Com isso, o aparelho criado por ele passou a ser utilizado por atletas de Saltos Ornamentais e de Ginástica Artística durante seus treinamentos.

Assim, o interesse no trampolim desenvolvido por Nissen mobilizou atletas dessas modalidades a organizarem competições exclusivas para demonstrações de saltos nesse aparelho. Logo, a modalidade foi se inserindo em programas de educação física escolar, universitária e também de treinamento militar. Isso deu à ginástica de trampolim uma visibilidade que contribuiu para sua difusão e aceitação como prática esportiva.

Desse modo, começaram a ser organizadas competições entre diferentes países, incluindo, inicialmente, países americanos e europeus. Com isso, a partir da segunda metade do século XX passaram a ser disputados os Campeonatos Mundiais da modalidade. Nesse período, o trampolim recebeu a configuração bienal, durante a 5ª edição do evento, realizada em Amersfoort (Holanda) em 1968. Desde então a modalidade tem ganhado adeptos e apreciadores em todo o mundo.

Sobre a modalidade no Brasil

No Brasil, a ginástica de trampolim compunha, inicialmente, programas de treinamento do Colégio Militar do Rio de Janeiro. Contudo, enquanto modalidade esportiva, teve o professor de educação física José Martins de Oliveira como responsável pela organização dos primeiros campeonatos nacionais, a partir de 1975. Assim, a participação do país em um Campeonato Mundial aconteceu pela primeira vez em 1990, na edição realizada na cidade de Essen (Alemanha).

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Logo após a realização dos primeiros campeonatos no país a modalidade passou a ser regulamentada pela Confederação Brasileira de Trampolim e Esportes Acrobáticos. No entanto, com a exigência do Comitê Olímpico Internacional (COI) para que a modalidade fosse agregada à Federação Internacional de Ginástica (FIG), em 1999, ela passou a ser regida, então, pela Confederação Brasileira de Ginástica (CBG).

O trampolim nas Olimpíadas

A prova de trampolim individual é a única das quatro provas da modalidade a ser disputada nos Jogos Olímpicos, tendo sido incluída no programa na edição de Sidney 2000. Desde então, os chineses têm se destacado entre os ginastas a subirem ao pódio. No total, o país conquistou 11 medalhas olímpicas (3 ouros, 2 pratas e 6 bronzes) nas categorias masculina e feminina.

Embora incluída no quadro olímpico há duas décadas, a participação brasileira nas competições de trampolim é bem recente. O primeiro e único atleta a representar o país nas disputas olímpicas da modalidade até então foi o goianiense Rafael Andrade. O atleta conquistou a vaga para disputar a edição Rio 2016 durante o Campeonato Mundial de 2015, disputado na Dinamarca. Entretanto, ocupou a 15ª colocação nas Olimpíadas do Rio.

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Como funciona a modalidade?

A ginástica de trampolim pode ser disputada tanto por homens quanto por mulheres, chamados/as de trampolinistas. Ela consiste, portanto, na realização de saltos e acrobacias aéreas, variando em dificuldade e formas de execução dos movimentos, além dos aparelhos envolvidos, conforme as provas disputadas. Logo, os atletas disputam em quatro tipos de provas distintas, sendo elas: individual, sincronizado, duplo mini-trampolim e tumbling.

Desse modo, os movimentos executados são avaliados pela arbitragem, que desconta pontos dos movimentos executados a partir de critérios previamente estabelecidos nos regulamentos das competições. Esses critérios, por sua vez, atendem a determinações dos comitês técnico e executivo da FIG. Sendo assim, confira a seguir detalhes a respeito das provas disputadas por esses atletas e de alguns dos movimentos realizados por eles.

Provas

  • Trampolim Individual: sendo a única prova disputada nas Olimpíadas, o trampolim individual consiste em saltar uma cama elástica com medidas de 5 m x 3 m x 1,15 m e executar 20 movimentos técnicos obrigatórios. Tais movimentos são organizados em duas rotinas de 10 elementos cada, os quais devem ser executados com perfeição e de modo ininterrupto.
  • Trampolim Sincronizado: seguindo a mesma configuração do trampolim individual, essa prova é realizada por dois trampolinistas ao mesmo tempo. Para isso, duas camas elásticas são posicionadas paralelamente a uma distância de 2 m entre elas, sendo destinadas uma para cada ginasta, para que executem a série de modo simultâneo e sincronizado.
  • Duplo mini-trampolim: nessa prova é utilizado um aparelho com dimensões menores (3,50 m x 90 cm x 70 cm), sob o qual o atleta deve realizar duas passadas (performances de salto) com dois elementos acrobáticos em cada uma. Para isso realiza uma corrida de aproximação e salta no aparelho, realizando o primeiro elemento e retomando o impulso para o segundo, continuamente.
  • Tumbling: nessa prova o trampolinista deve realizar oito elementos acrobáticos em cada passada, devendo ser realizadas quatro passadas com elementos diferentes ao longo da competição. Além disso, diferentemente das outras provas, esta ocorre em uma pista de 26 m de comprimento, ao longo da qual o ginasta realiza os elementos da série de modo contínuo.

Movimentos

  • Pike: salto mortal realizado com o corpo carpado.
  • Barani: salto mortal realizado para a frente com meia volta.
  • Triple back: salto mortal triplo realizado com o corpo todo estendido.
  • Adolph: salto mortal realizado para a frente e composto por três piruetas e meia.
  • Miller: duplo mortal realizado com três piruetas.

Como é possível observar, o funcionamento da modalidade como um todo sofre variações conforme as provas realizadas. Entretanto, a ginástica de trampolim mantém em sua dinâmica a realização de movimentos acrobáticos comuns a ambas as provas. O que varia, portanto, são as regras específicas para cada prova da modalidade. Nesse sentido, veja a seguir as regras que configuram a modalidade.

Regras

Como comentado acima, as regras da modalidade são determinadas pela FIG. Desse modo, ela estabelece as condições para as competições, o que envolve: dimensão dos aparelhos, formato das competições, composição dos elementos obrigatórios (número e grau de dificuldade), valores/pontos dos elementos acrobáticos, normas de vestimenta, função da equipe de arbitragem, entre outras. Frente a isso, veja a seguir as regras fundamentais para que você entenda o funcionamento da modalidade.

Regras gerais

  • As competições de trampolim ocorrem em locais fechados, cuja altura mínima deve ser de 8 metros. Além disso, são organizadas em duas fases: preliminares e finais.
  • Na fase preliminar os trampolinistas devem realizar séries com elementos obrigatórios, conforme estabelecido pela FIG. Assim, cada série realizada é avaliada a partir dos elementos apresentados para obter uma pontuação final.
  • Além da série obrigatória, os ginastas também devem realizar uma série livre, em que executam movimentações acrobáticas de escolha própria. Nessa série, a nota é maior conforme o grau de dificuldade dos movimentos executados, ou seja, a dificuldade é o principal critério avaliado.
  • Assim, são selecionados os oito melhores atletas dentre os 24 classificados para disputarem a fase final da modalidade. Nessa fase os trampolinistas devem apresentar séries livres e com elementos diferentes dos apresentados na série livre da fase preliminar.
  • O número de elementos a serem realizados nas séries varia conforme a prova em questão, como explicado anteriormente. Além disso, os elementos acrobáticos envolvem saltos simples, duplos, triplos e até quádruplos, podendo ser realizados com ou sem piruetas e de formas variadas, a exemplo dos movimentos descritos acima.
  • Cada ginasta recebe uma pontuação do júri para a série apresentada, a partir dos valores atribuídos pela equipe de arbitragem com base na dificuldade e na execução técnica de cada elemento.

Regras de pontuação

  • A respeito da execução técnica dos movimentos, cinco árbitros ficam responsáveis por avaliá-la. Assim, os trampolinistas iniciam suas séries com uma nota de 10 pontos e, no decorrer da série, a equipe de arbitragem desconta pontos a partir dos critérios estabelecidos. Desse modo, ao final da série a maior e a menor nota são eliminadas e as demais são somadas para definir a pontuação final.
  • A exceção quanto à avaliação da execução técnica é a prova de trampolim sincronizado, em que a pontuação é definida por quatro árbitros.
  • A dificuldade dos elementos técnicos é avaliada por dois árbitros, sendo que cada elemento possui um valor específico. Assim, o valor atribuído ao atleta para esse critério varia conforme a execução de cada movimento e os movimentos realizados, baseando-se na tabela de pontuação proposta pelo regulamento da competição.
  • Além desses critérios, na prova de trampolim sincronizado é avaliada a sincronia dos trampolinistas. Desse modo, três árbitros avaliam esse critério, eliminando-se a maior e a menor nota atribuídas e multiplicando-se a nota restante por dois.
  • A nota final dos trampolinistas para cada série apresentada é obtida a partir da soma da pontuação obtida nos critérios avaliados.

Essas são as regras fundamentais para a compreensão da modalidade e do funcionamento das competições. Agora que você já as conhece e sabe como ocorrem as provas de trampolim, que tal conferir algumas curiosidades sobre esse esporte?

Curiosidades

Veja a seguir algumas curiosidades da ginástica de trampolim que selecionamos para que você conheça melhor a modalidade.

  • Londres foi a sede das primeiras competições internacionais de ginástica de trampolim, ocorridas em 1964 e 1965.
  • Como é proibida a apresentação das séries de ginastas descalço, os atletas devem usar sapatilhas próprias para a modalidade ou meias.
  • O trampolim foi incluído nos Jogos Pan-Americanos na edição de 1955, realizada na Cidade do México.
  • O primeiro campeonato oficial da modalidade ocorreu nos Estados Unidos da América, no ano de 1948.
  • Os primeiros ouros olímpicos da modalidade foram conquistados pelos russos Irina Karavaeva e Alexander Moskalenko, na edição de Sidney 2000.

Essas são algumas curiosidades que selecionamos para você conhecer um pouco mais sobre a modalidade, seus praticantes e suas características históricas. Quer saber mais sobre o trampolim? Então confira os vídeos a seguir.

Saiba mais sobre a ginástica de trampolim

A seguir você encontra alguns vídeos que selecionamos para você complementar o conteúdo apresentado nesta matéria e entender melhor a modalidade. Não deixe de conferi-los.

Características da modalidade

Nesse vídeo o professor de ginástica Wanderson Zambeli apresenta um panorama geral das regras de uma competição de ginástica de trampolim, comentando a respeito da organização, das pontuações, execuções técnicas e classificações de atletas. Assista para entender essas características e a configuração da modalidade.

Regras

Esse vídeo apresenta as regras da ginástica de trampolim, ilustrando características e medidas dos aparelhos, tipos de salto e movimentos realizados pelos atletas, assim como a forma de atribuição de ponto e as provas da modalidade. Não deixe de conferir para reforçar o conteúdo apresentado a respeito dessa temática.

Provas do trampolim

Separamos esse vídeo para que você veja como os atletas disputam as provas da modalidade. Desse modo, ele apresenta um compilado de séries executadas em diferentes competições, demonstrando a execução de cada uma das quatro provas da modalidade. Assista para conferi-las e entender melhor como ocorrem as disputas.

Brasil nas Olimpíadas

Como comentado na matéria, o Brasil teve apenas uma participação nas disputas olímpicas de trampolim. Portanto, confira nesse vídeo a segunda série apresentada pelo trampolinista brasileiro Rafael Andrade nas Olimpíadas Rio 2016.

Embora o trampolim seja uma modalidade gímnica esportiva com histórico jovem, já é amplamente conhecida e praticada ao redor do mundo. Nesta matéria você conferiu algumas de suas características e pode compreender um pouco a seu respeito. Continue seus estudos sobre as modalidades gímnicas conferindo nossa matéria sobre a Ginástica Rítmica.

Referências

Confederação Brasileira de Ginástica [On-line] – Disponível em: https://www.cbginastica.com.br/. Acesso em: 05 fev. 2021.

Comitê Olímpico do Brasil [On-line] – Disponível em: https://www.cob.org.br/pt/. Acesso em: 05 jan. 2021.

Comitê Olímpico Internacional [On-line] – Disponível em: https://www.olympic.org/. Acesso em: 05 fev. 2021.

Federação Internacional de Ginástica [On-line] – Disponívem em: https://www.gymnastics.sport/site/. Acesso em 05 fev. 2021.

Ginástica de Trampolim (2016) – Inteligência Esportiva.

João Paulo Marques
Por João Paulo Marques

Professor de Educação Física graduado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Mestrando em Práticas Sociais em Educação Física (PEF-UEM/UEL). Pesquisador integrante do Grupo de Pesquisa Corpo, Cultura e Ludicidade (GPCCL/UEM/CNPq) e do Grupo de Estudos Foucaultianos (GEF/ UEM/CNPq).

Como referenciar este conteúdo

Marques, João Paulo. Ginástica de trampolim. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/educacao-fisica/ginastica-de-trampolim. Acesso em: 29 de March de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [SEDU/ES-2012]

Existem vários tipos de ginástica que podem integrar um plano pedagógico de educação física escolar. Considerando esse assunto, julgue os próximos itens com relação à correta caracterização do tipo de ginástica nele identificado.

A ginástica de trampolim, que envolve, entre outros, saltos de diversos tipos e piruetas, é uma modalidade olímpica realizada em minitrampolim e em cama elástica.

( ) Certo.
( ) Errado.

A resposta está errada, pois, como pontuado na matéria, a única prova olímpica da modalidade disputada na cama elástica é o Trampolim Individual. O duplo mini-trampolim, também disputado na cama elástica, assim como o Trampolim Sincronizado, não é disputado nas Olimpíadas.

2. [UEM-2010]

A ginástica de trampolim, como esporte competitivo, é disputada por homens e mulheres separadamente e inclui as seguintes provas e aparelhos: Trampolim Individual, Trampolim Sincronizado, Duplo Minitrampolim e Tumbling.

( ) Certo.
( ) Errado.

A resposta está certa. Como ressaltado na matéria, tanto mulheres quanto homens (chamados de trampolinistas) podem disputar a modalidade, que se constitui como uma manifestação gímnica esportiva organizada em quatro provas.

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