Walter Benjamin

Benjamin teorizou sobre a autenticidade das obras de arte, mostrando as condições em que elas são reproduzíveis.

Walter Benjamin é considerado um dos autores mais inclassificáveis e únicos da Escola de Frankfurt. Embora suas ideias não tenham sido bem recepcionadas em sua época, sua obra é considerada atualmente como uma das mais relevantes de seu tempo. A seguir, saiba mais sobre a vida e as teorias principais desse pensador:

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Biografia

Fotografia de Walter Benjamin
Fotografia de Walter Benjamin por Gisèle Freund, 1935.

Walter Benjamin nasceu em 1892, descrevendo a si mesmo como uma criança que cresceu em uma família de classe média-alta, em Berlim. Desde cedo, investiu em seus estudos na filosofia e se filiou ao Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt.

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Embora conhecido pelo conceito de indústria cultural, Theodor Adorno teorizou também sobre a racionalidade instrumental e sua crítica ao capitalismo.
Cultura de massa
Cultura de massa é o termo designado para se referir ao produto oriundo da Indústria Cultural de objetivo pura e simplesmente comercial.
Escola de Frankfurt
A Escola de Frankfurt produziu uma teoria crítica da sociedade sob a necessidade de atualizar o marxismo para a realidade contemporânea.

Assim, foi na década de 1920 que ele se aprofundou no marxismo, e gerou reflexões que misturavam essa filosofia com o judaísmo e o romantismo alemão. Contudo, suas ideias não foram bem recepcionadas na época. Em 1928, sua tese de doutorado foi rejeitada pela universidade.

Com a desilusão acadêmica, Benjamin ainda trabalhava como crítico e tradutor. Entretanto, em 1933, o nazismo fez com que ele fosse perseguido, fugindo para França. Anos depois, em 1940, o autor foi preso na fronteira do país com a Espanha, e sua opção foi o suicídio.

Teoria

Walter Benjamin escreveu textos refletindo sobre diversos assuntos. Para escrevê-los, recebeu influências de autores como Karl Marx, Charles Budelaire, e Marcel Proust. Entretanto, talvez o tema que se tornou mais conhecido em sua obra tenha sido o da arte.

Segundo Benjamin, uma obra artística é autêntica principalmente pela sua tradição – ou seja, ela carrega em si as marcas da passagem do tempo desde que foi produzida e, além disso, ela possui um significado no contexto do seu local de criação.

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As reproduções da obra original podem imitar com perfeição todas as suas características, menos a sua autenticidade. Em outras palavras, a autenticidade não pode ser reproduzida. É nesse contexto de reflexão que surge também o conceito de aura.

A aura

Na obra Pequena história da fotografia, Benjamin apresenta uma noção de aura, que é bastante similar ao de autenticidade. Nesse texto, o autor argumenta como as primeiras fotografias, tiradas com limitações técnicas, possuíam aura, enquanto as fotos modernas não.

Assim, a aura não consegue ser apropriada simplesmente e reproduzida. Logo, ela diz respeito a uma característica da obra que surge em seu contexto, não se reduzindo à técnica. Posteriormente, diversos autores reformularam e revisaram esse mesmo conceito.

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Benjamin e a indústria cultural

Adorno e Horkheimer foram os autores responsáveis por formular o conceito de indústria cultural. Para eles, participantes da primeira geração da Escola de Frankfurt, a sociedade capitalista avançou de tal forma que até os bens culturais e artísticos são produzidos em escala industrial.

Conforme Adorno e Horkheimer, essa indústria de cultura acaba moldando os gostos das pessoas em um padrão e aumenta o grau de alienação das pessoas. Entretanto, para Benjamin, esse processo não se limita a causar esses efeitos.

Segundo Benjamin, as obras artísticas reproduzidas no mundo moderno contribuem também para a democratização da arte e o seu fácil acesso para um público amplo. Assim, não é possível concluir que as produções culturais acabam apenas agravando a alienação da sociedade.

Benjamin e a arte

Como já foi possível notar, boa parte da obra de Benjamin foi dedicada a pensar as diferentes modalidades artísticas, incluindo a fotografia e a literatura. Essa não é uma característica única na Escola de Frankfurt, já que Theodor Adorno também nutria esse interesse.

Assim, na condição de crítico literário, Benjamin é considerado por muitos um pensador da cultura. Muitos de seus textos possuem uma escrita até poética, diferentemente das obras tradicionalmente acadêmicas, refletindo a sua conexão com a arte e a sociedade.

Principais obras

Walter Benjamin acabou tendo uma vida curta devido à perseguição nazista que sofreu. Entretanto, diversos textos produzidos pelo autor restaram e são um ponto de partida para diversas reflexões atuais. Conheça algumas de suas obras:

  • O conceito de crítica de arte no romantismo alemão (1919)
  • Tomo (1928)
  • Pequena história da fotografia (1931)
  • A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica (1936)
  • Teses sobre o conceito de história (1940)

A obra de Arte na Era de Sua Reprodutibilidade Técnica

Esse é o livro mais conhecido de Walter Benjamin, apresentando suas reflexões sobre a aura, a autenticidade, e como a obra de arte é reproduzida na sociedade moderna. Assim como seus colegas da Escola de Frankfurt, ele tece críticas ao capitalismo e a ideologia burguesa.

Entretanto, a visão de Benjamin não é de todo pessimista. O autor não vê no modo de produção cultural moderno apenas uma forma de alienação e de propagação das ideologias capitalistas. Logo, existem outros fenômenos a serem analisados nesse contexto.

Vídeos sobre vida e obra de Walter Benjamin

Para entender mais do autor, é importante debater sobre os assuntos que o envolvem e ouvir a discussões a respeito. Assim, confira a seguir uma série de vídeos que trarão diferentes aspectos de Walter Benjamin:

Biografia

No vídeo acima, ouça diversos especialistas falando sobre o autor, acompanhado de uma pequena narrativa sobre sua história de vida.

Indústria cultural

A indústria cultural foi um dos conceitos mais importantes produzidos na Escola de Frankfurt. Entenda sobre o que a perspectiva de Benjamin traz do assunto.

A aura da obra de arte

A aura não é um conceito facilmente entendido na obra de Benjamin, e existem diversas interpretações. Confira uma discussão sobre esse termo acima.

A arte e a sua reprodução

Veja uma resenha do livro A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica, o mais conhecido de Walter Benjamin.

“A lontra”, de Walter Benjamin

Dentre os diversos textos publicados por Benjamin, A lontra é interessante para mostrar como o autor escrevia e expunha suas ideias.

Desse modo, Benjamin é um importante pensador para utilizar como referência em reflexões artísticas e culturais. Para ampliar o debate, confira a matéria sobre cultura e identidade cultural.

Referências

A filosofia da história de Walter Benjamin – Michael Löwy;

Reprodutibilidade técnica VS Experiência aurática: apontamentos sobre Walter Benjamin – Célia Martins.

Mateus Oka
Por Mateus Oka

Mestre em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Cientista social pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Realiza pesquisas na área da antropologia da ciência.

Como referenciar este conteúdo

Oka, Mateus. Walter Benjamin. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/sociologia/walter-benjamin. Acesso em: 26 de April de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [UEM]

“Com o advento do século XX, as técnicas de reprodução atingiram tal nível que, em decorrência, ficaram em condições não apenas de se dedicar a todas as obras de arte do passado e de modificar de modo bem profundo os seus meios de influência, mas de elas próprias se imporem, como formas originais de arte. Com respeito a isso, nada é mais esclarecedor do que o critério pelo qual duas de suas manifestações diferentes – a reprodução da obra de arte e a arte cinematográfica – reagiram sobre as formas tradicionais de arte. À mais perfeita reprodução falta sempre algo: o hic et nunc (aqui e agora) da obra de arte, a unidade de sua presença no próprio local onde se encontra. É a essa presença, única, no entanto, e só a ela que se acha vinculada toda a sua história.”
(BENJAMIN, W. A obra de arte na época de suas técnicas de reprodução. In: ARANHA, M. L. Filosofar com textos: temas e história da Filosofia. São Paulo: Moderna, 2012, p. 82).

A partir do texto citado, assinale o que for correto.

01) Para o filósofo, a reprodução em escala das obras de arte as desvincula de seu tempo histórico.
02) Para o filósofo, as técnicas de reprodução artística retiraram a originalidade das obras de arte.
04) Para o filósofo, as técnicas de reprodução artística não conseguem produzir obras de mesmo nível artístico daquelas obras elaboradas antes do século XX, visto que essas técnicas se perderam ao longo do tempo.
08) Para o filósofo, a arte cinematográfica e as reproduções artísticas são exemplos da perfeita vinculação da arte com o seu tempo.
16) Para o filósofo, a obra de arte está ligada diretamente ao seu momento histórico de criação, o que é uma marca de sua originalidade.

Resposta: 01 + 02 + 16 = 19.

Justificativa: a autenticidade ou a originalidade de uma obra está ligada com a sua tradição, ou seja, o contexto histórico em que foi produzida. As técnicas de reprodução não conseguem reproduzir essa própria história.

2. [UNIMONTES]

Considerado o inventor da crítica moderna, Walter Benjamin teve uma vida atribulada, marcada por dificuldades pessoais e trágicas circunstâncias políticas. Colaborou e participou de movimentos importantes, entre eles, a União Livre dos Estudantes. Unindo-se a outros pensadores por amizade, deu início, em 1930, a um grupo de pesquisa que ficou conhecido mundialmente. Com qual nome ficou conhecido o grupo a que pertenceu Walter Benjamin?

a) Escola de Viena.
b) Escola de Frankfurt.
c) Escola de Marburgo.
d) Escola Eleata.

Resposta: b

Justificativa: a vertente teórica em que Benjamin pertence é a mesma de Theodor Adorno e Max Horkheimer – a escola de Frankfurt.

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