Como fazer uma boa redação

A escrita de uma boa redação não é tarefa fácil e exige atenção a alguns detalhes. Portanto, confira algumas dicas que podem contribuir com esse processo.

Uma parte significativa das relações interpessoais estabelecidas na atualidade é mediada pela escrita. Frente a isso, a capacidade de redação é exigida das pessoas em diversos momentos do cotidiano, como: provas de redação em colégio, ENEM, vestibulares, concursos, relações contratuais e afins. Desse modo, esta matéria apresenta cinco dicas que podem contribuir para o processo de redação textual e potencializar sua capacidade de escrita. Acompanhe.

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Índice do conteúdo:

Dicas de como fazer uma redação

Para começarmos, é importante ressaltar que não há uma estrutura rígida e/ou uma proposta universal a respeito da melhor forma de se fazer uma redação. Há, no entanto, alguns aspectos para os quais é importante direcionar a atenção no processo de elaboração textual. É nesse sentido que serão apresentadas as dicas a seguir, com a finalidade de lhe auxiliar nesse processo. Vamos a elas?

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1. Preparação

O hábito da leitura é fundamental para a preparação para uma redação textual. Sejam textos simples (em revistas ou redes sociais) ou obras densas (como livros de filosofia ou genética), a leitura estimula a percepção dos diferentes estilos de escrita. Além disso, esse hábito favorece a elaboração de um perfil de escrita mais pessoal e característico, aproximando-lhe também de diferentes temas e proposições.

“Estudos voltados para a instrução de escrita relacionam diversas abordagens de ensino orientadas para diferentes funções: abordagem funcional e comportamental – escrita para assimilação; abordagem cognitiva – escrita para autoexpressão e construção de significado; abordagem de práticas socioculturais – escrita para afirmação; abordagem de gêneros – escrita para acesso aos discursos de poder; abordagem crítica – escrita para mudança social. […]” – Maria do Socorro Oliveira

A preparação, portanto, compreende não apenas a leitura pela leitura, mas a leitura para a aproximação com gêneros e estruturas textuais, temáticas, discussões, perspectivas, argumentações. Desse modo, a leitura possibilita o contato com elementos que vão subsidiar e fundamentar sua redação e contribuir para a elaboração textual.

2. Estruturação

Uma redação deve apresentar em sua estrutura três elementos fundamentais: introdução, desenvolvimento e conclusão. Com elas, você sinaliza o que será abordado ao longo do texto (introdução), discute com mais densidade as ideias sinalizadas, destacando pontos importantes (desenvolvimento), e direciona essas ideias para uma proposição final (conclusão).

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Introdução: sinalizar elementos como: o que o texto aborda, qual seu propósito e em que perspectiva o tema está sendo tratado;
Desenvolvimento: detalhar a temática do modo mais relevante e coerente possível, demonstrando o conhecimento sobre o assunto e elaborando as ideias e argumentações;
Conclusão: retomar as ideias centrais detalhadas em relação ao tema e reforçar o argumento elaborado junto ao propósito do texto.

Para iniciar a estruturação do texto, busque organizar suas ideias em um sumário. Assim, você terá um panorama dos elementos a serem apresentados e desenvolvidos no texto e também conseguirá visualizar os possíveis caminhos de organização e articulação desses elementos.

3. Sentido

Durante a escrita da redação, lembre-se de manter a coerência e a coesão textual, para que ela apresente sentido e relevância. Para isso, é importante se atentar para a relação lógica entre as ideias e para o uso adequado de palavras de ligação entre frases, períodos e parágrafos do texto. Desse modo, sua redação comunicará melhor as ideias e os argumentos descritos ao leitor. Veja exemplos nesse sentido:

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Incoerência: “O texto está pronto, porém ainda o estou finalizando.”
Incoesão: “Deve haver outra alternativa.”
Irrelevância: “O Brasil, na América, é um país bonito.”

Lembre-se: a coerência e a coesão textual são fundamentais para conectar os sentidos das ideias e direcioná-los ao propósito do seu texto. Entretanto, para isso, é importante ter clareza acerca de qual argumento está sendo construído e qual a mensagem a ser transmitida. Além disso, também é importante se atentar a possíveis elementos contraditórios, redundantes ou irrelevantes para tal propósito.

4. Tema

O tema proposto para a redação é o elemento central da organização do texto, ou seja, é em torno dele que as ideias devem ser articuladas e argumentadas. Desse modo, o tema se apresenta como o assunto a ser tratado, podendo ser pensado a partir de algumas questões preliminares, como: “O que é?” “De que modo e por que ocorre?” “Quando, onde e desde quando acontece?”

Tema: transfobia
O que é? Violência exercida contra pessoas trans (transexuais, transgêneros e/ou travestis).
De que modo e por que ocorre? Ocorre por formas de preconceito diversas, como violência física, verbal, moral ou psicológica, e podem ocorrer por fatores como preconceito estrutural, falta de conhecimento, religiosidade, estereótipos, estigmas e discriminação.
Quando, onde e desde quando acontece? Trata-se de uma forma de violência inerente às sociedades patriarcais, sendo manifesta de diferentes maneiras, conforme o período histórico e a sociedade em questão. A transfobia ocorre em diferentes espaços, como escola, trabalho, mercado, rua, entre outros.

Tendo em vista que o tema caracteriza o assunto a ser tratado no texto, ao redigi-lo, busque manter as propostas voltadas ao tema em questão. Desse modo, você evita se desviar para outro tema no decorrer da elaboração e garante a objetividade do texto em relação ao assunto proposto.

5. Releitura

Durante e após o processo de escrita, a revisão do seu texto é fundamental. É por meio dela que você fará a verificação dos elementos sinalizados ao longo desta matéria, ou seja, verificará se suas ideias fazem sentido, se estão coerentes com o assunto, com a argumentação e com o propósito do texto, além de outros aspectos, como ortografia e gramática.

“[…] o mesmo movimento que tirou o foco dos alunos, pois eles se preocupavam com a maneira como falariam ou escreveriam, é o movimento que também faz com que, refiro-me agora de modo geral, os alunos não produzam textos com sentido: os alunos se preocupam com uma estrutura exata e uma gramática impecável e, nessa preocupação, muitas vezes, esses alunos perdem a essência daquilo que escrevem. Aparentemente, os alunos anseiam desnecessariamente acertar questões que poderiam ser revisadas depois que a escrita realmente significativa acontece. […]” – Raphaela Monteiro Chittolina

O momento da leitura de revisão, portanto, é fundamental para a correção de possíveis equívocos e para a reelaboração de ideias que talvez não tenham ficado tão claras ou bem organizadas no texto. Desse modo, é importante não se apegar ao escrito e não ter preguiça de refazê-lo, se preciso.

Essas são algumas dicas que podem contribuir para sua redação. Lembre-se de que não há uma maneira correta de redigir um texto. Embora haja estruturas próprias para determinados gêneros textuais, a organização dos elementos e o sentido do texto dependerá do seu perfil de escrita. Portanto, invista nele!

Confira mais dicas de redação

A seguir, você encontra algumas videoaulas com dicas de redação, para complementar os aspectos ressaltados nesta matéria e contribuir para seu processo de escrita. Não deixe de conferi-los.

Dicas e sugestões para começar uma redação

Esse vídeo relembra alguns elementos e situações específicas das provas de redação e apresenta algumas sugestões e dicas de como se preparar para uma prova de redação. Assista para conhecer esses elementos e conferir as sugestões.

Texto dissertativo-argumentativo

O vídeo indicado apresenta algumas dicas a respeito da escrita do texto dissertativo-argumentativo, comentando a respeito da importância de uma boa argumentação e da expressão do ponto de vista no texto. Confira.

Dicas de desenvolvimento

Nesse vídeo, você confere três passos para redigir seu desenvolvimento em uma redação de texto dissertativo-argumentativo. Assista para conferi-los.

Proposta de intervenção

Esse vídeo apresenta dicas para contribuir no momento de escrever uma proposta de intervenção em sua redação. Assista e veja como potencializar suas propostas.

Escrever, redigir um texto, é uma atividade que requer prática. Esta matéria apresentou dicas que podem contribuir para o processo de redação textual e também potencializar sua capacidade de escrita. Entretanto, de valia alguma lhe serão os pontos citados acima sem que você desenvolva o hábito da escrita e da leitura, a fim de aprimorar sua capacidade de redação. Desse modo, estimule esse aprimoramento conferindo a matéria sobre artigo de opinião.

Referências

A tomada da palavra para ensinar e para escrever (2019) – Raphaela Monteiro Chittolina.
Como passar em provas e concursos (2015) – Douglas William.
Gêneros textuais e letramento (2010) – Maria do Socorro Oliveira.
Hipertexxto e gêneros digitais: novas formas de construção de sentido (2005) – Luiz Antônio Marcuschi e Antônio Carlos Xavier.
Redação: preparatório para o ENEM (2018) – Abnízia Pontes de Barros Leal e Marílio Salgado Nogueira.

João Paulo Marques
Por João Paulo Marques

Professor de Educação Física graduado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Mestrando em Práticas Sociais em Educação Física (PEF-UEM/UEL). Pesquisador integrante do Grupo de Pesquisa Corpo, Cultura e Ludicidade (GPCCL/UEM/CNPq) e do Grupo de Estudos Foucaultianos (GEF/ UEM/CNPq).

Como referenciar este conteúdo

Marques, João Paulo. Como fazer uma boa redação. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/portugues/como-fazer-uma-boa-redacao. Acesso em: 23 de April de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [UDESC-2008]

Identifique a ordem em que os períodos devem aparecer, para que constituam um texto coeso e coerente. (Texto de Marcelo Marthe: Tatuagem com bobagem. Veja, 05 mar. 2008, p. 86.)

I. Elas não são mais feitas em locais precários, e sim em grandes estúdios onde há cuidado com a higiene.

II. As técnicas se refinaram: há mais cores disponíveis, os pigmentos são de melhor qualidade e ferramentas como o laser tornaram bem mais simples apagar uma tatuagem que já não se quer mais.

III. Vão longe, enfim, os tempos em que o conceito de tatuagem se resumia à velha âncora de marinheiro.

IV. Nos últimos dez ou quinze anos, fazer uma tatuagem deixou de ser símbolo de rebeldia de um estilo de vida marginal.

Assinale a alternativa que contém a sequência correta em que os períodos devem aparecer.

a) II, I, III, IV.

b) IV, II, III, I.

c) IV, I, II, III.

d) III, I, IV, II.

e) I, III, II, IV.

A resposta correta é a alternativa c.

(I) O pronome “elas”, fazendo menção às tatuagens, pressupõe que o assunto já tenha sido introduzido na primeira frase, indicando sua posição secundária no texto.
(II) Essa alternativa indica uma informação complementar que não é nem conclusiva, nem introdutória. Assim, identificando a segunda sentença, é possível inferir que se trata do terceiro período do texto.
(III) A expressão “enfim”, que é geralmente utilizada em frases conclusivas, indica a última sentença.
(IV) A expressão “Nos últimos dez ou quinze anos” é típica de inícios de textos e de parágrafos, pois situa escrito em um determinado tempo.

Desse modo, a sentença correta ficaria na seguinte estrutura:
“Nos últimos dez ou quinze anos, fazer uma tatuagem deixou de ser símbolo de rebeldia de um estilo de vida marginal. Elas não são mais feitas em locais precários, e sim em grandes estúdios onde há cuidado com a higiene. As técnicas se refinaram: há mais cores disponíveis, os pigmentos são de melhor qualidade e ferramentas como o laser tornaram bem mais simples apagar uma tatuagem que já não se quer mais. Vão longe, enfim, os tempos em que o conceito de tatuagem se resumia à velha âncora de marinheiro.”

2. [UFPR-2010]

Entrou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a recusa dos homens em fazer teste de DNA. Assinale a alternativa cujo texto pode ser concluído coerentemente com essa afirmação.

a) Sara Mendes deu início a um processo na justiça, para que Tiago Costa assuma a paternidade de seu filho Cássio. Tiago não fez o exame de DNA, mas assume como muito provável ser ele o pai do menino. Cássio alega que o exame não é conclusivo, pois entrou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a recusa dos homens em fazer teste de DNA.

b) Adriano é um rapaz muito presunçoso e não admite que lhe cobrem nada. A namorada lhe pediu um exame de DNA, para esclarecer a paternidade de Amanda, sua filha. Adriano disse que não faria o exame. A namorada disse que toda essa presunção serviria para o juiz atestar a paternidade, pois entrou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a recusa dos homens em fazer teste de DNA.

c) Carlos de Almeida responde processo na justiça por não querer reconhecer como seu o filho de Diana Santos, sua ex-namorada. Carlos se recusou a fazer o exame de DNA, o que permite ao juiz lavrar a sentença que o indica como pai da criança, porque entrou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a recusa dos homens em fazer teste de DNA.

d) Alessandro presume que Caio seja seu filho. Sugeriu a Telma um exame de DNA. Telma disse não ser necessário, pois entrou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a recusa dos homens em fazer teste de DNA.

e) Mário e Felipe são primos. Mário é extremamente vaidoso, pretensioso. Felipe é um rapaz calmo e muito simples. Os dois namoraram Teresa na mesma época. Teresa teve uma filha e entrou na justiça para exigir dos dois primos um exame de DNA. O juiz disse que não era necessário, pois entrou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a recusa dos homens em fazer teste de DNA.

A resposta correta é a alternativa c.

A alternativa a apresenta uma incoerência no uso da conjunção “pois”, que é conclusiva, portanto, não se aplica à afirmação “Cássio alega que o exame não é conclusivo, pois entrou em vigor a lei que converte em presunção de paternidade a recusa dos homens em fazer teste de DNA.”
A alternativa b apresenta uma incoerência quanto ao uso da palavra presunção, que foi proposto no mesmo sentido que fora utilizado na lei (ação ou efeito de presumir), quando se trata, no entanto, de uma opinião geralmente infundada ou exagerada de si mesmo: pretensioso).
A alternativa d apresenta um erro de interpretação do texto da lei, fazendo com que a situação exemplificada pela assertiva não se aplique a ela.
O mesmo ocorre em relação à alternativa e, em que a situação descrita não se enquadra na proposta do texto da lei.

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