Baixa idade média

A Baixa idade Média é o período no qual ocorreram grandes acontecimentos históricos como o Feudalismo e as Cruzadas

A idade média como um todo é resultado da crise do Império Romano que foi agravada pelas invasões bárbaras. Durante o medievo ocorreu a fusão do mundo românico e o mundo germânico, também conhecido como mundo bárbaro. Continue a leitura e conheça mais sobre as características da baixa idade média.

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As características da baixa idade média

A idade média é dividida pela historiografia em dois períodos: a alta idade média, que se iniciou-se a partir da queda do Império Romano do Ocidente em 476, e a baixa idade média que teve como característica o auge do feudalismo a partir do século XI.

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Trata-se de um período que grandes acontecimentos na Europa e uma de suas principais características é o desenvolvimento do feudalismo e também as cruzadas. Além disso, é nesse contexto em que a burguesia é formada e também quando a igreja católica passa por grandes transformações.

A sociedade na baixa idade média

A sociedade medieval era dividida em classes sociais e algumas dessas classes faziam parte da divisão do regime feudal. Contudo, a sociedade na idade média não se resume a sociedade feudal. A figura do papa exercia o poder máximo e representava Deus na terra, o que não anula o fato de que existiam monarquias vigentes naquela época.

Figuras como príncipes, rainhas, reis, duques e barões já faziam parte da constituição da sociedade medieval, assim como a aristocracia de modo geral. No entanto, vale ressaltar que a sociedade vigente no medievo era uma sociedade que vivenciava diariamente o medo da guerra, das doenças e da fome.

Os territórios também não eram como os conhecemos, muitos países ainda não existiam, como é o caso da Alemanha e da Itália (que foram unificadas no século XIX). No modelo econômico e social do feudalismo, haviam as classes mais abastadas, como os senhores, e também a base da pirâmide social, os servos.

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Os servos eram a população mais pobre que dependiam da proteção dos senhores para sua sobrevivência. Prestavam serviços em troca de proteção, alimentação e moradia. No entanto, essas pessoas viviam em condições precárias de higiene e alimentação, o que favorecia a propagação de doenças e pragas.

Essa população buscava seu entretenimento por meio de caças, lutas, disputas de arco e flecha e brigas de galo. Como não sabiam ler ou escrever, não tinham pensamento crítico e nem a liberdade de expressão, suas vidas eram guiadas pela igreja católica. Havia também aqueles que viviam em extrema pobreza mas não prestavam serviços a algum senhor.

A economia na baixa idade média

Economicamente, o período da baixa idade foi marcado pelo Renascimento Comercial e Urbano, que ocorreu na Europa Ocidental. A economia medieval passou a transformar-se com o declínio do sistema feudal, que norteou as relações econômicas da alta idade média.

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O declínio do feudalismo não ocorreu devido a um único fator. As mudanças nas técnicas de cultivo e os novos instrumentos utilizados pelos vassalos (como o moinho movido a água) aumentaram a produtividade dos campos.

Além disso, houve um crescimento populacional considerável, que resultou em um excesso de mão de obra. Consequentemente, as pessoas passaram a mudar-se para as pequenas vilas e núcleos urbanos. Com isso, outras atividades passaram a ser desenvolvidas, como o comercio e o artesanato. Assim, o aumento do fluxo comercial proporcionou o surgimento de novas cidades, como é o caso dos “burgos”.

A igreja na baixa idade média

Durante a baixa idade média, a igreja passou por uma série de modificações em sua estrutura eclesiástica e também na relação com os fiéis. Conforme os cristãos sentiam-se insatisfeitos, a igreja acabara por fragmentar-se, contrariando seus princípios de unidade.

No contexto medieval, algumas pessoas passaram a adotar um comportamento mais voltado à ajuda aos mais necessitados, o que impactou o futuro da igreja. Contudo, a instituição católica passou por uma série de reformas nesse período, reformas que visavam o retorno àquilo que era considerado a forma original do cristianismo, e não algo inovador, como o termo pode nos levar a pensar.

No espectro das mudanças da igreja e da ênfase em caminhar em direção a ajudar aos pobres, a ordem Franciscana fora criada por Francisco de Assis, que manifestou as chagas de cristo (stigmata).

Através dos Franciscanos, a igreja teve uma participação intensificada no campo das Universidades, visto que os franciscanos foram uma peça importante no desenvolvimento universitário no medievo. Entretanto, no século IV a igreja instituiu a inquisição, meio pelo qual era possível investigar infiéis, confiscar seus bens e condená-los hereges.

O contexto histórico influenciava muito nas características da sociedade e economia da época. Assim, esses aspectos eram moldados de acordo com os acontecimentos que ocorriram. Veja a seguir, os fatores que marcaram esse período.

Fatores que marcaram a baixa idade média

O período medieval foi marcado por uma sucessão de eventos que repercutiram na história. Esses acontecimentos influenciaram a sociedade em termos econômicos, culturais e religiosos. Acompanhe os principais acontecimentos históricos da baixa bdade média:

Feudalismo

O feudalismo foi o sistema de organização social e econômica vigente na baixa idade média. Era caracterizado pela obrigação servil na qual os servos trocavam seu trabalho por proteção, alimentação e moradia. Os feudos eram autossuficientes, destinados ao consumo e não a trocas (de mercadorias e alimentos, por exemplo). Socialmente, os feudos representavam uma sociedade estamental, na qual a posição do indivíduo era definida em seu nascimento, ou seja, filhos de servos também seriam servos.

O poder político local dos feudos era monopolizado pelo senhor feudal e não pelo rei. Além disso, o regime de trabalho servil faziam com que os servos trabalhassem alguns dias da semana para o senhor feudal, esse trabalho consistia em um trabalho obrigatório.

O cultivo no sistema feudal acontecia coletivamente, o que impediu o aprimoramento das técnicas agrárias, fato que poderia ser revertido caso os servos tivessem a oportunidade de desenvolver um trabalho individual.

As cruzadas

As cruzadas acontecerem entre os anos de 1096 e 1270, entre os séculos XI e XIII. Ou seja, duraram aproximadamente 300 anos e foram uma reação a crise econômica da Europa e o movimento de expansão da Europa cristã.

Em 1095 o papa Urbano disse aos fiéis era preciso expandir a fé cristã. Seu discurso também dizia que diz que a fome feudal era um castigo divino porque os cristãos permitiam a expansão do paganismo, no caso, o islamismo.

A única forma de superar a crise, segundo o papa Urbano era obedecer à Deus, expandindo a fé cristã. Desse modo, as cruzadas nasceram a partir de uma necessidade evangelizadora por parte dos cristãos medievais que tinham como objetivo e conquistar a cidade santa de Jerusalém.

O interesse da nobreza, que buscava expansão territorial por meio das Cruzadas, foi outro motivo. No entanto, os servos também participaram dessas guerras, motivados teologicamente através das indulgências. As questões comerciais foram outro fator que motivaram as cruzadas, pois possibilitaram um processo de deslocamento de mercadorias do ocidente para o oriente, como tecidos e especiarias.

No total, ocorreram 10 cruzadas, 8 oficiais e 2 não oficiais. Entre as peregrinações, destacam-se a primeira e a terceira cruzada. A seguir, conheça alguns detalhes delas.

Primeira Cruzada (1095-1099)

Considerada extraoficial, a primeira cruzadas foi realizada por uma população despreparada, como os camponeses influenciados pela promessa de salvação por meio da indulgencia. Contudo, posterior a esse evento, ocorreu a primeira cruzada oficial, em 1096, que recuperou a cidade de Jerusalém. No entanto, essa reconquista não durou muito tempo. Foi durante a primeira cruzada que nasceu a ordem dos templários, que davam proteção aos estados formados por cristãos no oriente e protegiam os cristãos que peregrinavam para Jerusalém, uma ordem monástico militar.

Terceira Cruzada (1189-1192)

Conhecida como “Cruzada dos reis”, foi organizada após a tomada de Jerusalém pelo sultão Saladino. Teve como palco os oceanos, e por essa razão, foi considerada uma Cruzada marítima, financiada pelos venezianos. Durante o ocorrido, os cruzados (pessoas que estavam lutando) saquearam Constantinopla e retornaram a Itália.

As demais guerras ocorreram na seguinte ordem: Segunda Cruzada (1147-1149), Quarta Cruzada (1202-1204); Quinta Cruzada (1217-1221); Sexta Cruzada (1228-1229); Sétima Cruzada (1248-1250) e Oitava Cruzada (1270).

Renascimento comercial e urbano

A partir do século XI, na Europa, ocorreu o renascimento comercial e urbano, no qual a sociedade e a economia passaram por algumas transformações, assim como a Igreja. A partir do século XII a igreja passou a desenvolver ferramentas teóricas que possibilitaram o desenvolvimento filosófico. Além disso, foi nesse contexto que originou o método científico.

Economicamente, as feiras medievais impactaram o comércio pois passaram a movimentar o tráfico de mercadorias entre ocidente e oriente assim como o comércio marítimo. O artesanato também se desenvolveu amplamente no contexto do renascimento cultural e urbano. A formação da burguesia foi outro fator importante nesse momento de transformações, visto que ser burguês era uma distinção social caracterizada pelo desenvolvimento das atividades lucrativas.

Crise do século XV

O feudalismo estava em constante declínio desde o renascimento urbano mencionado acima. No entanto, alguns fatores colaboraram para que esse sistema definitivamente chegasse ao fim. Entre eles, podemos citar a crise agrícola e a fome que ocorreram devido à mudanças climáticas que causaram a escassez de alimentos, resultando no aumento significativo do preço da comida. Consequentemente, a saúde da população também fora afetada.

Diante dessas condições, as pessoas eram facilmente vítimas de doenças, como foi o caso da peste bulbônica, que ocorrera devido a contaminação dos seres humanos por uma doença proveniente de ratos infectados. As consequências dessa doença afetaram não só a saúde física como também mental das pessoas, que passaram a promover sessões de autoflagelo por associar a doença a um castigo divino.

Por fim, há um consenso de que a Idade Média findou-se com a tomada de Constantinopla pelos turcos-otamanos em 1453, no entanto, trata-se apenas de um marco, o que não significa que a transição para a Idade Moderna ocorrera repentinamente. As mudanças em geral ocorreram simultaneamente em um processo que levou anos.

Vídeos sobre a Baixa Idade Média

Ler sobre a baixa idade média proporciona conhecimento e gera reflexões necessárias. Que tal assistir alguns vídeo para se aprofundar no assunto? Acomapanhe:

Resumo da idade média

Saiba mais sobre a baixa idade média a partir de um contexto de idade média de forma geral. No vídeo, a youtuber e professora Débora Aladim apresenta os principais aspectos da idade média de forma resumida.

As Cruzadas

Diretamente de Istambul (antiga Constantinopla) Débora Aladim apresenta os principais pontos sobre as cruzadas. Vale a pena conferir!

Feudalismo

O feudalismo foi o regime de organização econômica e social vigente na idade média. Assista ao vídeo e saiba mais sobre as características dessa organização que teve seu auge durante a baixa idade média.

Em conclusão, esse período estudado foi das fases da idade média. Aproveite seus estudos em histótio e leia mais sobre a outra fase, a alta idade média.

Referências

Idade Média- Jacques Le Goff (1999)

Linhagens do Estado Absolutista – Perry Andersson – (1995)

Os Reis Taumaturgos: O caráter sobrenatural do poder régio– Marc Bloch (1998)

Feudalismo – Jacques Le Goff(2006)

Cultura – Raymond Willians (1992)

Mayara Carrobrez
Por Mayara Carrobrez

Historiadora e Mestra em Letras pela Universidade Estadual de Maringá. Professora de língua inglesa, tradutora e redatora.

Como referenciar este conteúdo

Carrobrez, Mayara. Baixa idade média. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/baixa-idade-media. Acesso em: 24 de April de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [UFPA]

O movimento das cruzadas foi essencial para o quadro das transformações por que a Europa passaria nos processos finais da Idade Média. Definida essa questão, é possível assegurar-se em relação ao movimento cruzadista que:

a) os efeitos imediatos das cruzadas sobre a vida européia foram de natureza política, já que contribuíram para abalar sensivelmente o poder absoluto dos monarcas europeus.

b) em termos jurídicos, as cruzadas contribuíram para modificar o sistema da propriedade no feudalismo, já que difundiram o começo da propriedade dominante no Extremo Oriente.

c) os seus resultados abalaram seriamente o prestígio do papado, provocando, inclusive, a separação entre a Igreja de Roma e a de Constantinopla, fato de implicações negativas para a autoridade clerical.

d) os efeitos sociais das cruzadas fizeram-se sentir principalmente sobre as relações de trabalho, já que os cruzados, ao retornarem do Oriente, defendiam a substituição da servidão pelo trabalho livre.

e) as exigências das expedições contribuíram decididamente para o recuo da dominação árabe no Mediterrâneo, abrindo os espaços para que as suas águas viessem a sustentar, mais tarde, parte das grandes rotas do comércio europeu.

A alternativa correta é e) as exigências das expedições contribuíram decididamente para o recuo da dominação árabe no Mediterrâneo, abrindo os espaços para que as suas águas viessem a sustentar, mais tarde, parte das grandes rotas do comércio europeu.

As expedições contribuíram para a criação de rotas comerciais no Mediterrâneo.

2. [UFPA]

Nas relações de suserania e vassalagem dominantes durante o feudalismo europeu, é possível observar que:

a) a servidão representou, sobretudo na França e na península Ibérica, um verdadeiro renascimento da escravidão conforme existia na Roma imperial.

b) os suseranos leigos, formados pela grande nobreza fundiária, distinguiam juridicamente os servos que trabalhavam nos campos dos que produziam nas cidades.

c) mesmo dispondo de grandes propriedades territoriais, os suseranos eclesiásticos não mantinham a servidão nos seus domínios, mas sim o trabalho livre.

d) o sistema de impostos incidia de forma pesada sobre os servos. O imposto da mão morta, por exemplo, era pago pelos herdeiros de um servo que morria para que continuassem nas terras pertencentes ao suserano.

e) as principais instituições sociais que sustentavam as relações entre senhores e servos eram de origem muçulmana, oriundos da longa presença árabe na Europa Ocidental.

A alternativa correta é d) o sistema de impostos incidia de forma pesada sobre os servos. O imposto da mão morta, por exemplo, era pago pelos herdeiros de um servo que morria para que continuassem nas terras pertencentes ao suserano.

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