Consciência Negra

O Dia da Consciência Negra deve ser usado para refletirmos sobre o sofrimento que passaram e a discriminação que existe até os dias atuais.

A luta dos negros contra a discriminação racial ficou conhecida como a Consciência Negra e, inclusive, tem uma data instituída no Brasil, dia 20 de Novembro. A data foi escolhida em homenagem ao líder negro Zumbi, que foi um dos maiores nomes na luta contra a escravidão no país.

Publicidade

Essa data é usada para marcar a importância da reflexão da população de uma forma geral quanto ao sofrimento que os negros passaram na sociedade, e a reflexão da sua posição na sociedade nos dias atuais. Isso porque, mesmo após tanto tempo do término da escravidão, sofrem preconceito de geração atrás de geração.

Instituída pelo projeto de lei n° 10.639 no dia 9 de janeiro de 2003, a data somente teve sua lei sancionada após 8 anos pela presidenta Dilma Rousseff com a Lei 12.519/2011. Existem alguns estados brasileiros que mantiveram essa data como sendo um feriado estadual, como Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Amapá, Amazonas, Alagoas e Rio de Janeiro.

Imagem: Reprodução

História da Consciência Negra

Como mencionamos anteriormente, a data escolhida, 20 de novembro, foi em decorrência da morte de Zumbi, que foi o último líder do Quilombo dos Palmares, região onde atualmente é o Estado de Alagoas, na Serra da Barriga. O local foi construído para que pudesse abrigar aos negros escravos fugitivos. Os maus tratos, castigos, entre muitos outros motivos, faziam com que quisessem fugir dos locais a que serviam, e isso fez com que o quilombo abrigasse mais de 20 mil pessoas.

A situação, para eles, não era aceitável, pois além dos maus tratos, prestavam serviços pesados aos brancos, viviam em senzalas em condições desumanas, e tinham que ver suas mulheres e filhas serem escravas sexuais dos patrões, seus filhos, capitães do mato e feitores. Não possuiam, nas senzalas, móveis nem utensílios e cozinha e viviam em terra de chão batido, tendo de viver, mesmo doentes, em condições muito precárias. Não tinham atendimento médico, e por isso buscavam tratamentos com ervas naturais, informações adquiridas com os índios no período em que houve a colonização do Brasil.

Passado algum tempo, foram criadas algumas poucas leis para defender os direitos dos negros, já que algumas poucas pessoas viam que tudo era desumano e injusto, e tentavam ajudar a acabar com a escravização. No ano de 1871, foi criada a Lei do Ventre Livre, que determinava que os filhos de escravos nascidos após a data da lei, seriam livres. Depois disso, no ano de 1885, foi criada a Lei dos Sexagenários que dava liberdade àqueles escravos que tivessem mais de 60 anos. Isso, entretanto, ainda era um problema, pois não teriam como viver após essa idade sem ter trabalho e com o preconceito que viviam. Isso, é claro, quando sobreviviam até essa idade, ou quando se tinha registros de sua idade, já que por serem comprados, sequer sabiam quando tinham nascido ao certo. A Lei Áurea, enfim, somente foi assinada em 1988, quando os escravos finalmente conquistaram a liberdade graças à Princesa Isabel. Mesmo essa libertação fez com que ficassem perdidos, pois somente sabiam realizar os trabalhos que faziam na casa de seus patrões, de forma que muitos deles continuaram nas casas.

Toda essa história é lembrada anualmente na data da Consciência Negra, sendo de extrema importância para que se debata sobre as dificuldades que encontram até os dias atuais no mercado de trabalho, no meio social, sofrendo ainda com a marginalização e discriminação.

Publicidade

Referências

Movimento Negro Brasileiro: Alguns Apontamentos Históricos – P Domingues

Ensino de história e diversidade cultural: desafios e possibilidades – JRO Fernandes

Natália Petrin
Por Natália Petrin

Formada em Publicidade e Propaganda. Atualmente advogada com pós-graduação em Lei Geral de Proteção de Dados e Direito Processual Penal. Mestranda em Criminologia.

Como referenciar este conteúdo

Petrin, Natália. Consciência Negra. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/consciencia-negra. Acesso em: 26 de April de 2024.

Compartilhe

TOPO