Em nossa sociedade, a maioria das pessoas trabalham, vivem e produzem uma riqueza econômica, cultural e política. No entanto, é a minoria da população que usufrui desses bens sociais mais prestigiados. Para algumas camadas da sociedade, é negado até mesmo o direito ao trabalho. Diante desse cenário, torna-se importante a inclusão social. Entenda a seguir.
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O que é inclusão social
A inclusão social é uma política para lidar com as diferenças e distribuir os poderes dentro de uma sociedade. Assim, inclusão significa a tentativa de corrigir a exclusão de alguns grupos – por exemplo, cadeirantes, autistas, pessoas LGBT – dos direitos sociais mais básicos.
Isso significa que algumas camadas da sociedade não possuem acesso à educação, ao trabalho, ou a uma vida segura. Portanto, para entender a proposta da inclusão social é importante também saber minimamente como ocorrem as desigualdades sociais.
5 exemplos de inclusão social
Para compreender melhor como atuam as práticas de inclusão social, confira abaixo uma lista de exemplos. Neles, será possível notar como as necessidades ou as exclusões vividas por cada grupo são diferentes. Portanto, as políticas inclusivas devem se voltar para esses problemas específicos.
Inclusão de deficientes
O termo deficientes inclui uma série de grupos. Dentre eles, por exemplo, os cadeirantes que se organizam há muitos anos reivindicando acessibilidade para se locomover em segurança. Além disso, existem preconceitos e estereótipos em relação a essas pessoas que precisam ser quebrados.
Inclusão de surdos
As pessoas surdas formam uma comunidade cultural com um idioma próprio – no Brasil, é a libras. Apesar da riqueza de sua cultura e sua autonomia, os surdos são alvos de preconceito e também enfrentam a falta de acessibilidade. Nesse sentido, os intérpretes de libras são importantes e o idioma deveria ser ensinado em todo o Brasil.
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Inclusão de pessoas trans
Dentro da comunidade LGBT+, as pessoas trans constituem um dos grupos mais vulneráveis. Principalmente, as mulheres trans e negras são vítimas de uma alta taxa de homicídio. Assim, é importante pensar em políticas que propiciem trabalho, moradia e oportunidades educacionais para a população transgênero.
Inclusão da população negra
Após quase 400 anos de escravidão, não houve praticamente nenhuma política pública de assistência às pessoas negras anteriormente escravizadas no Brasil. Enquanto isso, outros grupos étnicos e raciais receberam ajuda e privilégios para seu estabelecimento. Portanto, pensar a inclusão da população negra é também refletir sobre medidas de reparação.
Inclusão de indígenas
Os povos indígenas são outro grupo que historicamente é excluído das riquezas sociais. Logo, além de ser importante a luta por autonomia das pessoas indígenas, são também relevantes as políticas que facilitam a sua mobilidade dentro da sociedade.
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Desse modo, cada comunidade possui demandas específicas sobre sua inserção na sociedade. Consequentemente, é sempre necessário contar com as pessoas do próprio grupo para a formulação das políticas de inclusão social.
A importância da inclusão social
A inclusão social parte de pelo menos duas premissas: a de que a sociedade é desigual e de que para a consolidação de uma democracia, é necessário que essas desigualdades sejam pelo menos amenizadas ou equilibradas.
Ou seja, alguns grupos na sociedade concentram mais capital econômico e simbólico que outros. Logo, o mundo é feito conforme o seu molde, gerando exclusões. É só imaginar: se pessoas cadeirantes fossem as mais poderosas, teríamos mais ruas planas e cheias de rampas.
Assim, a inclusão social significa reduzir essa desigualdade e tentar distribuir os espaços sociais entre as pessoas. Desse modo, é possível trazer novas perspectivas de mundo, gerando uma sociedade em que os indivíduos possam viver melhor e se sintam representados.
Inclusão social nas escolas
Como a escola é responsável pelos primeiros anos de socialização da criança além da família ou da religião, ela se torna uma instituição importante em que os indivíduos aprendem a conviver com o outro e com as diferenças. Logo, a inclusão social aumenta a diversidade e favorece toda a sociedade.
Além disso, a inclusão escolar fornece a possibilidade de indivíduos em grupos vulneráveis terminarem seus estudos e ascenderem socialmente. Portanto, a existência dessas políticas na escola tem impactos no futuro e reduzem a desigualdade social.
Inclusão social e a exclusão social
É possível pensar a exclusão social como o lado oposto da inclusão – ou seja, é aquilo que mantém as desigualdades no interior de uma sociedade. Por exemplo, se uma mulher trans deseja trabalhar em um mercado e ela não é contratada por preconceito, ela está sendo excluída socialmente.
Portanto, ao falar desse assunto, é necessário lembrar que, a depender do grupo, trata-se de uma questão de sobrevivência. Nesse sentido, a inclusão social não é um auxílio e nem uma ajuda: na verdade, ela significa o direito do indivíduo participar ativamente da sociedade.
Videoaulas sobre a abrangência da inclusão social
Como é possível observar, a inclusão social é um assunto que perpassa diversas áreas da sociedade. Isso porque há muita desigualdade e concentração de poder nas mãos de poucos – assim, a inclusão é um modo de distribuir melhor os recursos sociais. A seguir, confira uma seleção de vídeos que explanam mais do assunto:
Inclusão social na escola
A escola é considerada a instituição responsável pela educação e a socialização das crianças e adolescentes. Desse modo, ela se torna um importante local para a tentativa de solucionar alguns dos problemas sociais.
Sobre abraçar as diferenças
A humanidade é diversa e, por isso, sempre estaremos diante de pessoas diferentes de nós. Além disso, com a globalização e um frequente contato com um número maior de indivíduos, é necessário aprender a como lidar com essa diversidade.
Experiência com o autismo
No vídeo acima, veja o relato de uma experiência sobre o preconceito com o autismo. Nesse caso, a moça é uma mãe com um filho autista, e presenciou crianças discriminando-o. Assim, ela defende a inclusão social nas escolas como forma de combate aos preconceitos.
Vestibular indígena
Uma das políticas de reparação e inclusão social existentes é um programa de vestibular voltado para povos indígenas. Esse projeto está construído em diversos estados do Brasil, e é importante conhecê-los, caso você faça parte de alguma universidade.
Acerca das cotas raciais
As cotas raciais constituem uma das polêmicas dentro do debate público. De todo modo, é necessário pensar essa política como uma dentre as tentativas de inclusão social. Assim, confira argumentos a favor das cotas no vídeo acima.
Desse modo, pensar na inclusão social é importante para estar dentro de qualquer debate sobre políticas públicas e os problemas coletivos enfrentados na atualidade. Além disso, é necessário discutir o assunto com responsabilidade.
Referências
Inclusão social, educação inclusiva e educação especial: enlaces e desenlaces – Eder Pires de Camargo;
Programa Ética e Cidadania: construindo valores na escola e na sociedade: protagonismo juvenil – FAFE.
Por Mateus Oka
Mestre em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Cientista social pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Realiza pesquisas na área da antropologia da ciência.
Oka, Mateus. Inclusão social. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/sociologia/inclusao-social. Acesso em: 05 de October de 2024.
1. [FGV]
“Cabe a todos os integrantes da sociedade lutar para que a inclusão social dessas pessoas seja uma realidade”. Pode-se inferir desse segmento do texto que
a) todos os integrantes da sociedade brasileira lutam pela inclusão social.
b) o Brasil ainda não tingiu o patamar de ser socialmente justo, quanto à inclusão.
c) a luta pela inclusão social não vai encontrar resistência por parte das autoridades.
d) todos os membros sociais devem tornar a inclusão uma realidade atual.
e) o Brasil já obteve notável progresso quanto à inclusão social.
Resposta: d
Justificativa: a inclusão social e a justiça social não são plenamente executadas politicamente; por isso, todos os membros da sociedade deveriam contribuir para essa realização.
2. [UEM]
O conto Negrinha, escrito por Monteiro Lobato, publicado em 1920, narra a história de uma pobre órfã, menina negra, de sete anos da idade, criada por uma rica senhora branca, a qual sente imenso prazer em aplicar-lhe constantemente surras e castigos corporais.
“A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos – e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo – essa indecência de negro igual a branco e qualquer coisinha: a polícia! ‘Qualquer coisinha’: uma mucama assada ao forno porque se engraçou dela o senhor; uma novena de relho porque disse: ‘Como é ruim, a sinhá!’…
O 13 de maio tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a gana. Conservava Negrinha em casa como remédio para os frenesis. Inocente derivativo:
– Ai! Como alivia a gente uma boa roda de cocres bem fincados!…”
(LOBATO, Monteiro. Negrinha. São Paulo: Brasiliense, 1985, p. 4 e 5).
Considerando a narrativa acima e conhecimentos sobre preconceito, discriminação e exclusão social no Brasil, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
01) O conto, publicado cerca de três décadas após a instauração legal do trabalho livre, evidencia a persistência de uma mentalidade escravocrata na sociedade brasileira, com a manutenção de relações marcadas pela violência, pelo sentimento de posse e a exclusão de direitos em relação à população negra.
02) A integração do negro na sociedade de classes, ocorrida principalmente após o desenvolvimento político e econômico brasileiro, durante a década de 1950, aconteceu de tal forma a criar condições mais igualitárias de participação dessa população no sistema de competição capitalista, rompendo com a desigualdade originalmente imposta pelo escravismo no Brasil.
04) Esse conto usa a ironia como recurso para evidenciar as relações de abuso, agressão e violência sofridas pela população negra no Brasil mesmo após o fim da escravidão.
08) O preconceito, baseado no princípio que a cor de pele fundamenta diferenças profundas entre as pessoas, é um fenômeno social que pode se expressar tanto a partir da restrição do acesso a vagas de trabalho quanto por meio de formas de violência interpessoal, de caráter físico ou psicológico.
16) O Brasil é um país onde predomina a chamada “democracia racial” e, portanto, não faz sentido discutir problemas de racismo, a não ser em textos de ficção.
Resposta: 01 + 08 = 09
Justificativa: o Brasil não possui uma democracia racial e, portanto, as condições entre brancos e negros no país continuam desiguais mesmo após a escravidão. Além de perpassar as questões econômicas, é importante lembrar que essa condição pauta-se no racismo baseado na cor da pele.