Variantes Linguísticas

As variantes linguísticas são bastante comuns na linguagem informal, em uma conversa entre amigos, por exemplo.

O ser humano é diferenciado do restante dos animais principalmente pela linguagem, que nos permite expressar não só ideias, mas sentimentos e conhecimentos, assim como fazer a exposição de opiniões que estão relacionadas aos assuntos cotidiano. É, também, por meio da linguagem que nos comunicamos gerando uma interação social entre as pessoas. Existe, entretanto, basicamente dois níveis da fala, que é o nível da formalidade e o nível da informalidade.

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Padrão formal de linguagem

O padrão formal de linguagem relaciona-se de uma forma direta à linguagem escrita, e refere-se basicamente às normas gramaticais como um todo. É justamente por isso que não escrevemos, jamais, da forma como falamos, sendo apenas uma a forma correta de se escrever um determinado texto. Por isso, na escola, estudamos sempre a forma correta de escrever cada uma das palavras, assim como a conjugação dos verbos, entre outras coisas. Existe, entretanto, o padrão informal, que refere-se mais à linguagem falada, e será explanado a seguir.

Padrão informal de linguagem

O padrão informal de linguagem, em contrapartida, representa, como mencionamos anteriormente, a linguagem usada no dia a dia e em conversas informais entre amigos e familiares, por exemplo. Não falamos, em ambientes informais, exatamente como escrevemos ou sem usar gírias e variantes linguísticas. As variantes linguísticas estão, portanto, na composição desse padrão informal de linguagem, usado na comunicação verbal.

Variantes linguísticas

Quando estamos falando em variantes linguísticas, estamos nos referindo às variações da forma de falar que envolvem condições sociais, históricas, regionais e culturais em que é usada. Confira abaixo um pouco sobre cada uma delas.

Variações de condição social e culturais

As variações relacionadas à condição social, assim como à cultura de um indivíduo, normalmente são percebidas mais facilmente através de grupos sociais, assim como com relação ao grau de instrução de um determinado indivíduo. Como exemplo dessas variações, podemos citar o linguajar caipira, assim como jargões e gírias. Gírias, por exemplo, pertencem à grupos diferentes, como é o caso dos surfistas. Já os jargões, relacionam-se à grupos profissionais, estando diretamente ligados aos termos técnicos. Podemos citar como exemplo de jargões, alguns termos usados por médicos, ou ainda por advogados.

Variações regionais

Imagem: Reprodução

As variações regionais seguem uma linha semelhante à explanada anteriormente, porém referem-se diretamente aos dialetos, ou seja, marcas determinantes de uma dada região. Mandioca, por exemplo, é uma palavra usada para um tubérculo, que em outras regiões pode ser chamado ainda de aipim ou macaxeira. Dentro desse contexto das variações regionais, podemos ainda citar os sotaques, que tem ligação direta com as características orais da linguagem.

Para exemplificar e entender melhor as variações regionais, vamos usar um texto de Oswald de Andrade:
“Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados”.

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Variações históricas

Por fim, as variações históricas acontecem em decorrência do dinamismo da língua, que acaba por sofrer transformações com o passar do tempo. Isso pode ser aplicado também à ortografia, sendo que, por exemplo, a palavra “farmácia” não era escrita, alguns anos atrás, dessa forma, mas sim com ph: “pharmácia”. Outro exemplo é a palavra “você”, usada dessa forma somente nos dias atuais. Antigamente se escrevia e falava “vosmice”.

Para exemplificar, vamos usar um texto de Carlos Drummond de Andrade. “Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio”. Se formos comparar à linguagem moderna, percebemos um vocabulário bastante antiquado usado pelo autor da época.

Problemáticas das variantes linguísticas

Diante de variações linguísticas, é comum encontrarmos questionamentos a respeito da forma correta de escrever. Isso porque no que se refere à linguagem falada, não existem uma forma mais correta, e sim mais adequada com relação à situação a que é aplicada. O português rígido deve ser usado em situações mais formais, já que ficaria bastante inadequado usar o linguajar mais culto em um ambiente de amigos e descontração, por exemplo.

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É preciso, entretanto, com relação às variantes regionais e culturais, atentar a alguns detalhes. Não se deve, por exemplo, escrever gírias em textos, e é preciso atentar à conjugação, concordância e regência dos verbos. Pode-se, ainda, prestar atenção dobrada à utilização das palavras em seu sentido e forma corretos.

Referências

Novíssima Gramática da Língua Portuguesa – Domingos Paschoal Cegalla

Natália Petrin
Por Natália Petrin

Formada em Publicidade e Propaganda. Atualmente advogada com pós-graduação em Lei Geral de Proteção de Dados e Direito Processual Penal. Mestranda em Criminologia.

Como referenciar este conteúdo

Petrin, Natália. Variantes Linguísticas. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/portugues/variantes-linguisticas. Acesso em: 25 de April de 2024.

Teste seu conhecimento

 

01. [ENEM] “Todas as variedades linguísticas são estruturadas e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação.”

Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo. Adaptado.

A partir da leitura do texto, podemos inferir que uma língua é:

a) conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais uma alcança maior valor social e passa a ser considerada exemplar.

b) sistema que não admite nenhum tipo de variação linguística, sob pena de empobrecimento do léxico.

c) a modalidade oral alcança maior prestígio social, pois é o resultado das adaptações linguísticas produzidas pelos falantes.

d) A língua padrão deve ser preservada na modalidade oral e escrita, pois toda modificação é prejudicial a um sistema linguístico.

 

02. [ENEM] Até quando?

Não adianta olhar pro céu

Com muita fé e pouca luta

Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer

E muita greve, você pode, você deve, pode crer

Não adianta olhar pro chão

Virar a cara pra não ver

Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus

Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!

GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo).
Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento).

As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto

a) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet.

b) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas.

c) tom de diálogo, pela recorrência de gírias.

d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.

e) originalidade, pela concisão da linguagem.

 

01. [A]

02. [D]

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