Pressupostos e Subentendidos

Pressupostos e subentendidos são informações tidas como implícitas em um texto, sem que haja direcionamento ao fato, apenas deixando “pistas” por marcas.

Pressupostos e subentendidos são informações expressas implicitamente em um texto e não expressas de forma direta. Elas são, geralmente, sugeridas pelo texto, através do contexto inserido ou por marcas lingüísticas.

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É o leitor que deverá realizar uma leitura eficiente e ordenada para ir além da informação explícita. Por meio do que é apresentado no texto, ele será capaz pressupor e subentender ideias implícitas nas entrelinhas.

A diferença entre pressupostos e subentendidos se dá na identificação. Enquanto pressupostos são sugeridos pelo texto, sob mais fácil identificação, os subentendidos são uma dedução do próprio leitor a partir do texto.

Pressupostos e subentendidos: conceitos e exemplos

Para entender pressupostos e subentendidos, um exemplo inicial pode muito bem auxiliar nas identificações respectivas. Veja:

Andreia estava cansada de ser professora.

  • Pressuposto: Andrei ainda é professora;
  • Subentendido: Cansada talvez pelo salário baixo ou más condições de trabalho;

Pressupostos

Pressupostos são informações que, como o próprio nome diz, se pressupõe de outras informações adicionais. Elas são facilmente identificadas e compreendidas a partir de expressões ou até mesmo palavras presentes nas orações.

Assim, o pressuposto se destaca por permitir que o leitor consiga identificá-la por meio do implícito. O pressuposto, dessa maneira, se torna verdadeiro e irrefutável por estar presente na oração.

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Exemplos de pressupostos

Decidi parar de comer carne.
Pressuposto: A pessoa comia carne antes.

Finalmente acabei meu livro.

Pressuposto: Demorou um longo tempo para finalizar o livro.

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Alunos que estudam pela manhã têm melhor rendimento.

Pressuposto: Alguns alunos não estudam pela manhã.

Marcas linguísticas dos pressupostos

  • Identificar verbos que indicam sentido de fim, mudança, continuidade: começar, deixar, acabar, continuar e etc…;
  • Advérbios dos mais variados tipos: finalmente, já, depois, felizmente e demais…;
  • Pronome de introdução: que;
  • Locuções indicadoras de circunstância: depois que, visto que, desde que…;

Subentendido

Subentendidos, tal como o próprio nome sugere, é aquilo que se subentende; insinuações que dependem da interpretação do leitor. Não possuem marcas linguísticas ou avaliação de contexto.

Eles podem ser verdadeiros ou não, além de serem facilmente refutáveis. Isso se deve ao fato de depender única e exclusivamente de quem interpreta o texto.

Exemplos de subentendidos

Diana virou vegetariana mês passado.

Subentendido: Ela comia carne antes de virar vegetariana.

Quando sair de casa, pegue o casaco.

Subentendido: Está frio na rua.

Você vai voltar a pé a esta hora da madrugada?

Subentendido: Oferecer uma carona ou alertando sobre o perigo de andar sozinho no horário.

Referências

Novíssima Gramática da Língua Portuguesa – Domingos Paschoal Cegalla

Mateus Bunde
Por Mateus Bunde

Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Especialista em Linguagens pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul) e Mestrando em Comunicação pela Universidade do Porto, de Portugal (UP/PT).

Como referenciar este conteúdo

Bunde, Mateus. Pressupostos e Subentendidos. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/portugues/pressupostos-e-subentendidos. Acesso em: 16 de April de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [ENEM]

A substituição do haver por ter em construções existenciais, no português do Brasil, corresponde a um dos processos mais característicos da história da língua portuguesa, paralelo ao que já ocorrera em relação à aplicação do domínio de ter na área semântica de “posse”, no final da fase arcaica.

Mattos e Silva (2001:136) analisa as vitórias de ter sobre haver e discute a emergência de ter existencial, tomando por base a obra pedagógica de João de Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e cinquenta do século XVI, encontram-se evidências, embora raras, tanto de ter “existencial”, não mencionado pelos clássicos estudos de sintaxe histórica, quanto de haver como verbo existencial com concordância, lembrado por Ivo Castro, e anotado como “novidade” no século XVIII por Said Ali.

Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento deficiente da língua. Há mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma norma única e prescritiva? É válido confundir o bom uso e a norma com a própria língua e dessa forma fazer uma avaliação crítica e hierarquizante de outros usos e, através deles, dos usuários? Substitui-se uma norma por outra?

CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito linguístico: do presente para o passado, In: Cadernos de Letras da UFF, n.° 36, 2008. Disponível em: www.uff.br. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado).

Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que

a) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa histórica.
b) os estudo clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e a mudança na língua.
c) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua fundamenta a definição da norma.
d) a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada para os estudos linguísticos.
e) os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística.

Resposta: E

2. [ETEC]

“Em um mundo marcado por conflitos em diferentes regiões, as operações de manutenção da paz das Nações Unidas são a expressão mais visível do compromisso solidário da comunidade internacional com a promoção da paz e da segurança.

Embora não estejam expressamente mencionadas na Carta da ONU, elas funcionam como instrumento para assegurar a presença dessa organização em áreas conflagradas, de modo a incentivar as partes em conflito a superar suas disputas por meio pacífico – razão pela qual não devem ser vistas como forma de intervenção armada.”

Acesso em: 26.08.2016. Adaptado.

Historicamente, o Brasil envia soldados para participar de operações de paz. Em 2004, foi criada pelo Conselho de Segurança da ONU a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah).

De acordo com o texto, essa missão foi criada para:

a) restabelecer a segurança e normalidade institucional do Haiti após sucessivos episódios de turbulência política e de violência, que marcaram esse país no início do século XXI.
b) atacar os garimpos ilegais de diamantes no interior do Haiti, que usavam mão de obra infantil nas minas onde esse minério é encontrado.
c) combater o narcotráfico comandado pelo Cartel de Medelin, que a partir do Haiti distribuía drogas para todos os países da América Latina.
d) acabar com os problemas ambientais crônicos no Haiti, pois esse país era o principal responsável pela poluição ambiental no Caribe.
e) extinguir a rede de trabalho escravo existente no Haiti, que utilizava esse tipo de mão de obra nas plantações de soja e trigo.

Resposta: A

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