Função Poética

A Função Poética preocupa-se com a forma que o discurso será emitido, portanto a forma de utilizar as palavras para transmitir uma mensagem.

A Função Poética é caracterizada pela preocupação no modo em que um discurso será emitido. Sendo assim, é a “escolha” das palavras, sentido e expressão a serem selecionadas a fim de emitir a mensagem com clareza.

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A função de linguagem poética é comumente encontrada nas obras literárias, e, muitas das vezes, confundida com o conceito da função emotiva. Diferentemente desta, a função poética priorizará, em si, o sentido adquirido pela mensagem.

Ou seja, esta função de linguagem prima, como objetivo, o contexto da mensagem. Por outro lado, a emotiva prioriza as emoções; o fato de emocionar, paralelamente preocupando-se com o emissor daquela dada mensagem.

Características da Função Poética

A essência da função poética é a compreensão da mensagem. Apesar de ser um conceito complexo de compreender, dada a subjetividade, é possível disponibilizar três características que cernem esta função.

Assim, podem ser definidas como características da função poética:

  • Utilização das figuras de linguagem;
  • Palavras ou expressões utilizadas em sentido conotativo ou como metáforas;
  • Preocupação com a mensagem e também a forma como ela chegará até o receptor para sua compreensão;

Por meio disso, é possível notar como a função poética se estrutura. Se por um lado temos a necessidade de o emissor fazer ser entendido com a mensagem final pelo receptor, por outro há a preocupação com o meio.

Ou seja, o que há entre a mensagem emitida e a mensagem recebida. É nesse ponto que a função poética se concentrará. Não será simplesmente com a mensagem que emitirá ou a mensagem recebida com um sentido fechado.

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Não. Um sentido muito mais abrangente, interpretativo e que abrange, de certo modo, muito mais a interpretação do receptor, do que a intenção primária do emissor.

Veja os exemplos a seguir.

Exemplos de função poética

Música (Chico Buarque – Cálice)

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Poema (Pássaro Azul – Bukowski)

Há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado duro para ele,
e digo, fica aí dentro,
não vou deixar ninguém ver-te.
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu despejo whisky para cima dele
e inalo fumo de cigarros
e as mulheres e os empregados de bar
e os funcionários da mercearia
nunca saberão que ele se encontra lá dentro.
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair mas eu sou demasiado duro para ele,
e digo, fica escondido,
queres arruinar-me?
queres acabar com o meu trabalho?
queres arruinar as minhas vendas de livros na Europa?
há um pássaro azul no meu coração que quer sair
mas eu sou demasiado esperto,
só o deixo sair à noite
por vezes
quando todos estão a dormir.
digo-lhe, eu sei que estás aí, por isso não estejas triste.
depois, coloco-o de volta,
mas ele canta um pouco lá dentro,
não o deixei morrer de todo
e dormimos juntos assim com o nosso pacto secreto
e é bom o suficiente para fazer um homem chorar,
mas eu não choro, e tu?

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função poética
(Imagem: Reprodução)

Os três reproduziram discursos abrangentes e mais preocupados com a forma que a mensagem seria enviada, do que propriamente com o significado recebido pelo emissor.

Assim, a função poética abrange essa “ponte”, que vai do emissor ao receptor, priorizando o formato que a mensagem terá.

Referências

Novíssima Gramática da Língua Portuguesa – Domingos Paschoal Cegalla

Mateus Bunde
Por Mateus Bunde

Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Especialista em Linguagens pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul) e Mestrando em Comunicação pela Universidade do Porto, de Portugal (UP/PT).

Como referenciar este conteúdo

Bunde, Mateus. Função Poética. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/portugues/funcao-poetica. Acesso em: 26 de April de 2024.

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01. [ENEM]

Desabafo

Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente não dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. A começar pela luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para serem respondidos na secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado.

CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento).

Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de várias funções da linguagem, com o predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. No fragmento da crônica Desabafo, a função da linguagem predominante é a emotiva ou expressiva, pois

a) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código.

b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito.

c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem.

d) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais.

e) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da comunicação.

 

01. [B]

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