Carta de Pero Vaz de Caminha

A Carta de Pero Vaz de Caminha foi escrita no ano do descobrimento e traz as primeiras impressões a respeito das terras e dos povos residentes à época no território que viria a ser o Brasil.

Nascido em Porto, Portugal, por volta de 1450, Pero Vaz de Caminha foi um escrivão português que ficou responsável por, ao chegar no Brasil em 1500, descrever as primeiras impressões das terras, fazendo parte da frota de Pedro Álvares Cabral.

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Pero Vaz de Caminha
Imagem: Reprodução

Pero Vaz de Caminha escreveu suas impressões sobre as terras descobertas para ser enviada ao Rei Manoel I, de Portugal, em uma carta que foi intitulada “Carta a el-Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil”. De grande valor histórico e literário na história do Brasil, a carta, em suma, descreve a paisagem e as belezas naturais, assim como os povos indígenas que encontraram em terras brasileiras.

A carta pertence ao período do quinhentismo, cuja principal característica é a literatura de informação, sendo marcada, esta época, pelos textos descritivos e informativos, bem como pelas crônicas de viagem.

A Carta de Pero Vaz de Caminha

Carta de Pero Vaz de Caminha
Imagem: Reprodução

A carta, ainda que tenha sido escrita na época do descobrimento do Brasil, somente foi descoberta no século XVIII por José de Seabra da Silva, tendo como aparição oficial e acadêmica a obra do filósofo e historiador espanhol Juan Bautista Munoz. A primeira publicação da carta no Brasil se deu no ano de 1817, na obra “Corografia Brasilica”, e a provável primeira versão editada no país foi do geógrafo, historiador e sacerdote português que viveu parte de sua vida no Brasil, o Padre Manuel Aires de Casal.

A Carta de Caminha é considerada por historiadores como o primeiro documento redigido no Brasil, sendo, portanto, um importante marco literário para a nossa história. O formato de sua composição segue, inicialmente, a linha de uma carta, com a reverência ao monarca D. Manuel I, e após torna-se uma leitura como a de um diário. Caminha, em sua redação, reproduz o estilo típico dos textos portugueses até o século XV, e sua periodização faz com que seja uma literatura organizada e ordenada cronologicamente em uma leitura bastante simples e atrativa ao leitor.

Como mencionamos anteriormente, trata-se de um documento composto, inicialmente, de forma exclusiva para a comunicação entre Pero Vaz de Caminha e o Rei, descrevendo as terras que haviam sido encontradas. O autor descreve as suas impressões sobre o território documentando a composição física, bem como narrando o desembarque dos portugueses na praia e o encontro entre os colonizadores e os índios e a realização da primeira missa.

Trechos importantes da Carta

Confira abaixo alguns trechos da carta:

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“Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos.”

“Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência as

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Referências

A Carta de Pero Vaz de Caminha – O Descobrimento do Brasil – Silvio Castro

Natália Petrin
Por Natália Petrin

Formada em Publicidade e Propaganda. Atualmente advogada com pós-graduação em Lei Geral de Proteção de Dados e Direito Processual Penal. Mestranda em Criminologia.

Como referenciar este conteúdo

Petrin, Natália. Carta de Pero Vaz de Caminha. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/literatura/carta-de-pero-vaz-de-caminha. Acesso em: 26 de April de 2024.

Teste seu conhecimento

01. [ENEM] De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares […]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente.

Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001.

A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza o seguinte objetivo:

a) Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos.
b) Descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa.
c) Transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial econômico existente.
d) Realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a superioridade europeia.
e) Criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a ausência de trabalho.

 

(UFMG) Com base na leitura da Carta, de Pero Vaz de Caminha, é INCORRETO afirmar que esse texto:

(A) se filia ao gênero da literatura de viagem.
(B) aborda seu próprio contexto de produção.
(C) usa registro coloquial em estilo cerimonioso.
(D) se compõe de narração, descrição e dissertação.

01. [A]

02. [C]

 

 

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