Tratado de Tordesilhas

Por este tratado, Espanha e Portugal, as duas potência marítimas do século XV, dividiram o mundo como conheciam, para que pudesse ser explorado sem guerras

Para compreender o Tratado de Tordesilhas, precisamos entender que se trata de dois assuntos relacionados uns aos outros, mas claramente diferentes:

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  • A questão da exploração de ouro e escravos na África
  • A descoberta das ilhas ocidentais por Cristóvão Colombo

O monopólio português sobre as rotas da África pesava sobre as relações entre ambas as monarquias peninsulares ao longo do século XV e o seu avanço sistemático em relação ao sul da África colocou em questão o acesso dos comerciantes instalados nas margens do rio Guadalquivir aos mercados de escravos do Continente africano.

Imagem: Reprodução

Muito significativamente, os Reis católicos assumiram a soberania das Ilhas Canárias em 1477.
Quando a paz de Alcacobas foi assinada em 1479, o tema africano veio à tona. Castela aceitou o monopólio português e não houve protestos pelas drásticas medidas adotadas por dom João II de Portugal para mantê-lo.

A Espanha tinha as Canárias e a entrada africana para as misteriosas vias de caravana de ouro e isso parecia ser suficiente. Houve, depois de 1480, uma intensificação do trânsito entre os portos do oeste da Andaluzia e os da África.

Embora sua conquista fosse reservada para Portugal, o reino de Fez ainda era independente e os marinheiros andaluzes poderiam obter nela, além de ouro, índigo, couro, cobre, cera, goma-laca, etc..

Mas quando, a partir de 1488, dom João II de Portugal e os Reis Católicos (da Espanha) decidiram dissipar todas as dúvidas para entrar no caminho de uma amizade, a questão das navegações foi novamente levantada.

Em 19 de março de 1489, Fernando e Isabel, os Reis Católicos, confirmaram o Tratado de Alcacobas em relação à África. Obviamente, era necessária uma maior negociação para que, ao declarar os direitos de cada parte, as dúvidas desapareceriam.

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É no meio desses esforços que acontece a viagem de Colombo, de cujo sucesso dom João II teve notícias dos próprios lábios do descobridor.

Os Reis Católicos prosseguiram para obter do Papa uma bula, Inter Caetera (em 4 de maio de 1493), que lhes concedeu o monopólio da navegação a oeste de uma linha, meridiano de Greenwich que, a partir de agora, dividia o mundo.

Os monarcas espanhóis provavelmente consideraram esta bula uma como plataforma de negociação.

Imagem: Reprodução

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Havia, então, negociações. Mas a novidade surpreendente foi que, pela primeira vez, a diplomacia voltou-se para especialistas que poderiam saber o que deveria ser consertado.

Tal é a importância do documento que agora é publicado e que constitui um marco na história da diplomacia universal, sendo o primeiro acordo internacional da história.

Imagem: Reprodução

Também neste aspecto, os reinos ibéricos deram sinais de grandes progressos no final do século XV. Hoje, podemos dizer que o tratado era o culminar de uma conferência de 17 mesas redondas.

Cada uma das partes enviou uma delegação composta por três diplomatas, três especialistas e um secretário.
Ambas as partes ficaram satisfeitas com o resultado já alcançado em 7 de junho de 1494, ou seja, em um curto espaço de tempo.

Os historiadores provavelmente prestaram atenção excessiva ao deslocamento da linha de demarcação até 370 léguas a oeste de Cabo Verde – o que permitiria que Portugal se instalasse no Brasil – e pouco para os ganhos espanhóis.

Naquela época, a importância da América era completamente desconhecida. Por outro lado, a África, fonte de abastecimento de ouro e ouro era a obsessão no início do mercantilismo; não oferecia dúvidas.

Assim, os Reis Católicos acreditavam que fariam um acordo justo, obtendo, em troca de uma maior margem de manobra para navegadores portugueses, portas mais amplas para sua penetração na África.

Referências

Dirección General de Archivos y Bibliotecas – Luis Suarez Fernandez

Luana Bernardes
Por Luana Bernardes

Graduada em História pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e pós-graduada em Psicopedagogia Institucional e Clínica pela mesma Universidade.

Como referenciar este conteúdo

Bernardes, Luana. Tratado de Tordesilhas. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/tratado-de-tordesilhas. Acesso em: 28 de March de 2024.

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01. [FUVEST]: Sobre o Tratado de Tordesilhas, assinado em 7 de junho de 1494, pode-se afirmar que objetivava:
a) demarcar os direitos de exploração dos países ibéricos, tendo como elemento propulsor o desenvolvimento da expansão comercial marítima.
b) estimular a consolidação do reino português, por meio da exploração das especiarias africanas e da formação do exército nacional.
c) impor a reserva de mercado metropolitano, por meio da criação de um sistema de monopólios que atingia todas as riquezas coloniais.
d) reconhecer a transferência do eixo do comércio mundial do Mediterrâneo para o Atlântico, depois das expedições de Vasco da Gama às Índias.
e) reconhecer a hegemonia anglo-francesa sobre a exploração colonial, após a destruição da Invencível Armada de Felipe II, da Espanha.

 

02. [UNESP]: O Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494,
a) foi elaborado segundo os mais modernos conhecimentos cartográficos, baseados nas teorias do geógrafo e astrônomo grego Ptolomeu.
b) foi respeitado pelos portugueses até o século XVIII, quando novas negociações resultaram no Tratado de Madri.
c) nasceu de uma atitude inovadora na época: a de resolver problemas políticos entre nações concorrentes pela via diplomática.
d) resultou da ação dos monarcas espanhóis que resistiram à adoção da Bula lntercoetera, contrária aos seus interesses.
e) surgiu da necessidade de definir a possessão do território brasileiro disputado por Portugal e Espanha.

01. [FUVEST]:

Resposta: A

Ambos os países ibéricos, Portugal e Espanha, tinham interesse em explorar novos territórios desenvolvendo assim cada vez mais seu comércio marítimo (no qual já eram potências).

02. [UNESP]:

Resposta: C

O Tratado de Tordesilhas foi marcado pela ação diplomática. Como dito no texto: “Havia, então, negociações. Mas a novidade surpreendente foi que, pela primeira vez, a diplomacia voltou-se para especialistas que poderiam saber o que deveria ser consertado. Tal é a importância do documento que agora é publicado e que constitui um marco na história da diplomacia universal, sendo o primeiro acordo internacional da história.”

 

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