Política do café com leite

A política do café com leite foi um grande acordo entre o poder central e os estados de maior força econômica da época: Minas Gerais e São Paulo.

Quando falamos em política do café com leite, estamos nos referindo a um acordo que foi firmado entre o governo federal e as oligarquias estaduais durante a República Velha. Ela determinava que os presidentes da República seriam escolhidos sempre entre os políticos de São Paulo e de Minas Gerais, intercalando. O nome se refere às economias de São Paulo e de Minas que eram, ao período, respectivamente, grandes produtores de café e de leite. Eram estados muito populosos e fortes, politicamente falando. Eram o berço de duas principais legendas republicanas, que eram o Partido Republicano Paulista, e o Partido Republicano Mineiro.

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política do café com leite
Imagem: Reprodução

Entendendo a política do café com leite

É bastante nítido, quando pensamos em intenções políticas, perceber, que a prerrogativa, tanto de paulistas quanto de mineiros, ao escolherem os presidentes, eram os benefícios garantidos pelo governo federal às oligarquias das demais províncias. As elites estaduais, em troca da autonomia local e da falta de interferência do governo federal em questões provinciais, apoiavam suas bancadas ao presidente da república. São Paulo e Minas gerais acabaram por controlar o processo sucessório nacional em decorrência do peso político, demográfico e econômico que possuíam à época.

A política do café com leite teve início, formamente, no ano de 1898, quando Manuel Ferraz de Campos Sales governou, chegando ao fim com Getúlio Vargas assumindo a presidência no ano de 1930. Em 1894, foi eleito o primeiro presidente civil da história republicana brasileira, que foi Prudente de Moraes. Este, herdou de seu antecessor uma crise política bastante grave causada pelas divergências que existiam entre os governos federal e provincial no que tange os rumos da República. O presidente encarou ainda a revolta em Canudos, na Bahia, e a Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul.

Campos Salles, o sucessor de Prudente de Moraes, recebeu a tarefa de trazer a estabilização da relação do poder central com as provincias, e foi vitorioso no que se refere às divergências que eram causadas pelas estruturas de dominação locais, trazendo para o Brasil um novo momento político, que ficou conhecido como República Oligárquica.

O princípio do declínio

O Brasil, durante o período da política do café com leite, elegeu 11 presidentes, sendo, entre eles, 6 paulistas e 3 mineiros. Dois vice-presidentes assumiram o posto durante os mais de 30 anos de duração dessa política.

Ainda que o acordou trouxesse a ideia da ocupação da Presidência pelos dois estados envolvidos, o Brasil passou por grandes momentos de tensão, trazendo presidentes de outras regiões do país, como foi o caso de Hermes da Fonseca, gaúcho, e Epitácio Pessoa, paraibano.

No ano de 1909, em decorrência das divergências que haviam no processo de escolha do candidato à sucessão presidencial entre os políticos mineiros, Pinheiro Machado lançou o nome de Hermes da Fonseca, e no caso de Epitácio Pessoa, eleito em 1919, sua eleição foi consequência de problemas que foram causados na economia do país pela Primeira Guerra Mundial.

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A eleição presidencial, ainda que durante as crises, passou por apoio de São Paulo e de Minas Gerais, ou seja, ainda que os candidatos não fossem oriundos daqueles, eles sempre tinham participação ativa nas articulações para que os presidentes fossem escolhidos. Houve uma intensa crise, entretanto, envolvendo outras províncias que, apesar de terem importância inferior, também queriam o poder central.

Isso acarretou o Movimento de 1930, que foi liderado pela oligarquia gaúcha, com a liderança de Vargas, que recebeu o apoio de Paraiba. Ainda que vitorioso, Washington Luís optou por Júlio prestes, ambos paulistas, mas este último jamais chegou a tomar posse em decorrência da movimentação política que acabou gerando o governo provisório de 1930. A partir de então a política do café com leite se encerrava.

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Referências

Estudos de História – Ricardo Faria

Natália Petrin
Por Natália Petrin

Formada em Publicidade e Propaganda. Atualmente advogada com pós-graduação em Lei Geral de Proteção de Dados e Direito Processual Penal. Mestranda em Criminologia.

Como referenciar este conteúdo

Petrin, Natália. Política do café com leite. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/politica-do-cafe-com-leite. Acesso em: 28 de March de 2024.

Teste seu conhecimento

01. [UFMG] A POLÍTICA DOS GOVERNADORES, instituída no governo Campos Sales (1898-1902), significou a resolução da contradição instituída pela Constituição de 1891.

Essa contradição se dava entre:

a) a naturalização compulsória e a livre escolha da cidadania brasileira.

b) a política de valorização do café e a indústria nascente.

c) o bicameralismo e a democracia indireta.

d) o federalismo e o presidencialismo.

e) os presidentes militares e os cafeicultores paulistas.

02. [VUNESP] “Completaram-se, ontem e hoje, 99 anos da reunião dos presidentes de São Paulo, Minas e Rio de Janeiro que culminou no Convênio de Taubaté. A primeira crise global do café foi provocada pela triplicação da produção brasileira na década de 1890 — de 5,5 milhões a 16,3 milhões de sacas (…).” (Folha de S.Paulo, 27.02.2005. Adaptado.)

Do Convênio de Taubaté, origina-se a Política de Valorização do Café, que se constituiu:

a) na isenção tributária sobre todas as mercadorias e serviços relacionados com o café, como o transporte ferroviário.

b) na proibição de se plantar novos cafeeiros no prazo mínimo de 10 anos, até a produção igualar-se ao consumo externo.

c) no acordo entre todos os países produtores e exportadores de café de diminuírem a produção em 25% em 5 anos.

d) no controle dos preços do café por meio da compra da produção excedente, por parte dos governos estaduais.

E) na criação de um imposto sobre cada saca de café exportada e no incentivo à criação de fazendas de café no Espírito Santo.

01. [D]

02. [D]

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