Plano Cruzado

O Plano Cruzado foi um conjunto de medidas econômicas adotadas durante o governo Sarney que visavam principalmente diminuir a inflação cada vez mais alta.

Quando José Sarney chegou à Presidência, em 15 de março de 1985, embora a economia estivesse voltando a crescer, alguns números ainda eram preocupantes.

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A dívida externa do Brasil havia chegado à incrível marca de 100 bilhões de dólares e para pagá-la o país precisaria desembolsar 5% do PIB.

No entanto, o que mais assustava era o aumento crescente da inflação que havia saltado para 400% ainda no início de 1986.

Principais propostas do Plano Cruzado

Reprodução

Visando resolver esses problemas econômicos, em 28 de fevereiro de 1986, o governo Sarney lançou um amplo pacote com as seguintes propostas:

  • Congelamento de preços no varejo: a população é chamada a fiscalizar os preços para evitar que subam;
  • Substituição e valorização da moeda: cruzeiro pelo cruzado;
  • Reajuste do salário mínimo: a partir do valor médio dos últimos seis meses, mais abono de 8%;
  • Adoção do gatilho salarial: reajuste automático dos salários quando a inflação acumulasse um índice de 20%;
  • Criação de seguro-desemprego: para aqueles que fossem demitidos devido à falência das empresas ou sem justa causa

Quanto tempo durou o Plano Cruzado?

O Plano Cruzado durou apenas três anos, vindo a terminar em 16 de janeiro de 1989 quando foi trocado pelo Cruzado Novo.

No entanto, a aceitação do Plano Cruzado foi imediata. E muitos cidadãos, atendendo ao chamado do Presidente, se tornaram fiscais de preços, denunciando os comerciantes que violavam as normas.

Desse modo, a inflação caiu para índices que há muito não se via, em média 3,4% ao mês.

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Porém, passados os primeiros meses de euforia, os pontos fracos do Plano Cruzado vieram à tona.

Por que o Plano Cruzado não teve sucesso?

Como a inflação havia baixado, os brasileiros passaram a consumir mais, o que resultou numa grave crise de desabastecimento que fez com que as mercadorias sumissem das prateleiras dos supermercados, padarias, mercearias e açougues.

Como consequência, o brasileiro passou a conviver com o ágio, uma taxa acrescentada “por fora” aos preços dos produtos. Dessa forma, ficava cada vez mais claro o fracasso do Plano Cruzado.

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Ainda em 1986, mais precisamente em 02 de novembro, o governo Sarney lançou o Plano Cruzado II para tentar corrigir os problemas do plano anterior, porém sem conseguir evitar o agravamento da crise econômica.

Imagine que em apenas um dia a gasolina subia 60%, as contas de luz e telefone 120%, e os preço dos automóveis 80%. Era o que ocorria nesse período conhecido como “inflação galopante”.

Outro fator importante para o fracasso do Plano Cruzado era a falta de controle de gastos do próprio governo que mesmo num momento de crise possuía gastos exorbitantes, principalmente com a dívida externa.

Assim, em janeiro de 1987, o presidente José Sarney foi obrigado a decretar unilateralmente a moratória, deixando de pagar os juros da dívida externa.

Essa medida durou alguns anos, mas não foi suficiente para salvar o Plano Cruzado e a economia do País.

Ao mesmo tempo em que a proximidade de novas eleições impedia a equipe econômica de colocar em prática medidas impopulares que, apesar de necessárias, poderiam deixar a população descontente.

Enquanto isso, a inflação não parava de subir. Até o fim de seu governo, Sarney trocaria várias vezes de equipe econômica e lançaria várias medidas, sempre tendo o congelamento de preços como uma de suas bandeiras, mas que não surtiram os efeitos esperados.

Para você ter uma ideia, a inflação chegaria a 85% ao mês, em março de 1990, último mês do governo Sarney. Era o início do governo Collor e do polêmico Plano Verão, com a substituição do Cruzado pelo Cruzado novo.

Referências

História – Divalte Garcia Figueira
O Plano Cruzado: balanço e perspectivas – Fabrício Augusto de Oliveira

Luana Bernardes
Por Luana Bernardes

Graduada em História pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e pós-graduada em Psicopedagogia Institucional e Clínica pela mesma Universidade.

Como referenciar este conteúdo

Bernardes, Luana. Plano Cruzado. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/plano-cruzado. Acesso em: 25 de April de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [UFPEL]

Lei do Máximo, de 29/09/1793.

Fixa limites para os preços e salários, aprovada sob pressão popular pela Convenção Nacional.

Plano Cruzado

“[…] Se, por um lado, lançou o Plano Cruzado congelando preços e salários, reduzindo bruscamente a inflação que penalizava os trabalhadores de baixo poder aquisitivo, por outro foi extremamente inoperante em relação às elites quando estas iniciaram o boicote ao Plano e passaram a reter produtos provocando a escassez no mercado, assim pressionando para a elevação dos preços através da formação de mercado paralelo. Com isso, a corrosão dos salários se manifestava na prática, sem entrar, contudo, nos cálculos oficiais da inflação.”

AQUINO, Rubim et al. “Sociedade Brasileira: uma história através dos movimentos sociais. Da crise do escravismo ao apogeu do neoliberalismo”. Rio de Janeiro: Record, 2000.

A legislação brasileira contemporânea imitou aquela estabelecida pela Convenção Nacional.

As conjunturas históricas a que correspondem os textos, respectivamente, são

a) a da Revolução Francesa e a do governo Sarney.

b) a da Revolução Industrial e a do governo Collor de Mello.

c) a da Revolução Americana e a do governo Itamar Franco.

d) a da Revolução Inglesa e a do governo Fernando Henrique Cardoso.

e) a do Império Napoleônico e a do governo João Figueiredo.

Resposta: A
A política de congelamento de preços e salários visando diminuir a inflação foi característica do governo Sarney, logo, por exclusão, a alternativa correta é a alternativa A.

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