Leonel Brizola

Conhecido por sua influência na política brasileira, Leonel Brizola é uma figura que ainda influencia os ideais e alguns partidos no país.

Leonel Brizola foi um político apaixonado desde cedo – com apenas 23 anos, entrava no Partido Trabalhista Brasileiro, advogando pela causa trabalhista defendida por Getúlio Vargas. Assim, ele se tornava uma figura carismática e mobilizadora com o passar dos anos. Além disso, tendo origem em uma família de trabalhadores, conseguia ter um apelo popular.

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Brizola é considerado uma figura política importante. Por exemplo, ele foi o único a ser eleito governador em dois estados diferentes: no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro. A seguir, conheça mais sobre sua vida e como ele influenciou a política brasileira.

Biografia: quem foi Leonel Brizola

Leonel Brizola em sua fazenda durante o exílio na ditadura militar
Brizola durante o exílio no uruguai, por Ricardo Chaves (1974).

Leonel de Moura Brizola nasceu em Cruzinha, no Rio Grande do Sul, em 22 de janeiro de 1922. Seu pai foi assassinado muito cedo, quando se aliou a um líder político, Leonel Rocha – que inspirou o nome de seu filho – que combatia o governo do estado. Assim, sua mãe, Oniva, teve de ficar responsável pelo sustento de cinco filhos pequenos.

Essa história de dificuldades e de trabalho marcou o futuro político de Leonel Brizola. Além disso, teve incentivo de sua mãe para estudar. Assim, aos 18 anos tinha se formado em técnico rural, passando em primeiro lugar na entrada do curso. Com todas as dificuldades, aos 27 anos conseguiu o seu diploma de engenheiro civil.

Brizola conheceu Neusa Goulart, irmã de João Goulart, nas reuniões do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Diferentemente dele, ela tinha uma origem rica, e se casaram em março de 1950. Com ela, teve três filhos: Neusa Maria, José Vicente e João Otávio.

Brizola faleceu em 21 de junho de 2004, com 82 anos de idade. Desde cedo, Brizola se empolgou com as questões políticas. Com apenas 25 anos, ele era eleito em Porto Alegre como deputado estadual. O próprio Getúlio Vargas ficou admirado com seu discurso, dizendo: “Esse guri vai muito longe”.

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Carreira política de Leonel Brizola

A trajetória política percorrida por Leonel Brizola foi longa, especialmente porque começou desde muito cedo. Suas origens de uma família trabalhadora foram uma das bases para que ele se lançasse na causa trabalhista.

Início da carreira

Aos 23 anos de idade, Brizola se filiava ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Logo, com 25 anos, em janeiro de 1947 era eleito deputado estadual no Rio Grande do Sul. Na época, ele era um estudante de engenharia civil.

Assim, os registros de sua atuação mostram que ele era empolgado e apaixonado pela atividade legislativa. Sobretudo, participava na maioria das sessões com algum de seus discursos. Ainda, apesar de ter iniciado com o movimento estudantil, passou também a se aproximar do líder sindicalista, José Vecchio – que, mais tarde, acabaria atrapalhando sua eleição como prefeito.

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Relação com João Goulart / Jânio Quadros

Em 1950, João Goulart, que era líder do PTB no Rio Grande do Sul, era eleito deputado federal. Enquanto isso, Leonel Brizola era reeleito deputado estadual, com 29 anos de idade. No mesmo ano, João Goulart se tornava oficialmente cunhado de Brizola, já que ele se casou com sua irmã, Neusa Goulart.

Logo, em 1954, Brizola ocupou o cargo de deputado federal, com mais de 100 mil votos. Depois, em 1956, era eleito prefeito de Porto Alegre. Finalmente, dois anos mais tarde, com 36 anos de idade, com mais de 670 mil votos ele se tornava governador do Rio Grande do Sul.

Em 1961, a presidência do país era ocupada por Jânio Quadros que, nesse ano, renunciou. No momento, ele alegou que existiam pressões de diversas ordens que impediam o seu governo. Entretanto, militares eram contrários a João Goulart, o vice-presidente, que estava em viagem e logo que voltasse devia ocupar a presidência.

Como consequência, diante do eminente golpe, Brizola imediatamente anuncia que “O Rio Grande não aceita o golpe e a ele não se submeterá”. Assim, ele cumpriu um papel importante na campanha da legalidade, defendendo o cumprimento da Constituição na posse de João Goulart.

No fim, o conflito foi resolvido a partir de negociações em que o regime presidencialista foi mudado para parlamentarista e Tancredo Neves indicado para o cargo de primeiro-ministro. Desse modo, João Goulart assumiu a presidência.

Ditadura Militar

Após a campanha da legalidade, Leonel Brizola se tornou uma figura cada vez mais conhecida nacionalmente. Enquanto isso, João Goulart acumulou dificuldades em seu governo. Aos poucos, seus opositores se articularam contra a presidência, culminando no golpe militar de 1964.

Portanto, a primeira reação de Brizola foi de articular uma resistência ao golpe e impedir a instalação dos militares em Brasília. Contudo, João Goulart quis evitar o confronto, e a força de mobilização já não era forte como na campanha da legalidade. Agora, Brizola e sua família corriam riscos porque os militares já anunciavam prendê-lo.

Assim, Brizola deixou sua família aos cuidados de amigos e teve de se mudar de casa muitas vezes, até conseguir exílio no Uruguai. Mais tarde, sua família também rumou para onde ele estava. Por fim, o seu exílio acabou apenas em 1979, sob a lei da anistia, quando voltou ao Brasil.

Fundação do PDT

Desde que pôde voltar ao Brasil, Brizola desejava a reorganização do PTB, extinto na ditadura militar. Assim, ele escolheu a sua data de volta no dia 7 de setembro, carregando-o de simbolismo e reafirmando seu nacionalismo.

Em 1980, houve uma briga pela sigla PTB no Supremo Tribunal Federal, e o episódio resultou na derrota do grupo de Brizola. Contudo, esse não era um fim de sua trajetória política. Uma semana após a derrota, foi anunciada uma nova sigla: PDT, Partido Democrático Trabalhista.

Logo, com o processo de redemocratização, houve uma apreensão na eleição do governo estadual do Rio de Janeiro. Nesse contexto, a popularidade de Brizola estava alta e sua campanha resultou no sucesso de sua eleição pelo PDT, em 1982. Ainda, em 1991 foi reeleito ao mesmo cargo.

Campanhas à presidência

Em 1989, Brizola era o candidato à presidência no país, saltando nas pesquisas eleitorais. Inicialmente, um segundo turno era previsto entre ele e o Lula. No entanto, logo Fernando Collor surgiu como um candidato à direita, que até então estava sem representação majoritária.

Enquanto Collor viajava de jatinho em diversos lugares, falando no máximo cinco minutos para um público, Brizola parava, tirava fotos, discursando por mais de uma hora. Além disso, por mais que Brizola mantivesse sua popularidade pela sua história, o cenário era outro: havia ficado mais de uma década fora do Brasil, e as redes de comunicação eram diferentes naquele momento.

No fim, Brizola foi derrotado na campanha sem ir para o segundo turno e Collor eleito presidente. Mais tarde, na próxima eleição presidencial, a campanha brizolista também não foi bem sucedida, com a vitória de Fernando Henrique Cardoso.

Fim da carreira

Nos últimos anos de sua vida, registra-se que Brizola acumulava decepções. Uma delas era com Lula, com quem nunca pôde articular. Além disso, criticava a política, que havia virado negócio e marketing.

No início de 2004, ano de sua morte, poucas pessoas sabiam de seu estado de saúde debilitado. Assim, ele já se preparava de algum modo para o que viria. Desse modo, em junho, acabou sofrendo uma infecção pulmonar e foi levado ao hospital, no Rio de Janeiro, local onde ocorreu a sua morte. Brizola morreu de infarto, com 82 anos de idade.

A morte de Brizola foi noticiada mundialmente, e recebeu diversas homenagens. Contemporaneamente, é ainda conhecido como um político que foi independente, carismático e que defendera seus ideais até o final de sua vida.

10 frases de Leonel Brizola

Para entender melhor Leonel Brizola, é importante conhecê-lo por seus discursos. Portanto, confira a seguir uma seleção de citações do político que podem ajudar a ampliar seu conhecimento:

  1. “A política é a arte de engolir sapo. Não seria fascinante fazer agora a elite brasileira engolir o Lula, este sapo barbudo?” (1989).
  2. “Vejam só se não é loucura o que vão fazer. Podem nos esmagar, num dado momento. Jogarão o País no caos. Ninguém os respeitará. Ninguém terá confiança nessa autoridade que será imposta, delegada de uma ditadura.” (1961).
  3. “Como é que pode o PT, ao chegar ao governo, mudar? Isso é coisa de um país surrealista.” (2003).
  4. “Porque, antigamente, sr. Manoelito, falar em igualdade social, sociedade de capitalistas e outras cousas que tais, equivalia – para este ponto chamo especial atenção da casa, uma vez que o signatário não era comunista – a ser comunista e merecer reclusão em infectos e mal cheirosos antros, isto sem lembrar os maus tratos policiais.” (s/d).
  5. “Sou um grande admirador de toda inteligência que, longe de mesquinho interesse e livre de dogmas partidários, lança-se gratuitamente na arena da sabedoria humana a serviço dos necessitados.” (s/d).
  6. “Julgamos, sr. Presidente, que a juventude deve formar a sua personalidade, formar o seu caráter num regime de plena liberdade.” (s/d).
  7. “Quero dizer-lhes, meus jovens patrícios, que é obrigação de cada um dos senhores enfrentar o momento de sua geração com o espírito esclarecido e a inteligência lúcida. Informados por uma análise rigorosa dos fatos. Iluminados pela crítica fria e independente.” (1961).
  8. “Sim! Poderíamos abrigar e alimentar mais da quarta parte da população do mundo. E no entanto não conseguimos bem abrigar e bem alimentar os 70 milhões de brasileiros, angustiados permanentemente por uma tremenda crise econômico-social que oprime ao povo inteiro e esmaga as classes que se encontram ao pé desta inaceitável pirâmide social.” (1961).
  9. “Reconheço e proclamo que nos encontramos numa ordem capitalista, recolhendo desse sistema, é verdade, algumas migalhas. Mas situo-me entre aqueles que desejam abominar corajosamente, decididamente, os males do capitalismo.” (1961).
  10. “Aqui, portanto, está, para mim, o problema crucial: cumpre realizar as reformas estruturais.” (1961).

Assim, Brizola era bastante conhecido pelas suas falas tocantes e que mobilizavam as pessoas. Nesse contexto, é importante se atentar para os conceitos utilizados por ele e como a teoria social afeta, transforma e sensibiliza quem presencia o discurso.

Vídeos sobre Leonel Brizola

Para saber mais sobre esse político tão importante e controverso, foram selecionados alguns materiais audiovisuais. Além disso, assistir a outras pessoas falando sobre Brizola pode ajudar a dar uma dimensão de sua influência. Confira:

Vida de Leonel Brizola

Veja o vídeo acima para retomar alguns pontos centrais da vida de Leonel Brizola e como ele chegou na carreira política. Nesse sentido, o material reúne algumas figuras ligadas a ele de algum modo.

Carreira política de Brizola

Brizola iniciou sua trajetória política desde muito cedo, sendo estimulado por líderes importantes. Consequentemente, é possível entender melhor como foram formadas as suas posições políticas e sua força de mobilização.

Vida e contexto histórico

A data de nascimento de Brizola, situada em 1922, foi um momento de rupturas no Brasil. Assim, a vida do político também reflete alguns contextos históricos importantes para entender a própria história brasileira.

Legado e influência de Leonel Brizola, por Ciro Gomes

Brizola foi um fundador do Partido Democrático Trabalhista (PDT), em 1979. Atualmente, esse é um partido ainda importante, sendo atualizado na figura de alguns políticos como Ciro Gomes. Desse modo, veja uma fala dele para identificar as influências brizolistas.

Documentário sobre Leonel Brizola

Se você se interessou bastante pela figura de Brizola, assista a um documentário que descreve em maiores detalhes a sua vida.

Certamente, Leonel Brizola é uma das figuras que marcou a história brasileira. Portanto, a partir dele, é possível compreender parte do período vivido pelo país em termos políticos e as suas influências, que sobrevivem até atualmente.

Referências

Leonel de Moura Brizola (1922 – 2004) – Instituto Humanitas Unisinos;

Leonel Brizola: perfil, discursos, depoimentos (1922/2004) – Assembleia Legislativa do RS.

Mateus Oka
Por Mateus Oka

Mestre em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Cientista social pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Realiza pesquisas na área da antropologia da ciência.

Como referenciar este conteúdo

Oka, Mateus. Leonel Brizola. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/leonel-brizola. Acesso em: 13 de December de 2024.

Exercícios resolvidos

1. [Mackenzie]

Com a renúncia de Jânio Quadros, setores militares resolveram impedir a posse do Vice-presidente João Goulart. O Congresso e vários segmentos sociais, tendo à frente o governador Leonel Brizola do Rio Grande do Sul, desencadearam a mobilização popular e, diante da ameaça de guerra civil, contornou-se a questão com a emenda parlamentarista.

Tais fatos dizem respeito a um importante acontecimento histórico dos anos 60, denominado:

a) Campanha das Diretas Já.
b) Campanha da Legalidade.
c) Milagre Brasileiro.
d) Abertura Democrática.
e) Queremismo

Resposta: b

Justificativa: a campanha da legalidade foi um importante acontecimento da década de 1960, tendo o Leonel Brizola como um grande líder.

2. [Mackenzie]

A renúncia de Jânio deixou o país à beira do caos e de uma guerra civil. A ameaça à legalidade institucional poderia trazer conseqüências drásticas para o país. O Rio Grande do Sul, cujo governador era Leonel Brizola, transformou-se no foco principal da luta pró João Goulart.
Francisco de Assis Silva. História do Brasil.

Essa crise política foi temporariamente controlada em 1961, por meio:

a) do suicídio de Jango.
b) do Ato Institucional número 5.
c) da Emenda Parlamentarista.
d) das Reformas de Base.
e) do golpe militar.

Resposta: c

Justificativa: o que permitiu a posse de João Goulart e, pelo menos, o adiamento de um golpe militar, foi a negociação pelo parlamentarismo, o que não agradou particularmente Leonel Brizola – que havia feito uma campanha para a posse constitucional de Goulart.

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