Independência do Haiti

A Independência do Haiti tem como característica pontual o fato de ter sido a primeira derrota em batalhas do exército napoleônico.

A independência do Haiti foi um período sangrento de batalhas entre a colônia haitiana e os colonizadores franceses. Durando quase 15 anos, a batalha teve início no ano de 1791 e se estenderia até 1804. Foi um momento brutal da história. Culminou, enfim, com a independência da Colônia de Saint-Domingue (atual Haiti) e o fim da escravidão na região.

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Proclamada no dia 1º de janeiro de 1804, o Haiti se tornava uma nação independente. Sendo o primeiro Estado do caribe a conquistar o feito. Além disso, constituiu-se como a primeira república negra comandada por negros. Mas o mais significativo, contudo, foi o fato de ter sido a primeira nação do ocidente a abolir a escravidão.

independência do haiti
Imagem que caracteriza a independência do Haiti. (Imagem: Reprodução)

A Revolução Francesa como ignição para a Independência do Haiti

A Revolução Francesa, ocorrida em 1789, foi o estopim para a arquitetura de diversos movimentos que visavam a independência. Inspirando-se nos ideais propostos de igualdade, liberdade e fraternidade, o Haiti via nos Iluministas a luz para, enfim, libertarem-se. Vivendo um período de reconstrução política, o continente americano veria, num futuro próximo, a consolidação dos EUA como nação potência. Além disso, a independência do Uruguai e de outras nações latinoamericanas também entravam em pauta.

O início da revolta

Foi no ano de 1791 que o líder Toussaint L’Overture instigou uma revolta dos escravos, por serem maioria. Assim, a estratégia foi dizimar a pequena parcela mandatária branca europeia que ali residia. As tropas francesas, então, foram acionadas. Resistiram por um tempo. O valoroso número de nativos, no entanto, conseguiu se sobrepor até mesmo aos soldados enviados por Napoleão. Os escravos haitianos ainda tiveram suporte de exércitos da Inglaterra e Espanha.

O líder da revolta, L’Overture, até chegou a assumir o governo do Haiti, no ano de 1801. Entretanto, o mesmo foi aprisionado pelas tropas napoleônicas logo a assumir a liderança oficial. Foi declarado morto dois anos depois, na capital Paris.

Os escravos, no entanto, seguiram em resistência após a morte do líder-símbolo da independência do Haiti. Já no ano de 1804 o antigo escravo Jean-Jacques Dessalines formou uma nova frente revolucionária. Ele assume o poder imperial da ilha, chamando-a, enfim, de Haiti. O nome fora escolhido em razão das primeiras populações nativas que ali habitavam.

A longa batalha, os louros da vitória e a independência do Haiti, no entanto, trouxeram severas consequências à nova nação. Apesar de livres das correntes francesas, os demais países que faziam negócios com o Haiti se afastaram. Temendo uma rebelião similar das colônias vizinhas, os pactos comerciais acabaram sendo encerrados. O mercado fechado acabou provocando uma forte crise econômica no país.

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Consequências da independência do Haiti

  • Agricultura em colapso devido ao longo período de batalhas;
  • Em 1825, o governo haitiano foi obrigado a restituir os antigos proprietários de escravos;
  • Pagamento de dívida de 150 milhões de francos junto à França para reconhecimento da independência;
  • Boicote de países em expansão e futuras potências, como os EUA, demoraram a reconhecer a independência da nação;

Após enfrentar todas as consequências – sobretudo o pagamento de indenização à França –, o Haiti sofre com crise atrás de crise. Após a morte de Dessalines, em 1806, a piora foi significativa. O país chega, inclusive, a ser dividido em dois regimes políticos. De um lado um território sob poder da monarquia, enquanto outro sob poder republicano. Apenas em 1820 há a unificação realizada por Jean Boyer, que institui uma república.

Referências

AZEVEDO, Gislane e SERIACOPI, Reinaldo. Editora Ática, São Paulo-SP, 1ª edição. 2007, 592 p.

Mateus Bunde
Por Mateus Bunde

Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Especialista em Linguagens pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul) e Mestrando em Comunicação pela Universidade do Porto, de Portugal (UP/PT).

Como referenciar este conteúdo

Bunde, Mateus. Independência do Haiti. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/independencia-do-haiti. Acesso em: 25 de April de 2024.

Teste seu conhecimento

01. [UFRGS] Considere as afirmações abaixo, sobre a história do Haiti nos séculos XIX e XX.

I – A Guerra de Independência do Haiti iniciou como uma ampla rebelião de escravos cujas consequências foram a abolição da servidão e a emancipação do país do domínio colonial francês.
II – Os franceses exigiram uma compensação financeira em razão da abolição da escravidão e da independência, que só terminou de ser paga em meados do século XX.
III – O país enfrentou, em janeiro de 2010, um terremoto devastador que custou a vida de mais de cem mil haitianos e forçou outros milhares à emigração, inclusive para o Brasil.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.

b) Apenas II.

c) Apenas III.

d) Apenas I e II.

e) I, II e III.

 

02. [UFMG]Para a América espanhola [e, pode-se acrescentar, para o Brasil oitocentista e os Estados Unidos], o Haiti foi um exemplo e uma advertência, observados com crescente horror tanto por governantes como por governados.
(LYNCH, John. In: BEFHELL, Leslie (Org.). ‘História da América Latina’. São Paulo: Edusp; Imprensa Oficial do Estado; Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2001 . v. 3, p. 69.)

Nesse trecho, faz-se referência

a) ao subdesenvolvimento e à miséria da ilha caribenha, país mais pobre da América Latina.
b) a desagregação da sociedade haitiana, reforçada pelas constantes turbulências econômicas.
c) ao aumento crescente da influência dos ideais anarquistas e evolucionistas na ilha caribenha.
d) ao processo de independência da ilha, marcado por uma sublevação maciça de escravos negros.

01. [D]

02. [D]

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