Bandeirantes

Os bandeirantes eram um grupo de desbravadores do serão do Brasil Colônia na busca por mão de obra escrava indígena.

Os Bandeirantes foram considerados exploradores empreendedores de expedições que vasculhavam o interior do Brasil Colônia. Ou seja, esse grupo de homens realizava as chamadas bandeiras. Estas eram caracterizadas pela reunião de indivíduos que se deslocavam dos centros e litorais até os sertões coloniais.

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Chegando ao destino desejado, o objetivo deste grupo era capturar indígenas para uso de mão de obra escrava. Durante as primeiras expedições realizadas, o armamento utilizado era o arco e a flecha. Com armamento semelhante aos indígenas que almejavam capturar, as batalhas muitas vezes deixavam inúmeros mortos e feridos.

Muitas bandeiras deixavam a alcunha de exploração, e justificavam-se realmente como expedições visando o aprisionamento de nativos. Mesmo com o Tratado de Tordesilhas (1494) em vigor, os bandeirantes ultrapassaram as fronteiras delimitadas. No âmbito da União Ibérica (1580-1642), as bandeiras acabaram por ampliar o domínio português na América.

monumento bandeirantes
Monumento em homenagem aos bandeirantes, em São Paulo, são comuns. (Imagem: Reprodução)

A crise europeia e a junção entre Entradas e Bandeiras

A segunda metade do século XVII foi marcada por uma crise econômica do Império Português na Europa. Regiões de domínio na África passaram a atrair atenção de outras nações. Investidas, inclusive, foram feitas. Diversas colônias africanas foram sendo tomadas por holandeses. Para piorar a situação lusitana, o açúcar brasileiro agora enfrentava ampla concorrência do açúcar elaborado nas Antilhas.

A solução para tentar reverter a crise foi o estímulo à exploração de metais preciosos nas colônias americanas. Dessa forma, as bandeiras começaram a ser financiadas pela coroa portuguesa junto às expedições da própria coroa, as Entradas. Estas, por sua vez, seriam as expedições de cunho oficial. A exploração seria diretamente do território, e não de apresamento. O objetivo das entradas era justamente a busca por potenciais econômicos da terra.

Contudo, as expedições particulares fortemente armadas (as bandeiras) acabaram juntando os objetivos às entradas. Ambas as jornadas passaram a atrelar objetivos. Nestas explorações, os objetivos eram:

  • Busca de mão de obra indígena;
  • Destruição dos quilombos formados por negros e índios foragidos;
  • Busca por metais preciosos;

Bandeirantes de destaque

Os bandeirantes de maior destaque concentravam-se, boa parte, na região paulista. Dentre os mais conhecidos estão:

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  • Antônio Raposo Tavares;
  • Domingos Jorge Velho;
  • Morais Navarro;
  • Domingos Calheiros;
  • Estevão Parente;
  • Fernão Dias Paes;
  • Manuel Borba Gato;
  • Bartolomeu Bueno da Silva;
  • Pascoal Moreira Cabral;
  • André Fernandes;

A “descoberta” de ouro por volta do ano de 1690-1700 rendeu homenagens eternas aos exploradores. Em regiões de Minas Gerais, Goiás e, sobretudo, São Paulo, não é incomum ver monumentos de exaltação aos mesmos.

A quebra do mito dos bandeirantes como heróis

Ao longo dos anos, creditou-se à figura dos bandeirantes como os responsáveis diretos pelas descobertas de riquezas no Brasil. Os considerados reais pioneiros ao desbravar os sertões do país. Os ampliadores de horizontes, dos limites e os incansáveis excursionistas do interior na busca por metais e pedras preciosas. As alcunhas a eles creditadas, e as homenagens físicas existentes, dificultam a avaliação real do que foram as bandeiras.

Os bandeirantes foram exploradores escravocratas, lançavam-se em busca do aprisionamento dos nativos. Invadiam, inclusive, Missões Jesuíticas, onde inúmeros indígenas já passavam pela desestruturação da sua cultura e a evangelização. Em relatos de documentos, observa-se o detalhamento de centenas de aldeias devastadas em inúmeras regiões.

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Diferentes tribos eram capturadas, levadas às fazendas e obrigadas a conviver para trabalhar incessantemente. As bandeiras, na realidade, alimentaram um verdadeiro mercado de mão de obra escravocrata indígena. Possibilitou a redução na produção agrícola e o abastecimento comercial com uma mão de obra sem custo. Sendo assim, os Bandeirantes eram tidos, sim, outrora como heróis. Atualmente, no entanto, são vistos como um grupo que apenas contribuiu para a desestruturação da cultura indígena.

Referências

AZEVEDO, Gislane e SERIACOPI, Reinaldo. Editora Ática, São Paulo-SP, 1ª edição. 2007, 592 p.

Mateus Bunde
Por Mateus Bunde

Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Especialista em Linguagens pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul) e Mestrando em Comunicação pela Universidade do Porto, de Portugal (UP/PT).

Como referenciar este conteúdo

Bunde, Mateus. Bandeirantes. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/bandeirantes. Acesso em: 28 de March de 2024.

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01. [Fuvest-SP] Qual destas definições expressa melhor o que foram as Bandeiras?

a) Expedições financiadas pela Coroa que se propunham exclusivamente a descobrir metais e pedras preciosas.

b) Movimento de fundo catequético, liderados pelos jesuítas para a formação de uma nação indígena cristã.

c) Expedições particulares que apresavam os índios e procuravam metais e pedras preciosas.

d) Empresas organizadas com o objetivo de conquistar as áreas litorâneas e ribeirinhas.

e) Incursões de portugueses para atrair tribos indígenas para serem catequizadas pelos jesuítas.

 

02. [UFU-MG] A atividade bandeirante marcou a atuação dos habitantes da Capitania de São Vicente entre os séculos XVI e XVIII.

A esse respeito, assinale a alternativa correta.

a) Buscando capturar o índio para utilizá-lo como mão de obra, ou para descobrir minas de metais e pedras preciosas, o chamado bandeirismo apresador e o prospector foram importantes para a ampliação dos limites geográficos do Brasil colonial.

b) As bandeiras eram empresas organizadas e mantidas pela Metrópole, com o objetivo de conquistar e povoar o interior da colônia, assim como garantir, efetivamente, a posse e o domínio do território.

c) As chamadas bandeiras apresadoras tinham uma organização interna militarizada e eram compostas exclusivamente por homens brancos, chefiados por uma autoridade militar da Coroa.

d) O que explicou o impulso do bandeirismo do século XVII foi a assinatura do tratado de fronteiras com a Espanha, que redefiniu a linha de Tordesilhas e abriu as regiões de Mato Grosso até o Rio Grande do Sul, possibilitando a conquista e a exploração portuguesa.

e) Derivado da bandeira de apresamento, o sertanismo de contrato era uma empresa particular, organizada com o objetivo de pesquisar indícios de riquezas minerais, especialmente nas regiões de Mato Grosso e Minas Gerais.

 

03. [FGV] “(…) assistimos no final do século XVII, após a descoberta das minas, não a uma nova configuração da vila nem à ruptura brusca com o padrão anterior, ao contrário, à consolidação de todo um processo de expansão econômica, de mercantilização e de concentração de poder nas mãos de uma elite local. A articulação com o núcleo mineratório dinamizará este quadro mas não será, de forma alguma, responsável por sua existência.”

BLAJ, Ilana. A trama das tensões. São Paulo, Humanitas, 2002, p. 125.

O texto acima refere-se:

a) à vila de São Luís e ao seu papel de núcleo articulador entre a economia exportadora e o mercado interno colonial.

b) à vila de São Paulo, cuja integração a uma economia de mercado teria ocorrido antes da descoberta dos metais preciosos.

c) à vila de Ouro Preto, importante centro agrícola e pecuarista encravado no interior da América portuguesa.

d) à vila de Cuiabá, principal entreposto de tropeiros e comerciantes que percorriam as precárias rotas do Centro-Sul.

e) à vila de Mariana, importante centro distribuidor de indígenas apresados pelos bandeirantes.

 

04. [MACKENZIE] A historiografia tradicional atribui ao bandeirismo o alargamento do território brasileiro para além de Tordesilhas.

Sobre esta atividade, é correto afirmar que:

a) jamais se converteu em elemento repressor, ata­cando quilombos ou aldeias indígenas.

b) as missões do Sul foram preservadas dos ataques paulistas, devido à presença dos jesuítas espa­nhóis.

c) na verdade, o bandeirismo era a forma de so­brevivência para mestiços vicentinos, rudes e pobres, e a expansão territorial ocorreu de forma inconsciente como subproduto de sua atividade.

d) eram empresas totalmente financiadas pelo gover­no colonial, tendo por objetivo alargar o território para além de Tordesilhas.

e) era exercida exclusivamente pelo espírito de aven­tura dos brancos vinculados à elite proprietária vicentina, cujas lavouras de cana apresentavam grande prosperidade.

 

05. [FUVEST] Qual destas definições expressa melhor o que foram as bandeiras?

a) Expedições financiadas pela Coroa que se propu­nham exclusivamente a descobrir metais e pedras preciosas.

b) Movimento de fundo catequético, liderado por jesuítas para a formação de uma nação indígena cristã.

c) Expedições particulares que apresavam os índios e procuravam metais e pedras preciosas.

d) Empresas organizadas com o objetivo de conquistar as áreas litorâneas e ribeirinhas.

e) Incursões de portugueses para atrair tribos indí­genas para serem catequizadas pelos jesuítas.

01. [C]

02. [A]

03. [B]

04. [C]

05. [C]

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