Vladimir Herzog, sob nome de origem Vlado, foi um jornalista, professor e almejava ser um cineasta. Nascido no dia 27 de junho de 1937, na cidade de Osijsk, Croácia (antiga Ioguslávia), foi erradicado no Brasil.
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Antes de pisar em terras verdes e amarelas, Herzog ainda morou na Itália. Chegou ao Brasil com cinco anos de idade, em 1942.
Cresceu em São Paulo, naturalizando-se cidadão brasileiro logo em seguida. Prestou vestibular para a Universidade de São Paulo (USP) e cursou Filosofia. Iniciou a carreira em 1959, no jornal O Estado de S.Paulo.
Por achar que o nome de batismo, Vlado, não caía bem no Brasil, decidiu por assinar as matérias como Vladimir.

Após passar pela Rede BBC e trabalhar em Londres, ele retorna ao Brasil, em 1968. Trabalha em uma revista e na Fundação Armando Álvarez Penteado (FAAP), como professor.
No ano de 1975, Vladimir Herzog é escolhido como diretor de jornalismo da TV Cultura, pelo então Secretário de São Paulo. No dia 24 de outubro do mesmo ano, o jornalista é convocado pelo DOI-Codi para prestar esclarecimentos.
As acusações seriam de que ele estaria envolvido com o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Por livre e espontânea vontade, Herzog se dirige ao Centro de Operações para prestar seu depoimento.
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No mesmo dia, Herzog é submetido a uma série de torturas e morto no dia seguinte. Segundo a versão oficial da época, em nota emitida pelos militares, Vladimir Herzog teria cometido suicídio.
Testemunhos de pessoas que se encontravam presas e sob tortura também relataram o assassinato a Herzog. O legista da época, Harry Shibata, confirmou ter assinado um laudo de necropsia sem sequer averiguar as causas da morte.
A farsa da imagem de suicídio
A famosa foto que circulou na imprensa impactou a mídia e a população, e corroborou para a tese de suicídio de Herzog. O fotógrafo Silvaldo Leung Vieira foi o autor da famosa foto que mostrava um suposto estrangulamento com gravata pelo jornalista.
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No interior das dependências do DOI-Codi, em outubro de 1975, toda a montagem havia sido preparada. Uma gravata foi amarrada envolta do pescoço de Herzog, o que simulava um possível enforcamento.
Segundo o relato do próprio fotógrafo, a farsa foi imensa, e ele teria sido convocado para este intuito.
“Tudo foi manipulado, e infelizmente eu acabei fazendo parte dessa manipulação”, disse Silvado.
Mas não foi apenas Vladimir Herzog havia fotografado. A lista de Silvado é infinita, indo desde presos políticos à beira da morte após tortura, como também cadáveres “suicidas”.
Brasil condenado por não investigar morte de Vladimir Herzog
A Corte Interamericana dos Direitos Humanos ordenou que o Brasil apure, julgue e puna os responsáveis pela morte de Herzog. Em julho deste ano, a CIDH condenou o Estado pela omissão na investigação do crime contra Vladimir Herozg.
O tribunal internacional também condenou o Estado como o responsável por violar os Direitos Humanos. Bem como o julgou como prejudicial aos familiares do jornalista.
A lei da Anistia ainda, no entanto, protege muito dos crimes ocorridos na época da Ditadura Militar. O período, ainda obscuro e recente na história do Brasil, mantém seus documentos arquivados e sob sigilo da população.
Referências
AZEVEDO, Gislane e SERIACOPI, Reinaldo. Editora Ática, São Paulo-SP, 1ª edição. 2007, 592 p.

Por Mateus Bunde
Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Especialista em Linguagens pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul) e Mestrando em Comunicação pela Universidade do Porto, de Portugal (UP/PT).
Bunde, Mateus. Vladimir Herzog. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/vladimir-herzog. Acesso em: 04 de May de 2025.