A Crimeia é uma península que pertence à Ucrância, atualmente. Entretanto, maioria de sua população é russa, e vive sob uma república de caráter autônomo.
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A região fez parte da Rússia desde o século XVIII, e, consequentemente, foi uma das nações a compor a República Socialista Federativa Soviética Russa, que perdurou entre os anos de 1921 e 1945.
Em 1945, a Crimeia deixa de ser parte do grupo soviético. Nesta data o ditador Josef Stalin deporta a população que tinha origem tártara da Crimeia e destitui sua autonomia como território.

No ano de 1954, o líder soviético à época, Nikita Kruschev, transferiu a Crimeia para a Ucrânia. O objetivo do gesto era um simbólico ato de união e amizade entre as nações.
A autonomia da região, entretanto, só foi restaurada em 1991, último ano da URSS e o término da Guerra Fria. As questões separatistas, consequentemente, tornaram-se uma constante.
O trabalho de conter a efusiva nação era da Ucrânia, enquanto as crises eram contornadas através de acordos com o governo russo.
O Memorando de Budapeste, assinado pelas potências (EUA, Reino Unido e Russia) garantiria a independência das fronteiras da Ucrânia. O temor com a situação das tensões que ali existiam apavoravam os ucranianos.
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No acordo, inclusive, o governo ucraniano abriu mão de seu arsenal nuclear, o terceiro maior do mundo. O Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares seria a garantia de independência da região.
O interesse russo na Crimeia
A Rússia, no entanto, flertava com o fato de adquirir novamente a região da Crimeia. O interesse se dava pelo fato de a região estar às margens do Mar Negro.
O porto localizado no Mar Negro é o único próximo ao território russo que possui águas quentes e acesso ao Mediterrâneo. Além disso, os portos da região em disputa também são fundamentais para escoar a forte produção agrícola da região.
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Servindo de porto de exportação do gás natural da Rússia para todo continente europeu. Além da privilegiada localização, a Crimeia é uma forte produtora de vinho e grãos, com presença significativa no mercado internacional alimentício.
O início das crises
No ano de 2013, mais especificamente no mês de novembro, o presidente ucraniano à época, Viktor Yanukovych, anunciou a desistência do estabelecimento do acordo de livre-comércio com a UE (União Europeia).
Segundo Yanukovych era necessário priorizar as relações com os russos. No dia 21 de novembro o povo foi às ruas protestar contra a decisão. Um repressão violenta acabou se assolando, e dezenas de manifestantes acabaram mortos nos confrontos.
Em 22 de fevereiro, o então presidente deixaria Kiev, e, posteriormente, seria afastado da presidência parlamentar do país. Eleições foram convocadas para maio, e um governo interino foi montado às pressas.

Já na Crimeia, um parlamento foi igualmente formado, sendo, no entanto, tomado por uma liderança pró-Rússia. O novo premiê foi nomeado, aprovando a independência do país e o anexo à Rússia.
Segundo o governo ucraniano, o parlamento da Crimeia seria ilegítimo. Forças internacionais são convocadas, e, igualmente, não reconhecem o governo formado às pressas.
Com as tensões aumentando, a Rússia envia tropas para a Crimeia. Os Estados Unidos e o Reino Unido desaprovam a atitude russa, enviando auxílio financeiro para impor as sanções necessárias para que a Rússia retire as tropas da região.
O referendo suspeito
Em 16 de março de 2016, mesmo com oposição forte da ONU, um referendo fora convocado para decidir sobre o futuro da Crimeia. Ou permaneceria como anexo à Ucrânia, ou seria anexado à Rússia.
A anexação à Rússia acabou vencendo com mais de 95% dos votos. Uma pesquisa realizada na região, entretanto, revelou que apenas 42% da população seria favorável a decisão que ganhou nas urnas.
O resultado botou em suspeita a votação pelo referendo popular. A comunidade internacional via o referendo com resultado suspeito, levantando a hipótese de que teria sido manipulado.
A Rússia, no entanto, reconheceu a Crimeia como território russo um dia após resultado do referendo. EUA e União Europeia, em acordo, destacaram jamais reconhecer a região como território russo.
Referências
AZEVEDO, Gislane e SERIACOPI, Reinaldo. Editora Ática, São Paulo-SP, 1ª edição. 2007, 592 p.

Por Mateus Bunde
Graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Especialista em Linguagens pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul) e Mestrando em Comunicação pela Universidade do Porto, de Portugal (UP/PT).
Bunde, Mateus. Crimeia. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/crimeia. Acesso em: 04 de May de 2025.