Anarquismo

Anarquismo é uma ideologia que objetiva a superação da ordem social em que há uma dominação hierárquica.

A palavra anarquismo é derivada do grego, ánarkhos, que significa algo como “sem governo”. O termo, atualmente, é usado para designar a ideologia política que tem como uma de suas principais ideias a oposição a todo e qualquer tipo de hierarquia e dominação política, social, econômica e cultural, envolvendo o Estado, capitalismo, instituições religiosas, racismo e patriarcado.

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Essa ideologia tem como objetivo, por meio de uma análise crítica da dominação, a superação da ordem social em que essa dominação se faz presente, e tudo isso por intermédio de um projeto construtivo que se baseia na defesa da autogestão, almejando ainda a constituição de uma sociedade libertária que se baseia na cooperação e na ajuda mútua entre os indivíduos que podem associar-se de forma livre.

O movimento teve sua origem na concepção individualista dos direitos naturais, que era defendida por John Locke, um filósofo inglês que acreditava que havia um contrato voluntário que era acordado entre os indivíduos iguais em direitos e deveres. Os anarquistas fizeram uso das ideias de John Locke para extrair implicações políticas, gerando essa corrente política autônoma que adquiriu seguidores ao redor do mundo.

Acredita-se ainda que o socialismo utópico de Charles Fourier tenha influenciado de forma bastante direta aos primeiros anarquistas, como Pierre-Joseph Proudhon, que apresentava um pensamento que ofereceu fortes impactos entre os trabalhadores ao final do século XIX e ainda constituiu as bases para o anarquismo no período.

Imagem: Reprodução
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Quais os meios para atingir estes fins?

Quando paramos para questionar a respeito dos meios usados para atingir estes objetivos, nos damos conta de que se trata de um grande motivo para debates e divergências entre os seguidores dessa ideologia. Estabelecem-se, portanto, duas correntes diferenciadas dessa ideologia, que são o anarquismo insurrecionário e o anarquismo social ou de massas.

No caso do anarquismo insurrecionário, há a ideia de que as lutas de curto prazo objetivando reformas, assim como movimentos de massa organizados são incompatíveis com os ideais do anarquismo, crendo que há ênfase na propaganda pelo ato como o principal meio de despertar a revolta revolucionária espontânea.

Enquanto isso, o anarquismo social ou de massas, dá ênfase ao fato de que somente os movimentos de massa podem causar a transformação social que é desejada pelos anarquistas e que estes movimentos que, normalmente são constituídos por lutas que objetivam reformas e questões mais imediatas, devem conter anarquistas para apoiá-los e transformá-los em agentes revolucionários.

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No Brasil, a ideia de anarquismo foi introduzida ao final do século XIX pelos imigrantes europeus, mas principalmente por italianos e espanhóis, e teve bastante influência até o final da Segunda Guerra Mundial.

Ideais

Basicamente, apesar de haverem algumas divergências entre aqueles que se dizem anarquistas, os ideais dos seguidores dessa linha envolvem pouca inclinação à constituição de grandes organizações, de forma que acabam se organizando em grupos dispersos que, essencialmente, lutam por seis ideais.

O primeiro deles envolve os direitos fundamentais dos indivíduos, tendo este conceito sido traduzido como a ideia da primazia do indivíduo diante da sociedade. Cada um e qualquer um dos indivíduos de uma sociedade é único, de forma que possui um determinado conjunto de direitos naturais que não podem ser colocados em causa em nenhum tipo de sociedade.

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Em seguida, falamos da ação direta, que rejeita o sistema de representação e ressalta o valor da ação direta de um determinado indivíduo na realidade social a que pertence. Aconteciam, inclusive, diversos assassinados de figuras públicas por parte de alguns anarquistas ao final do século XIX e início do século XX , pois afirmavam que estes representavam tudo que reprovavam.

Além disso, há a crítica aos preceitos ideológicos e morais, já que entendiam que é preciso destruir todas as condicionantes mentais que nos impeçam de sermos livres e nos assumirmos como tal, e a educação libertária, que deveria ser um processo de emancipação dos indivíduos. A auto-organização entra como o tópico 5 destes ideais, envolvendo a organização própria com ações conscientes e voluntárias dos membros, mas com todos possuindo igualdade, evitando dessa forma a formação da relação de poder. Por fim, a sociedade global, que é um dos grandes ideais anarquistas, que refere-se à constituição de uma sociedade que permitisse a circulação livre das pessoas, assim como o fim das guerras entre as nações ao redor do mundo.

Referências

Anarquismo na escola, no teatro, na poesia – E Rodrigues

Anarquismo: roteiro da libertação social

Natália Petrin
Por Natália Petrin

Formada em Publicidade e Propaganda. Atualmente advogada com pós-graduação em Lei Geral de Proteção de Dados e Direito Processual Penal. Mestranda em Criminologia.

Como referenciar este conteúdo

Petrin, Natália. Anarquismo. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/historia/anarquismo. Acesso em: 25 de April de 2024.

Teste seu conhecimento

01. [UFC-CE] A respeito do anarquismo, é correto afirmar que:

a) como doutrina, defendia a necessidade de eliminar qualquer forma de intervenção estatal.
b) seus teóricos defendiam a intervenção do Estado na economia com o apoio do operariado.
c) condenava a violência como meio de ação, angariando, assim, o apoio da Igreja católica.
d) a sua difusão representou a primeira ruptura surgida no Partido Comunista da Rússia.
e) o movimento restringiu-se aos países da América do Sul.

02. [Mackenzie-SP] “Para nós, a autoridade não é necessária à organização social; ao contrário, acreditamos que ela é sua parasita, que impede sua evolução e utiliza seu poder em proveito de uma certa classe que explora e oprime as outras. Enquanto houver harmonia de interesses em uma coletividade, enquanto ninguém quiser ou puder explorar os outros, não haverá marca de autoridade […]”
Enrico Malatesta.

A respeito da doutrina professada por Enrico Malatesta, é correto afirmar que:

a) ambicionava construir uma ciência da natureza humana, não estabelecia distinção entre ciência física e ciência social e identificava a teoria moral, religiosa e política existente como o principal obstáculo à realização das leis da harmonia.
b) afirmava que, após a revolução, os trabalhadores estabeleceriam a ditadura do proletariado e, mais tarde, com o crescimento da produção e da riqueza, o próprio socialismo daria lugar ao comunismo, sociedade na qual não existiriam classes sociais e o Estado.
c) considera que o Estado e a propriedade privada são a fonte de todos os males sociais e devem ser substituídos por uma sociedade de homens livremente associados, sem leis codificadas, sem polícia, sem tribunais ou forças armadas.
d) acreditava que o Estado, a Igreja e a burguesia financeira e industrial seriam extintas lentamente, sem a necessidade de lutas sociais, ao longo do processo histórico do desenvolvimento do socialismo e de sua transição para a sociedade anarquista.
e) preconizava uma sociedade na qual não haveria luta de classes, porque os ricos não seriam tão ricos e os pobres não seriam tão pobres. O capital e o trabalho deveriam viver em colaboração um com o outro, obedecendo aos princípios da caridade cristã.

01. [A]
02. [C]

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